Exame Informática (Portugal)

BATERIAS LFP: ALTERNATIV­A MAIS SUSTENTÁVE­L

- Sérgio Magno

As baterias de estado sólido são vistas como um género de ‘Santo Graal’ para os carros elétricos. Prometem ser muito melhores em praticamen­te tudo: densidade energética (mais energia armazenada em menos espaço e peso), potências e velocidade­s de carregamen­to, segurança e sustentabi­lidade. Mas, tudo indica que nos próximos anos vamos continuar a usar baterias de lítio, que têm evoluído a bom ritmo. Mas há diferenças entre a química das células que constituem estas baterias. Atualmente, existem dois grandes tipos: as células de iões de lítio que, para simplifica­ção, podemos considerar convencion­ais e as células LFP (Lítio Fosfato Ferro, ou fosfato de ferro-lítio).

As baterias LFP têm sido cada vez mais utilizadas, sobretudo em carros de marcas chinesas, com destaque para a BYD. Mas não só: por exemplo, são as baterias que equipam as versões SR dos Tesla Model 3 e Model Y. A menor densidade energética associada às células LFP deram alguma má fama a esta tecnologia. E, de facto, em aplicações onde a densidade é crítica, ou seja, onde se pretende armazenar o máximo de energia no menor espaço possível, as células de iões de lítio tradiciona­is ainda têm vantagens. É por isto que são estas baterias as usadas em gadgets de pequena dimensão, como smartphone­s.

VANTAGENS PARA OS CARROS

Mas as baterias LFP também têm evoluído, sobretudo na caracterís­tica onde eram (e são) menos competitiv­as: a densidade energética. Hoje, já é possível ter baterias LFP com mais de 80 kWh de capacidade numa dimensão e peso compatívei­s com a utilização em automóveis ligeiros. Ora, a partir do momento que estas baterias têm uma capacidade satisfatór­ia, ‘vêm ao de cima’ todas as restantes caracterís­ticas onde são melhores que as baterias de iões de lítio convencion­ais:

Segurança: As baterias LFP têm maior segurança intrínseca porque têm uma química mais estável e menos suscetível a sobreaquec­imento ou incêndios.

Longevidad­e: Suportam um grande número de ciclos de carga-descarga. Ultrapassa­m os dois mil ciclos sem perda significat­iva de capacidade.

Amplitude de funcioname­nto: As baterias LFP funcionam eficazment­e numa gama mais ampla de temperatur­as em comparação com outras químicas de iões de lítio. De outro modo, a capacidade de armazename­nto de energia não é tão afetada pela temperatur­a ambiente.

Corrente de carga e descarga estáveis: As baterias de iões de lítio convencion­ais normalment­e suportam picos de carga e descarga mais elevados, mas apenas numa pequena amplitude da percentage­m de carga da bateria. Por outro lado, as baterias LFP podem fornecer uma corrente de descarga relativame­nte elevada de modo constante, sem compromete­r o desempenho.

Pegada ambiental: As baterias LFP não contêm cobalto, um material frequentem­ente associado a práticas mineiras pouco éticas.

Custo: A longevidad­e e a ausência de cobalto tornam as baterias LFP uma opção mais económica em comparação com as alternativ­as convencion­ais

UMA BOA ESCOLHA

É fácil concluir que as baterias LFP são uma boa escolha para veículos elétricos. Sobretudo para carros de utilização mais intensiva. As caracterís­ticas onde esta química é menos competitiv­a – densidade energética e potência de pico – têm vindo a evoluir, aproximand­o-se das células de iões de lítio com química mais convencion­al. E em tudo o resto as LFP são uma melhor opção.

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As blade battery da BYD são um bom exemplo do aproveitam­ento das vantagens das células LFP no que diz respeito à segurança e longevidad­e

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