JUROS ALTOS PUXAM PELOS LUCROS DA BANCA
Os cinco maiores bancos a operar em Portugal tiveram resultados próximos de todas as empresas não financeiras do PSI
O ano 2023 foi histórico para as contas dos bancos. as maiores instituições financeiras portuguesas reportaram lucros recorde, à boleia da subida acentuada das taxas de juro, que lhes permitiu robustecer a margem financeira. CGD, Santander Totta, BCP, Novo banco e bpi alcançaram, em termos agregados, um resultado líquido de €4 309 milhões, o que representa um crescimento de 65% face a 2022, exercício que tinha sido já marcado por uma melhoria expressiva das contas. Em relação à média dos últimos cinco anos, o valor obtido em 2023 foi quatro vezes mais alto.
Os cinco maiores bancos conseguiram resultados agregados que são quase equivalentes aos das 13 cotadas não financeiras do PSI que divulgaram as contas anuais até ao fecho desta edição. Entre as ins- tituições financeiras, a CGD manteve-se como a mais lucrativa, apresentando um resultado líquido de €1 291 milhões. Santander Totta e BCP estão taco a taco, com €895 milhões e €856 milhões, respetivamente. O Novo banco lucrou €743 milhões, enquanto o bpi apresentou um resultado de €524 milhões.
Este disparo nas contas da banca explica-se pela subida a pique dos ganhos na diferença entre o que o setor cobra pelos empréstimos concedidos e o que paga para se financiar. a margem financeira dos cinco maiores bancos escalou quase 70%, passando de €5 510 milhões para €9 269 milhões. Este indicador foi impulsionado pela política mais agressiva de subida de juros por parte do banco Central Europeu (BCE), que em pouco mais de um ano agravou as taxas de referência em 4,5 pontos percentuais. apesar de as condições financeiras mais apertadas terem aumentado o esforço de famílias e empresas para fazer face a prestações mais altas no crédito, o incumprimento esteve contido. ainda assim, as instituições financeiras começam a dar sinais de alguma prudência sobre a evolução futura da qualidade dos seus ativos, o que levou a que os lucros não fossem ainda mais elevados. as provisões e imparidades quase duplicaram, passando de €1 200 milhões para €2 100 milhões.
Em 2024, tudo aponta para que o BCE comece a descer, se bem que lentamente, as taxas de juro. Também a desaceleração da economia pode criar alguns desafios na qualidade dos ativos dos bancos. ainda assim, os analistas da S&P não antecipam problemas de maior e esperam que a banca portuguesa mantenha uma “rentabilidade sólida” ao longo do ano.