DE PORTUGAL PARA A PITTI UOMO
Na edição dedicada à coleção Primavera-Verão de 2020, as marcas nacionais apresentaram coleções com um distintivo visual português.
Aedição 96 da Pitti Uomo começou com estrondo. Na véspera da abertura da feira, Florença iluminou-se com um fogo de artifício no rio Arno, que lançou o mote para mais uma semana dedicada à moda e estilo masculinos. Apesar dos mais de 1.200 nomes internacionais presentes dentro da Fortezza da Basso, foi no primeiro piso da secção L’Altro Uomo que se encontravam as melhores marcas portuguesas.
Num espaço dedicado às marcas de nicho, onde um estilo descontraído e intemporal prevalece sobre a última moda, encontrámos a Portuguese Flannel, que se inspirou nos emigrantes portugueses para criar uma colorida coleção de camisas e calças. “É um tema muito pertinente hoje em dia. A coleção é um agradecimento aos emigrantes portugueses, que por vezes são tratados de forma pouco digna. As referências foram os bairros sociais onde viviam, nos arredores de Paris, um espírito que transparece em peças com padrões mais arquitetónicos”, conta António Magalhães, um dos irmãos que criaram a marca portuguesa.
No stand em frente estava a Mano Studio, conhecida pelas sapatilhas, mas que também apresentou uma linha de vestuário. “A nossa inspiração foi a geometria, as linhas minimalistas e as cores primárias da Bauhaus. Também temos referências ao Triadische Ballet e aos Kraftwerk”, revela Fernando Figueiredo, fundador da marca.
Já a Ideal & Co, que se estreou na L’Altro Uomo, apresentou igualmente as suas últimas novidades. “Assumimos uma linguagem mais leve e fresca, seguindo sempre a aposta na durabilidade e no design intemporal. Para a nova coleção tivemos como
referências os dias quentes no Alentejo, as casas caiadas de branco, a erva seca e o ar salgado das praias desta região, que deram nome às novas malas e mochilas”, refere José Lima, um dos rostos da Ideal & Co.
Outra das marcas que se inspira sempre em Portugal é a La Paz. “O nosso espírito tem andado sempre ligado ao Atlântico e à pesca, mas um pouco old-school. Apostamos muito na cor e nas texturas, algo por que as pessoas nos procuram. Uma das peças que destaco nesta coleção é um colete de pesca, que tem uma história engraçada. Encontrámos um igual, todo desfeito, numa loja com mais de 100 anos, que estava a fechar na Ribeira. É uma homenagem a estas lojas que infelizmente acabam porque já não aguentam a pressão imobiliária”, conta o cofundador José Abreu.
Vinda de Lisboa, a +351 também tem o mar nas origens. A marca tornou-se conhecida pelas T-shirts com o indicativo nacional estampado na frente. “Os nossos bestsellers continuam a ser as T-shirts, que aqui apresentamos em novas cores. Mas também introduzimos novos acessórios de praia, como uma toalha, chapéus e sacos”, conta Ana Penha e Costa, fundadora da marca.
Apesar da concorrência internacional, estas marcas, claramente, destacaram-se pela sua aposta na produção nacional, nos materiais táteis e, acima de tudo, por conseguirem transmitir o espírito português num mundo cada vez mais globalizado criativamente.