DO PEIXE SECO AO MONOPÓLIO DOS SMARTPHONES
Começaram com uma televisão a preto e branco de 12 polegadas.
Hoje desenham smartphones dobráveis e investem milhões na inteligência artificial.
A Samsung Electronics faz 50 anos.
Corria o ano 1995, quando Lee Kun-hee, presidente da Samsung e filho do fundador, ordenou que 150 mil telemóveis, faxes e outros equipamentos da marca fossem reunidos numa pilha à qual pegou fogo. Dois mil funcionários assistiram à destruição de mais de 50 milhões de dólares em tecnologia, numa fábrica na cidade de Gumi, na Coreia do Sul. Um par de anos antes, já frustrado com a falta de qualidade dos produtos, Lee Kun-hee, convocara dezenas de executivos para uma conferência em Frankfurt, onde proferiu uma das frases que, ainda hoje, é vista como um dos mais importantes lemas da marca: “Change everything but your wife and children.”
Foram tempos difíceis. Mas pouco tempo passou até a marca renascer das cinzas. Em 1998, a Samsung Electronics introduziu no mercado a primeira televisão digital produzida em massa e, em 2006, fez-se líder global do mercado das televisões. O monopólio dos telemóveis viria meia dúzia de anos depois: em 2012, tornou-se o maior produtor de telemóveis do mundo (por unidades vendidas), ultrapassando a Nokia, líder desde 1998. Desde então, não largou o título. Em 2018, detinha 18,9% da quota do mercado dos smartphones.
Há 50 anos que a Samsung Electronics nasceu, pela mão de Lee Byung-chul. Mas, muito antes disso, no fim dos anos 30, o primeiro nome dado à gigante tecnológica – que significa “três estrelas” em coreano – era o nome de um pequeno negócio de transporte de mercadorias, com apenas 40 empregados, que rapidamente prosperou, mesmo com a Guerra da Coreia a meter-se pelo meio.
Do transporte de peixe seco e outras mercearias para a indústria têxtil e de seguros foi um saltinho. O pai da Samsung, um fervoroso apoiante da industrialização no país, queria que a marca se fizesse líder de quase todos os setores do mercado coreano. Hoje, a Samsung é um conglomerado multinacio
nal de empresas – o maior da Coreia do Sul –, cujas áreas vão dos seguros à indústria química, da construção ao entretenimento. Mas a joia da coroa é mesmo a tecnologia.
Em 1969, a Samsung Electronics recrutou 137 estagiários. Ainda não tinha passado um ano desde a fundação quando a primeira criação viu a luz do dia: um televisor a preto e branco de 12 polegadas, o modelo P-3202. Um par de meses após o início da produção, em 1970, as pequenas televisões chegaram ao Panamá. Em poucos anos, chegariam ao resto do mundo.
Já com uma série de frigoríficos, máquinas de lavar, calculadoras de mesa, micro-ondas, videocassetes e sistemas de ar condicionado no catálogo, a marca decide apostar nos computadores pessoais (PC). A produção começa em 1983. Em 1987, o modelo SPC-6000 de 32 bits tinha a maior velocidade, em termos de processamento de dados, do mercado.
Seguir-se-ia o primeiro televisor de ecrã totalmente plano do mundo, o primeiro telemóvel MP3 do mundo, o primeiro smatphone com ecrã curvo nas extremidades do mundo, a primeira TV UHD curva do mundo, o primeiro universal flash storage do mundo. Em pleno 2019, a marca colocou grande parte das suas fichas nos telemóveis. Em abril, apresentou a linha Galaxy A, composta por sete novos smartphones. A principal novidade é a câmara rotativa do Samsung Galaxy A80, composta por três sensores: o sensor principal, que tem 48 MP e uma abertura f/2.0; uma câmara grande angular de 8 megapixéis com abertura f/2.2 e um sensor de profundidade 3D.