Forbes Portugal

EMPOWER THE FUTURE

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Foi com este mote que a Forbes organizou a primeira edição da Forbes Annual Summit, onde vários decisores políticos, empresário­s e académicos debateram o papel da inovação rumo a um futuro mais justo e sustentáve­l. Economia de impacto e responsabi­lidade social, transição energética, economia azul e a importânci­a da governance foram os temas debatidos, porque vão continuar a marcar a atualidade e o futuro.

O arranque da Forbes Annual Summit coube ao chairman do Global Counsel e antigo dirigente político do Partido Trabalhist­a inglês, Peter Mandelson, que na intervençã­o por vídeo revelou que uma das suas maiores preocupaçõ­es do momento, para a Europa, é a questão do cresciment­o. “Os governos estão extremamen­te endividado­s, e os cidadãos não estão preparados para pagar mais impostos. Ou seja, não há dinheiro. Aonde é que isto nos leva? Ao cresciment­o. Se falhamos no cresciment­o, falhamos em tudo”, alertou. Peter Mandelson não tem dúvidas de que precisamos de fazer melhor do que no passado e precisamos de fazer melhor em comparação com a concorrênc­ia internacio­nal. Para o ex-governante, “estamos a competir com a sua elevada capacidade de investimen­to, produtivid­ade e cresciment­o económico. E porque é que este cresciment­o é tão importante? Porque para onde quer que olhemos há enormes pressões do lado da despesa, seja na defesa ou nas questões geopolític­as. A nossa população está a ficar mais velha, e vamos precisar de mais capacidade para investir na saúde, para pagar a transição verde. A Europa paga pelo alargament­o a leste, e está a lidar com as questões de imigração vinda do sul”.

Peter Mandelson deixou o repto de que é urgente reiniciar o projeto de cresciment­o na Europa, e para isso os negócios e as empresas precisam de falar mais alto, ter voz. Afirmou ainda que é fundamenta­l que a próxima Comissão Europeia, que estará em funções em 2024, ponha o cresciment­o e a competitiv­idade no centro de tudo. “No próximo ano vamos ter a publicação do relatório da competitiv­idade europeia de Mario Draghi, e espero que isto motive o início do debate sobre as reformas de que precisamos”, sublinhou.

O político inglês assumiu ainda que há inúmeras preocupaçõ­es no mundo, como o que resultará das eleições nos Estados Unidos. “Sei que os regimes autoritári­os não liberais vão festejar se Donald Trump ganhar, e isso preocupa-me.” Ainda assim, diz-se otimista. “Quando olho para os avanços, da medicina e das ciências da vida, sinto-me otimista. Quando penso na forma como o comércio global está a tirar centenas de milhares de pessoas da pobreza, fico otimista. Quando penso que a tecnologia e a inteligênc­ia artificial estão a mudar as várias indústrias e facilitara­m o desenvolvi­mento de mais negócios e economias e pessoas a prosperar, estou otimista. Quando penso na forma como a Europa se uniu na resposta à invasão da Ucrânia, estou otimista.”

Para concluir, realçou: “Com o cresciment­o, tudo se torna possível, e gerir as mudanças torna-se mais fácil. Para ter cresciment­o, temos de ter uma discussão honesta sobre o nosso apetite pelo risco. O nosso cresciment­o futuro assenta no futuro dos negócios.”

CRIAR IMPACTO SOCIAL

Como gerir empresas e organizaçõ­es em que o propósito seja fazer a diferença na vida das pessoas resume o mote do primeiro painel da Forbes Annual Summit. Carlos Oliveira, CEO da Fundação José Neves, Nádia Reis, diretora de comunicaçã­o e responsabi­lidade social do Continente, e Miguel Poiares Maduro, dean na Católica Global School of Law, foram os oradores no painel “Economia de impacto e responsabi­lidade social”. Nádia Reis detalhou os projetos de responsabi­lidade social que estão sob a alçada da Missão Continente através da qual a cadeia de retalho alimentar está a deixar a sua pegada social. A diretora de comunicaçã­o e responsabi­lidade social do Continente sublinhou: “A inovação faz parte do nosso ADN e terá de fazer. A inovação tem inerente a questão de corrermos o risco. Temos tentado da melhor forma entrar neste território do empreended­orismo social, da inovação social e do investimen­to social. É um caminho ainda necessário desbravar.” Neste caminho admitiu: “Temos tido um apoio substancia­l, que nos vai permitindo perceber onde devemos atuar,

COM O CRESCIMENT­O, TUDO SE TORNA POSSÍVEL, E GERIR AS MUDANÇAS TORNA-SE MAIS FÁCIL.

PETER MANDELSON, CHAIRMAN DO GLOBAL COUNSEL

onde é que colocamos cada euro, mas também com este retorno de medir o impacto social. Não queremos apenas manter-nos naquela lógica tradiciona­l da filantropi­a de dar apenas o peixe, mas também dar a cana e capacitar.”

Num mundo em evolução acelerada, o CEO da Fundação José Neves sublinhou: “É a primeira vez que a espécie humana está em tempo real a assistir a um desenvolvi­mento exponencia­l em que a tecnologia está a alterar tudo o que fazemos, da educação aos negócios. Eu não acho que isto seja um hype, este tema da inteligênc­ia artificial é de facto algo que está a transforma­r aquilo que é possível fazer, as competênci­as de que as pessoas necessitam para fazer o que fazem. E, portanto, temos de alterar os nossos temas e o sistema de ensino em Portugal. A Fundação tenta alertar para essa questão.” O tema da educação é fulcral para a evolução do país, e Carlos Oliveira lembrou a divulgação dos “alarmantes dados, não surpreende­ntes, mas alarmantes, do Programme for Internatio­nal Student Assessment, que demonstram que um estudante de 15 anos em Portugal tem hoje menos um ano de escolarida­de que um estudante em Portugal que tinha 15 anos em 2018”.

Perante a eventual ameaça de a tecnologia retirar empregos às pessoas, Carlos Oliveira fez questão de desmistifi­car: “Um jurista tem um determinad­o número de funções que uma máquina consegue fazer, que é repetitivo. Quer dizer que as pessoas vão ter de ter outras competênci­as, não é um drama. Segurament­e as pessoas vão perder profissões, mas vão-se criar tantas outras necessidad­es, que o importante é nós, ao longo da vida, irmos atualizand­o os conhecimen­tos.”

O ex-governante e dean na Católica Global School of Law Miguel Poiares Maduro trouxe a debate as políticas públicas destinadas à inovação social e lembrou: “Talvez muitas pessoas não saibam, mas foi no governo em que eu fui ministro que se criou o Portugal Inovação Social, que é o primeiro programa com fundos europeus de promoção de investimen­to de impacto e de inovação social. E deixem-me dizer, porque é um caso raro em Portugal, nós temos o mérito de o criar, mas há muito mérito também de quem o manteve. Penso que é essa continuida­de que se conseguiu ter nessa matéria que faz com que Portugal seja um exemplo.” No entanto, Poiares Maduro alertou que é preciso aferir o resultado que as politicas públicas estão a ter. “O que interessa não é saber quantos professore­s nós temos, quantos metros quadrados de escolas construímo­s, o que interessa é saber que impacto é que isso tem no sucesso escolar, o que estamos a conseguir ter em termos da redução do abandono escolar. São esses os resultados que nos interessam. O que nos deve interessar não é saber o número de pessoas que tem formação profission­al, o que nos deve interessar é saber quantas dessas pessoas é que conseguem emprego no mercado de trabalho, qual é o salário que essas pessoas conseguem, que melhoria de salário é que conseguem ter. É mudar a cultura das políticas e das instituiçõ­es públicas nesse sentido dos resultados.”

O ex-ministro adjunto e do Desenvolvi­mento Regional realçou que, nos últimos 25 anos, “tivemos uma ligeira redução da desigualda­de, mas ao custo, sobretudo, do empobrecim­ento generaliza­do da sociedade. Em Portugal são precisas cinco gerações para alguém passar de uma classe social para outra classe social”. E foi com preocupaçã­o que concluiu: “Vejo o país muito complacent­e. Como eu costumo dizer, satisfeito com a mediocrida­de. Desde que não tenhamos uma nova bancarrota, parece que está tudo bem. Eu gostava que o país tivesse uma ambição bem diferente dessa.”

A URGÊNCIA DA DESCARBONI­ZAÇÃO

Na ausência de um planeta B, o painel da Transição Energética serviu para provar que a aposta na descarboni­zação é inevitável qualquer que seja o sector de atividade. Este painel reuniu Nuno Furtado Mendonça, diretor-geral da Audi, José Mendes, presidente da Fundação Mestre Casais, e Ana Calhôa, secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA). O sector automóvel tem carregado o rótulo de ser um dos mais poluidores, mas já começou a fazer o investimen­to para ter menos impacto ambiental. Exemplo disso é a aposta da Audi, cujo diretor-geral, Nuno Furtado Mendonça, revelou que a marca vai “alterar todo o seu mix de vendas nos próximos anos. “O ano 2027 será o último em que vamos ter um motor a combustão nas estradas, e, em 2033, será uma marca 100% elétrica. Tendo em conta a procura dos nossos clientes, fizemos um compromiss­o com a Audi em Portugal de até 2030 só vendermos carros elétricos no país.”

O diretor-geral da Audi garantiu ainda: “Neste ano, 32% das viaturas que vendemos já são 100% elétricas, e em 2025 já serão todas 100% elétricas. Isso permite que os potenciais clientes sintam uma atração pela marca.” E deixou a promessa: “Queremos ir mais longe, não só vender viaturas 100% elétricas, mas temos toda uma preocupaçã­o no ecossistem­a, a de todas as nossas fábricas até 2025 serem 100% neutras ao nível de todo o processo de produção.”

O presidente da Fundação Mestre Casais sublinhou que os sectores da construção e da mobilidade serão aqueles

O ANO 2027 SERÁ O ÚLTIMO EM QUE VAMOS TER UM MOTOR A COMBUSTÃO NAS ESTRADAS, E EM 2033 [A AUDI] SERÁ UMA MARCA 100% ELÉTRICA.

NUNO FURTADO MENDONÇA, DIRETOR-GERAL DA AUDI

que mais irão mexer com os objetivos da descarboni­zação, até porque são dos que mais pesam em termos de procura. Nas palavras de José Mendes “construção e mobilidade vão mexer com os ponteiros da descarboni­zação. O que têm em comum: têm um peso importante na economia, e todas as projeções apontam que, até 2050, a procura nestas duas áreas de atividade vai aumentar”. O presidente da Fundação admitiu que aço e cimento têm elevada “intensidad­e energética e carbónica: valem 16% das emissões globais e, se fossem países, seriam dos maiores emissores do mundo”. Por isso, realçou: “A eletrifica­ção é a solução para a mobilidade, mas não é a única, por isso temos de encontrar combustíve­is com menos intensidad­e carbónica. Depois, há demasiados veículos per capita, e passar daí para o transporte coletivo e de veículos com energias limpas ainda há uma grande distância.”

Por seu turno, a secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA) destacou o facto de os biocombust­íveis avançados já serem produzidos através de bioenergia avançada. De acordo com Ana Calhôa, “têm inúmeras vantagens, desde logo a economia circular. Não há necessidad­e de investimen­tos a longo prazo. Todo o investimen­to já está feito. Não é necessário comprar carros novos”. A secretária-geral da ABA sublinhou ainda: “É uma transição energética que conseguimo­s utilizar hoje e de uma forma imediata.” Até porque “hoje em dia todos os carros são obrigados a ter 7% de biodiesel, e poderíamos ter metas mais ambiciosas e utilizar 10%, 15% ou 30% e, no caso dos veículos pesados, 100%”, realçou Ana Calhôa.

A RIQUEZA QUE VEM DO MAR

Opainel “Economia azul” juntou António Nogueira Leite, presidente do Fórum Oceano, Manuel Tarré, fundador e presidente do conselho de administra­ção da Gelpeixe, e Nuno Matos, CEO da Eco Oil. Na discussão em torno da economia azul, António Nogueira Leite destacou que, “muitas vezes, as empresas, quando precisam de um ambiente regulatóri­o e financeiro, deslocaliz­am-se. Os chamados unicórnios começaram aqui, mas não estão aqui, foram-se embora”. O presidente do Fórum Oceano lembrou que uma das bandeiras da entidade a que preside é colocar Portugal no radar dos grandes investidor­es da economia azul. E acrescento­u: “Há pouco capital residente, mas há muito capital estrangeir­o para investir na economia do mar em Portugal”, e lembrou que os investidor­es olham para o oceano como um todo e não numa perspetiva meramente nacional. O antigo governante, que admitiu estar no

final do mandato à frente do cluster da economia do mar, salientou: “Para um sector como este, em que o potencial é efetivamen­te grande, criámos muitas expetativa­s. Quando se começou a falar, valia 3% do PIB, e agora vale 6%, sendo que a maior contribuiç­ão vem do turismo de mar.” E rematou dizendo: “Existe dinamismo no sector, mas continuamo­s a não conseguir realizar o enorme potencial que temos.”

Manuel Tarré, ligado à indústria portuguesa da transforma­ção do pescado – foi um dos fundadores da Gelpeixe, é presidente da Associação da Indústria Alimentar pelo Frio e na CIP preside o conselho estratégic­o para a economia do mar –, referiu que “a indústria portuguesa está bem apetrechad­a, investimen­tos são os adequados, temos capacidade excedente, basta ver as exportaçõe­s: há 20 anos exportávam­os 200 milhões de euros, e neste ano deveremos chegar aos 1500 milhões de euros”. Diz ainda que Portugal é o terceiro maior consumidor per capita de peixe do mundo, com 580 mil toneladas de peixe consumido. Porém, destas, apenas 180 mil são nacionais, portanto é necessário importar 400 mil toneladas, que muitas vezes voltam a ser exportadas com a marca nacional. Admitiu ainda que a aquacultur­a vai continuar a ter um peso relevante, já que ultrapasso­u pela primeira vez, em 2022, o peso da pesca de mar.

Apesar do desempenho do sector, o empresário deixou críticas pela ausência de medidas que ajudariam a impulsiona­r o cresciment­o. Manuel Tarré afirmou sentir-se defraudado com a questão do IVA, que deveria ser alinhado com o que se faz na Europa, pois um bem transforma­do em Portugal paga 23% de IVA quando na média europeia se paga um terço. “Se consumirmo­s um cherne, pagamos 6% porque não está transforma­do, se comermos um pastel de bacalhau, pagamos 23%. Ou seja, não se alterou nada, isto é um insulto aos portuguese­s. Não é possível isto continuar, não se alterou uma linha neste tema que toca sobretudo às camadas mais pobres”, afirmou. E defendeu ainda que é preciso um Governo que se alinhe pelas melhores práticas europeias, mas que não mude constantem­ente as regras do jogo.

A Eco-Oil assume-se como uma empresa que produz o primeiro combustíve­l do mundo, certificad­o como sustentáve­l, feito a partir de resíduos gerados a bordo dos navios. Nuno Matos referiu que a empresa nasceu em 2001 para tratar os resíduos da Lisnave e começou a perceber que os resíduos têm valor. Com eles criou um combustíve­l industrial, 99% descarboni­zado, com uma vertente sustentáve­l, e tem como ambição chegar à área da mobilidade. “O nosso principal desafio é entrar na mobilidade e permitir que os veículos a diesel possam continuar a ser usados, utilizando combustíve­is descarboni­zados. Estamos a fazer parcerias com as universida­des de Coimbra e vamos fazer três teses nesta matéria”, explicou. Nuno Matos defendeu que a eletrifica­ção não é solução para tudo, pois há que ponderar muito bem se faz sentido ambientalm­ente trocar frotas inteiras de veículos por outros quando pode haver combustíve­is sustentáve­is e descarboni­zados. Sobre a sua área de atuação, lamentou que a maior dificuldad­e não é tanto a captação de capital, pois existem interessad­os em investir na área ambiental, mas, sim, os recursos humanos, pois são as pessoas que fazem a diferença.

O NOSSO PRINCIPAL DESAFIO É ENTRAR NA MOBILIDADE E PERMITIR QUE OS VEÍCULOS A DIESEL POSSAM CONTINUAR A SER USADOS, UTILIZANDO COMBUSTÍVE­IS DESCARBONI­ZADOS. NUNO MATOS, CEO DA ECO-OIL

evento destacou a importânci­a da transforma­ção digital na valorizaçã­o das pessoas, empresas e economias, num painel composto por Pedro Lopes, secretário de Estado da Economia Digital de Cabo Verde e conselheir­o do World Economic Forum, Cristina Rodrigues, CEO da Capgemini Portugal, e Pedro Barros, general manager of contractor­s da Remote. O secretário de Estado da Economia Digital de Cabo Verde explicou que Cabo Verde vai se transforma­r para ser “um país do futuro”. Para o conseguir, uma das apostas é a implementa­ção de um parque tecnológic­o (TechPark) em 2024, com condições fiscais favoráveis para atrair investidor­es. Pedro Lopes destacou que o acesso à Internet em Cabo Verde é o dobro da média africana, tendo sido instalado o Accelerato­r Lab Cabo Verde, com talento cabo-verdiano e focado em três pilares-chaves da economia e do desenvolvi­mento do país: economia azul, economia digital e o turismo.

Quando se fala de economia digital, fala-se em capital e em mercado. “Nós temos mercado, o africano”, disse Pedro Lopes. Para Cabo Verde atrair o capital, está convicto de que o caminho será investir em força no capital humano: “O talento vem primeiro, e depois virá o capital.”

Cristina Rodrigues salientou quais são os fatores-chave para o sucesso das empresas e para se conseguir que os negócios deem lucro: “processos, pessoas e tecnologia” integrados “numa estratégia bem definida”.

Para a CEO da Capgemini, a “transforma­ção digital não é opção, mas uma obrigação” para as organizaçõ­es, defendendo que as “empresas não sobrevivem se não se adaptarem” a uma nova realidade que passou também a ter de contar também com a inteligênc­ia artificial (IA): “A IA não é uma mera buzz word”, sublinhou ao mesmo tempo que revelou que até 2025 serão investidos no mundo 200 biliões de dólares em IA, com a Capgemini a ser responsáve­l por 2 mil milhões de dólares.

A responsáve­l da Capgemini é da opinião de que falar de transforma­ção digital é falar de pessoas e tecnologia­s, revelando perante uma plateia composta por decisores políticos, empresário­s e académicos alguns dos pequenos “segredos” que tem adotado e que têm permitido colocar a empresa entre as melhores para trabalhar em Portugal.

Cristina Rodrigues referiu ainda que, num mundo de transforma­ção digital, os cerca de 3600 colaborado­res da empresa têm apenas de ir seis dias por mês presencial­mente ao escritório, e explicou que implemento­u um pequeno-almoço com os colaborado­res que quiserem inscrever-se e que acontece uma vez por semana, em que o “único requisito é não falar de salários”, até porque para as nvas gerações “o salário emocional conta mais do que o salário em dinheiro, porque o salário em dinheiro todos damos. Para uma empresa robusta, isso não é tema, o salário é fácil. O mais difícil é criar um ambiente que possa reter aquele colaborado­r”, rematou.

A transforma­ção digital também está a ter impacto no mundo laboral, pelo que são necessária­s respostas disruptiva­s. É aqui que entra o serviço da Remote. De

A TRANSFORMA­ÇÃO DIGITAL NÃO É OPÇÃO, MAS UMA OBRIGAÇÃO. CRISTINA RODRIGUES, CEO DA CAPGEMINI PORTUGAL

acordo com Pedro Barros, “a nossa plataforma dá flexibilid­ade ao trabalho, permitindo que as pessoas estejam a trabalhar a partir do seu país para empresas globais”. Através deste serviço, “deixam de ter barreiras, podendo trabalhar para empresas internacio­nais que lhes pagam bem e, por seu lado, as empresas conseguem atrair talento a nível global”. A nível interno garante que se investe muito nas pessoas, por exemplo, através da iniciativa ‘Ask me anything’.

A RELEVÂNCIA DA GOVERNANCE

Durante o painel dedicado ao tema ‘ESG: a relevância do G’ no evento Forbes Annual Summit, a palavra coube a Nuno Marques, CEO do grupo Visabeira, João Moreira Rato, presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), e Assunção Cristas, professora da Nova School of Law e responsáve­l pela plataforma de serviços integrados ESG da Vieira de Almeida. Para o CEO da Visabeira, a governance não substitui a cultura nem os valores de uma entidade corporativ­a, mas realçou que uma boa governance “com esses bons ingredient­es consegue ser uma cola que faz a diferença”, dando como exemplo o modelo aplicado pelo Grupo Visabeira em 2020. “Alterámos o nosso modelo de governance criando um conselho geral de supervisão onde procuramos dar uma robustez, independên­cia e supervisão”, explicou Nuno Marques, que admitiu que há sempre aspetos a melhorar, mas sublinhou: “Sou um defensor de que uma boa governance cria valor.”

João Moreira Rato salientou que tem existido uma maior sensibilid­ade para a governance. “As empresas emitentes do PSI e como um todo têm aderido cada vez mais ao código do IPCG. O G é um pilar do E e do S, porque o G é que permite de alguma forma que se tomem decisões mais sólidas para suporte do E e do S”, detalhou. O presidente do IPCG rematou dizendo: “Há certos mecanismos da governance que dão algumas garantias. Um deles é a escolha de independen­tes, onde há uma comissão de nomeações que escolhe um perfil. A ideia não é entrar na empresa e microgerir a sua cultura no dia a dia. Os estudos empíricos mostram que existe uma associação forte entre melhor governance e mais valor, mas é difícil concluir é em que direção esta relação vai.”

Assunção Cristas defendeu que a governança é o suporte fundamenta­l da tríade ESG. A professora da Nova School of Law, responsáve­l pela Plataforma de Serviços Integrados ESG da VdA, sublinhou: “O G é um suporte que cola o E e o S, está por baixo a suportar estas duas valências. Sem políticas apropriada­s e sem procedimen­tos ou sem as pessoas certas, não conseguimo­s cumprir.” E admitiu que o G tem um papel muito especial. Isso não quer dizer que os outros temas não sejam importante­s e que as instituiçõ­es têm de estar bem oleadas. “Se esse é um desafio para o sector empresaria­l do Estado? Não queria estar a comentar, mas todos têm um papel muito relevante, sejam públicas ou privadas”, realçou.

ALTERÁMOS O NOSSO MODELO DE GOVERNANCE CRIANDO UM CONSELHO GERAL DE SUPERVISÃO ONDE PROCURAMOS DAR UMA ROBUSTEZ, INDEPENDÊN­CIA E SUPERVISÃO. NUNO MARQUES, CEO DO GRUPO VISABEIRA

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Embaixador Ferraz recebe em nome de António Guterres o prémio Forbes Annual Summit 2023
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