Design e cozinha de autor na Baixa
As raízes são lisboetas, mas o lado paterno é algarvio e o materno alentejano. Intimamente ligado a estas três regiões, Pedro Mendes, 48 anos, fez questão de as transportar para o menu do Áurea, o novo restaurante de porta aberta para a Rua do Ouro e a primeira impressão que se tem do Art Legacy Hotel. “O Áurea é marcado pelas minhas experiências, por isso utilizo produtos que têm sido a minha bandeira - as algas e a bolota - e traçam um fio condutor, que passa pelas tradições gastronómicas da cidade de Lisboa”, explica o chef.
Existe um menu de almoço, mas é ao jantar que Pedro Mendes apresenta de forma mais completa o seu trabalho na alta cozinha - que o levou a vários países e a frequentar a muito exclusiva École Ducasse, em França. Antes de chegar à mesa a viagem inicia-se no balcão do bar, na companhia de um cocktail aperitivo, onde são servidos crocante de algas e bivalves, cabeça de xara e bolacha de bolota e pastel de nata de bacalhau, uma trilogia que ilustra de forma feliz os territórios marcantes para o chef. Daí, os clientes seguem para as mesas do Áurea.
Os amuse-bouches acima descritos integram os menus de cinco e sete momentos (também há um vegetariano), paralelos ao menu à carta. “Os fios condutores são Lisboa e o mar”, diz o também autor de “Algo com algas”, um livro com 40 receitas onde as algas marinhas assumem o lugar de ingrediente, uma vez que são “nutritivas e ricas em sais minerais e vitaminas”. Na costa portuguesa existem 600 espécies, mas no prato Pedro Mendes utiliza apenas sete ou oito, como o chorão do mar (codium), a erva do gelo, a folha de ostra e os dedos do mar.
Ostra marinada com alho francês, limão caviar e erva do gelo; Brás de algas e vieiras com codium e caviar desidratado; e carabineiro com xerém de milho e algas, com dedos do mar, são algumas das entradas em que o mar está presente. Nos principais, o chef cozinha com
Ao cabo de quase uma década no Alentejo Marmoris Hotel & Spa, o chef Pedro Mendes assumiu a cozinha do Áurea, restaurante do novo cinco estrelas Art Legacy Hotel, em Lisboa. Uma estada envolvida em arte e peças de luxo, com o selo da marca Moooi
lombo de bacalhau e linguado e pregado selvagens, e abre algum espaço à carne, com a pintada à Convento de Alcântara e o bife à portuguesa com presunto e batata gratinada. Os ovos verdes (uma entrada abrilhantada com caviar) representam também o receituário local. Democratizando o uso das algas e provando a sua versatilidade, Pedro Mendes usa ainda pão de algas no couvert. Uma das sobremesas da chef pasteleira Cátia Marques também leva óleo de codium.
O Art Legacy, porém, não esgota os trunfos no Áurea, e apesar da sua pequena dimensão convida a descobrir um universo marcado pela arte e pelo design. “Este é o único hotel no mundo decorado com peças Moooi [marca holandesa criada pelo designer Marcel Wanders]”, realça Luís Rebelo de Andrade, responsável pelo arrojado projeto de interiores.
Conservando a fachada em estilo francês do edifício do século XX onde havia funcionado a Companhia de Seguros Sagres, o arquiteto optou por combinar as “impactantes” cores azul, verde, amarelo e encarnado dos 46 quartos e sete suítes e corredores do hotel com papéis de parede da Moooi, dos quais se destaca o dos “animais extintos”. Excetuando as camas e alguns pormenores, toda a mobília e decoração é uma amostra do catálogo da Moooi, o que torna o Art Legacy uma galeria de arte e design onde qualquer pessoa pode fazer compras.
“Este é o primeiro cinco estrelas do AT Group, por isso, à arte de bem receber juntámos um serviço personalizado onde nenhum detalhe é deixado ao acaso”, complementa por sua vez o diretor Carlos Faustino. Nos quartos - todos com varanda, mas apenas três com terraço próprio virado para o Castelo de São Jorge - há amenities da Bvulgari, roupa de cama da Sampedro, chaleiras Smeg e colunas de som Marshall, entre outros luxos dignos dos cinco estrelas, como o serviço de abertura de cama, que deixa aos hóspedes chá pronto a fazer.