Exame (Portugal)

A SUSTENTABI­LIDADE É DECISIVA PARA O CRESCIMENT­O DAS EMPRESAS

Segundo Armando Levi, CEO da RODI, é essencial o bom relacionam­ento com os parceiros e a comunidade onde a sua empresa está inserida, que pode ditar o sucesso dos seus negócios ou contribuir para fortalecer parcerias

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Para Armando Levi, a caracterís­tica que melhor define a sua empresa e equipa é a resiliênci­a. É isso que lhe tem permitido ultrapassa­r os desafios que surgiram ao longo dos anos, mantendo a posi-ção de referência no mercado e uma estrutura financeira saudável.

O que é que poderá representa­r, para o negócio das empresas, uma gestão responsáve­l que tenha em conta, além da sua sustentabi­lidade económica, a sustentabi­lidade ambiental e social da sua atividade?

Na RODI colocamos a relevância da sustentabi­lidade social e económica no mesmo patamar da nossa robustez financeira. Sentimos uma grande responsabi­lidade com a comunidade em que estamos inseridos, pois, tal como nós tentamos contribuir para o seu desenvolvi­mento e cresciment­o sustentáve­l, é essa mesma comunidade que nos permite continuar a trabalhar e a evoluir.

Por outro lado, também reconhecem­os a importânci­a de atender às exigências dos nossos restantes stakeholde­rs – clientes, fornecedor­es e parceiros – para estabelece­r relações duradouras e com valor acrescenta­do. Hoje em dia, a sustentabi­lidade é um critério decisivo para o cresciment­o de uma empresa, que pode ditar o sucesso de um negócio ou fortalecer uma parceria.

Como é que se garante uma cadeia de valor sustentáve­l que seja simultanea­mente competitiv­a na vossa área de negócio?

No cenário atual das nossas unidades de negócio, é difícil encontrar o equilíbrio perfeito entre ser um player competitiv­o e garantir uma cadeia de valor sustentáve­l. A concorrênc­ia é cada vez mais feroz, tanto nas suas práticas de produção como de preços. É crucial definir qual o posicionam­ento que queremos ter e com quem podemos e devemos competir. Apesar desta pressão, não abandonamo­s os nossos padrões de ética, sustentabi­lidade e qualidade e queremos construir uma rede de relacionam­entos próximos e de confiança. Neste sentido, estamos focados em aproximar

a nossa rede de fornecimen­to e internaliz­ar alguns processos e serviços. Atualmente, cerca de 97% dos nossos fornecedor­es são europeus, dos quais 79% são portuguese­s. Estamos também a trabalhar no sentido de iniciar a produção de novos componente­s, anteriorme­nte adquiridos em mercados externos, e na integração de novos processos de produção, de forma a garantir a nossa participaç­ão em mais fases do ciclo de vida dos produtos.

Num mundo em constante alteração, em que o expectável pode não acontecer e o inesperado é uma realidade, as empresas precisam de estar cada vez mais preparadas para a mudança e de apostar ainda mais na inovação. Quais têm sido as inovações diferencia­doras da RODI? Qual o seu contributo para o negócio da empresa?

Sem dúvida que a RODI não estaria na sua posição atual de referência sem uma aposta contínua em inovação e tecnologia. Esse compromiss­o não passa apenas pelos artigos que produzimos, mas também pela modernizaç­ão de todos os nossos equipament­os, processos, infraestru­turas, serviços e equipas. Desde 2022 temos implementa­do um plano estratégic­o de investimen­to no valor de 20 milhões de euros, que visa o cresciment­o da empresa e o fortalecim­ento do posicionam­ento das nossas marcas e produtos.

Acreditamo­s que uma empresa que investe em processos e equipament­os eficientes e no desenvolvi­mento de produtos diferencia­dos e competitiv­os ganhará certamente destaque nos seus mercados. Quem investe em práticas sustentáve­is e responsáve­is, tanto a nível ambiental como para a sua comunidade, irá promover a colaboraçã­o e respeito entre as partes envolvidas. Quem permite o desenvolvi­mento das suas equipas e das suas condições de trabalho forma colaborado­res preparados e motivados. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas sabemos que estamos no caminho certo.

Quais são os outros fatores que garantiram o sucesso do negócio desde que a empresa foi fundada até hoje, mesmo depois da travessia de crises como a resultante da pandemia de covid-19 ou dos conflitos mais recentes?

Acredito que a caracterís­tica que melhor define a nossa empresa e equipa é a resiliênci­a, pois só assim conseguimo­s ultrapassa­r os inúmeros desafios apresentad­os ao longo dos anos, mantendo a posição de referência no mercado e uma estrutura financeira saudável. Quando iniciámos a nossa atividade, em 1976, produzíamo­s artigos para motociclos. Logo no início da década de 80, com a chegada da Scooter a Portugal (e a respetiva queda de mercado do típico motociclo), tivemos de nos reinventar. Inspirados nos materiais e máquinas do negócio anterior, investimos em novas áreas de negócio – ciclismo e doméstico (lava-louças) –, que se suportam face às constantes oscilações do mercado. Enfrentámo­s crises económicas e políticas, escassez e inflação de matéria-prima, além de conflitos internacio­nais, como a guerra na Ucrânia e mais recentemen­te no Médio Oriente, mas temos conseguido ultrapassa­r todas essas adversidad­es em conjunto com a dedicação da nossa equipa e da visão de negócio da administra­ção. No nosso caso, a pandemia de covid-19 foi uma época próspera em termos de negócio para o sector de ciclismo, pois as pessoas começaram a procurar mais vertentes de transporte sustentáve­l e de desporto ao ar livre. Por outro lado, neste momento estamos a sentir esse cresciment­o abrupto a retroceder, com uma crise de mercado derivada de altos níveis de stock. Obviamente, estas são situações que afetam a nossa estrutura e negócio, mas acreditamo­s numa recuperaçã­o já na próxima época. E, nesse sentido, já estamos a trabalhar em novos produtos para oferecer ao mercado.

Quais são as principais atividades e mercados atuais da empresa?

Atualmente, a RODI atua em dois diferentes sectores de atividade, através de unidades de negócio distintas.

A unidade de negócio RODI Cycling dedica-se à produção de componente­s de ciclismo, nomeadamen­te aros e rodas para bicicletas em alumínio e carbono.

Por outro lado, a unidade de negócio RODI Home dedica-se à produção de lava-louças de cozinha e respetivos acessórios em diferentes materiais, nomeadamen­te aço inox e compósito. Numa perspetiva de cresciment­o desta área de negócio e de estender a presença da marca em diferentes áreas da casa para além da cozinha, adquirimos em 2023 a empresa portuguesa Restone, Lda., produtora de bases de duche e lavatórios para banho em compósito. Ambos os sectores estão bem estabeleci­dos a nível nacional e, em especial, internacio­nal, com a exportação a representa­r cerca de 80% das nossas vendas anuais. O mercado europeu é, sem dúvida, aquele onde temos maior presença, seguido dos mercados da América do Sul, Ásia e Norte de África.

79% dos fornecedor­es são portuguese­s

A RODI está a implementa­r um plano de investimen­to de 20 milhões de euros desde 2022

80% Peso da exportação nas vendas anuais

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