BATERIAS LFP: ALTERNATIVA MAIS SUSTENTÁVEL
As baterias de estado sólido são vistas como um género de ‘Santo Graal’ para os carros elétricos. Prometem ser muito melhores em praticamente tudo: densidade energética (mais energia armazenada em menos espaço e peso), potências e velocidades de carregamento, segurança e sustentabilidade. Mas, tudo indica que nos próximos anos vamos continuar a usar baterias de lítio, que têm evoluído a bom ritmo. Mas há diferenças entre a química das células que constituem estas baterias. Atualmente, existem dois grandes tipos: as células de iões de lítio que, para simplificação, podemos considerar convencionais e as células LFP (Lítio Fosfato Ferro, ou fosfato de ferro-lítio).
As baterias LFP têm sido cada vez mais utilizadas, sobretudo em carros de marcas chinesas, com destaque para a BYD. Mas não só: por exemplo, são as baterias que equipam as versões SR dos Tesla Model 3 e Model Y. A menor densidade energética associada às células LFP deram alguma má fama a esta tecnologia. E, de facto, em aplicações onde a densidade é crítica, ou seja, onde se pretende armazenar o máximo de energia no menor espaço possível, as células de iões de lítio tradicionais ainda têm vantagens. É por isto que são estas baterias as usadas em gadgets de pequena dimensão, como smartphones.
VANTAGENS PARA OS CARROS
Mas as baterias LFP também têm evoluído, sobretudo na característica onde eram (e são) menos competitivas: a densidade energética. Hoje, já é possível ter baterias LFP com mais de 80 kWh de capacidade numa dimensão e peso compatíveis com a utilização em automóveis ligeiros. Ora, a partir do momento que estas baterias têm uma capacidade satisfatória, ‘vêm ao de cima’ todas as restantes características onde são melhores que as baterias de iões de lítio convencionais:
Segurança: As baterias LFP têm maior segurança intrínseca porque têm uma química mais estável e menos suscetível a sobreaquecimento ou incêndios.
Longevidade: Suportam um grande número de ciclos de carga-descarga. Ultrapassam os dois mil ciclos sem perda significativa de capacidade.
Amplitude de funcionamento: As baterias LFP funcionam eficazmente numa gama mais ampla de temperaturas em comparação com outras químicas de iões de lítio. De outro modo, a capacidade de armazenamento de energia não é tão afetada pela temperatura ambiente.
Corrente de carga e descarga estáveis: As baterias de iões de lítio convencionais normalmente suportam picos de carga e descarga mais elevados, mas apenas numa pequena amplitude da percentagem de carga da bateria. Por outro lado, as baterias LFP podem fornecer uma corrente de descarga relativamente elevada de modo constante, sem comprometer o desempenho.
Pegada ambiental: As baterias LFP não contêm cobalto, um material frequentemente associado a práticas mineiras pouco éticas.
Custo: A longevidade e a ausência de cobalto tornam as baterias LFP uma opção mais económica em comparação com as alternativas convencionais
UMA BOA ESCOLHA
É fácil concluir que as baterias LFP são uma boa escolha para veículos elétricos. Sobretudo para carros de utilização mais intensiva. As características onde esta química é menos competitiva – densidade energética e potência de pico – têm vindo a evoluir, aproximando-se das células de iões de lítio com química mais convencional. E em tudo o resto as LFP são uma melhor opção.