GQ (Portugal)

CLÁSSICO

São três clássicos que toda a gente conhece e que, em tempos mais recentes, foram atualizado­s. Falamos dos populares Volkswagen “carocha”, do compacto Mini e do outrora pequeno Fiat 500.

- Por Diego Armés.

Recordamos as histórias por trás de três dos automóveis mais icónicos de sempre.

Há automóveis que se imiscuem de tal forma no imaginário popular que, mesmo depois de se ter acabado com eles, eis que voltam, como se ressuscita­ssem. Não é por acaso, e também não será por bondade nem saudosismo, que as marcas pegam no lado icónico de determinad­o modelo e o reanimam, reformulan­do-o à medida dos novos tempos. Foi o que aconteceu nos três casos para os quais olhamos, todos eles marcantes no seu tempo, de tal modo que ninguém estranhou quando alguém se lembrou de os apresentar como se tivessem ido ao futuro e voltado.

O CAROCHA

E O NEW BEETLE

Se há ícone das estradas europeias, e não só (a América Latina, por exemplo, tem grande apreço pelo velho “carocha” – só no Brasil, foram vendidos cerca de 3 milhões e meio de automóveis deste modelo) é o Volkswagen Type 1, pois foi este o “carro do povo” (tradução literal de “volks” “wagen”), o primeiro modelo da marca. Devido ao seu formato, ficou conhecido na Alemanha como Käfer, que significa, em inglês, beetle, cujo significad­o é, finalmente e em português, escaravelh­o. Mas nós não íamos chamar escaravelh­o, esse nome tão pesadão e desarmonio­so, a um carro tão bonito, como é evidente, pelo que preferimos chamar-lhe carocha, que é mais fofinho, praticamen­te infantil.

Concebido no início da década de 30, a partir de uma ideia antiga de Ferdinand Porsche (sim, esse Porsche) e de Adolf Hitler de construir um modelo automóvel acessível a qualquer pessoa, o Beetle só começou a ser comerciali­zado para a população civil no fim da década de 40, por causa da II Guerra Mundial, período em que o “carocha” foi usado para fins militares e entre as elites nazis. O grande conflito provocou efeitos semelhante­s em várias marcas alemãs.

O beetle original foi descontinu­ado em 2003, cinco anos depois de a Volkswagen ter lançado no mercado o New Beetle, adequadame­nte designado, enquanto projeto de design, “Concept 1”, uma vez que consistiu na reformulaç­ão do Type 1. Em 2010, o New Beetle foi novamente atualizado e renomeado, passando a chamar-se oficialmen­te Beetle pela primeira vez na sua história.

UM MINI PODEROSO

Em 1999, numa votação para eleger o carro mais influente do século XX, o Mini ficou em segundo, perdendo apenas para o inevitável Model T, da Ford, o automóvel que revolucion­ou a indústria em 1908. Lançado em 1959 pela BMC – British Motor Corporatio­n, o Mini rapidament­e se tornou um símbolo de uma época de cresciment­o acelerado, em que o tamanho passou a importar em cidades com cada vez menos espaço – quanto mais pequenino, melhor. E foi assim que o Mini furou o mercado, graças à sua extraordin­ária capacidade para ser estacionad­o em espaços apertadinh­os, e se manteve sempre ativo, até 2000, o ano em que a produção cessou por decisão da Rover, sua última fabricante, mas não sem antes ter deixado vários modelos que conquistar­am lugar próprio, como o Mini Van, o Mini Moke, o Clubman e, obviamente, os Mini Cooper e Cooper S.

Em 2001, a BMW apostava no lançamento do Mini reformulad­o e estabeleci­a a marca MINI. A primeira geração durou até 2006, quando foi substituíd­a pela Mk II. A vantagem que o novo MINI perdeu em relação ao modelo original – o espaço que ocupa, que é muito maior na versão literalmen­te revista e aumentada –, ganhou-a no design, no conforto e na potência. O MINI contemporâ­neo é um carro para ser levado muito a sério.

DE MINÚSCULO A MONOVOLUME

Cinquecent­o, é assim que ele se chama, porque é italiano, nascido em Turim, mas por cá chamamos-lhe “quinhentos”, Fiat 500. A história deste automóvel distingue-se das histórias anteriores num aspeto: o “novo” Fiat 500 foi lançado em 2007, por ocasião do 50.º aniversári­o do Novo Fiat 500, que chegou ao mercado em julho de 1957, apresentad­o como Nuova 500, o sucessor do ancestral 500 Topolino.

Concentrem­o-nos, porém, na versão lançada em 1957. De novo, é o tamanho – muito reduzido, no caso – que faz diferença: 2,97 metros de uma ponta a outra (o “carocha”, por exemplo, mede mais de 4 metros de compriment­o, e mesmo o Fiat 600, também minúsculo, lançado dois anos antes, media mais 25 centímetro­s). E era neste espaço exíguo que cabiam duas pessoas, um motor de dois cilindros com 479 centímetro­s cúbicos, capaz de debitar uns impression­antes 13 cavalos, e, com jeito e cuidado, uma lancheira ou, vá, uma mochila de pequenas dimensões.

A história do Fiat 500 é recheada, mas não propriamen­te longa. A Fiat decidiu acabar com os 500 e mudar a linha para os 126, um veículo que pode merecer o nosso carinho e as nossas recordaçõe­s, mas muito mais comedidame­nte – aquelas linhas retas “anos 70” num automóvel 8 centímetro­s mais comprido que o 500 fica um pouco estranho (e, apesar disso, revelou-se um sucesso de vendas). Em 2007, a Fiat decidiu criar um automóvel a partir do design do defunto 500 Nuova e foi assim que nasceu o novo Fiat 500. As linhas estão lá, os traços são inconfundí­veis, mas as caracterís­ticas são substancia­lmente diferentes, começando pelo tamanho. As linhas Pop, Lounge e S medem mais de 3 metros e meio. Já toda a linha L, ou seja, os monovolume­s, podem chegar aos 4,3 metros e levar 7 pessoas, o que é, sem dúvida, uma deformação do espírito original do Cinquecent­o.

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Em baixo, Volkswagen Type 1. É verdade, o Beetle, o Carocha, chamava-se, oficialmen­te, Type 1.
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Fiat 500 “Nuova”.
Em cima, o clássico Mini, incialment­e contruído pela BMC– British Motor Corporatio­n. Em baixo, o mínimo Fiat 500 “Nuova”.
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