GQ (Portugal)

DEZ EDIÇÕES + TREZE BANDAS = CEM SOLDOS

Imagine uma aldeia que se fecha para receber um festival e concertos em igrejas, praças e garagens. Não precisa de imaginar mais, basta rumar a Cem Soldos.

- Por Ana Saldanha.

OBons Sons comemora 13 anos e dez edições – o número não bate certo porque, quando nasceu o festival, em 2006, começou por ser bienal e só em 2014 passou a dar música a Cem Soldos todos os anos. Luís Sousa Ferreira, diretor artístico do festival explica que “mudou tudo e não mudou nada” porque, enquanto o festival cresce, o trabalho para o manter autêntico mantém-se.

“O festival é sobre viver a aldeia e viver a aldeia tem isso tudo: tem como lugar central os conteúdos artísticos e nós queremos que as pessoas vão pela música, conhecendo ou não, é um festival artístico e cultural, mas, para essa experiênci­a ser mais efetiva, tem de ter o ambiente da aldeia.” O mote é mesmo esse, é viver a aldeia e tornar o Bons Sons uma experiênci­a que vai muito para além de concertos.

Por isso mesmo, a direção reduziu a lotação total do festival, ao longo dos vários dias, de 40 para 35 mil espectador­es: “Nós agora inventámos uma coisa que é o cresciment­o sem fim, achamos que as coisas podem crescer e crescer e que o cresciment­o é uma coisa positiva e nós não o consideram­os isso. O que interessa ali é manter o propósito, é conseguir que as pessoas que vão – e que são bastantes – consigam manter uma experiênci­a.”

Para levantar o festival, que este ano decorre entre 8 e 11 de agosto, trabalham voluntário­s locais numa engrenagem testada e aprovada em que cada um tem a sua função, que se mantém desde o início do festival. “O que nós dizemos é: ‘o que fazer quando o que Cem Soldos tem para dar são pessoas?’ As pessoas estão no lugar certo e sentem essa diferença e não sentem que estão em mais um festival, estão num lugar muito especial e muito generoso.”

Quanto à música, porque isso também não falta, são 50 concertos, distribuíd­os por dez palcos e os nomes são todos nacionais. A posição do Bons Sons é ser uma montra do que melhor se faz por cá e, nesta edição, há algumas novidades.

“Este ano desafiámos 13 (músicos), para comemorar os 13 anos e as dez edições e estão a fazer concertos especiais para o festival: First Breath After Coma + Noiserv, estão a desenhar um concerto específico para lá, assim como os Sopa de Pedra e a Joana Gama.” Ao todo são 13 bandas e artistas em duplas mais ou menos improvávei­s e há ainda DJs para animar as noites e a Orquestra Filarmónic­a Gafanhense na atuação de abertura.

Mistura e variedade não vêm por acaso, para Luís “também simbolizam esta coisa do Bons Sons que é o encontro, tanto na rua como no palco. Chegaram até a dizer-me: nunca vi um festival com tantos músicos no público e tanto público no palco. Há aqui este câmbio muito típico da aldeia que é de proximidad­e”.l

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Manuel Martins.
Os Indignu em atuação no palco diante da Igreja, em 2016. Foto de Carlos Manuel Martins.

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