GQ (Portugal)

ALDEIAS E CAMINHOS

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Tendo Mértola como referência e o Guadiana como guia, podemos aproveitar para nos dispersarm­os pelas terras em redor. Para o lado da serra da Alcaria, são vários os pontos de interesse, a começar pela própria serra, o ponto mais elevado da região, com os seus 370 metros de elegância mansa e exuberante, dado o contexto criado pelo relevo envolvente. É nesta direção que fica aquela que será a mais famosa atração do parque natural, os rápidos do Pulo do Lobo, uma escultura natural feita pelo Guadiana na rocha que é altamente estimulant­e para mais do que um dos sentidos – se a visão impression­a, o ruído intenso e contínuo da água a correr e a cair chega mesmo a assustar.

Para quem gosta de longas caminhadas, esta é a zona perfeita – não será por acaso que a aqui se encontram inúmeros trilhos de caminhante­s e sinais que indicam rotas de peregrinaç­ão, nomeadamen­te dos Caminhos de Santiago. Os passeios mais interessan­tes podem ser dados na chamada

rota Entre o Rio e o Montado, que é precisamen­te o que o nome indica: caminhos que furam terrenos, colinas e vales onde se encontram coelhos, lebres, perdizes, javalis e veados, já para não falar nos imensos rebanhos de ovelhas. São caminhos ladeados por oliveiras e sobreiros e pelo dourado ou verde dos prados, dependendo da altura do ano. Esta rota, que tem mais do que uma possibilid­ade, desemboca invariavel­mente nas margens do Guadiana, por norma em locais escarpados. Uma vez chegado às margens, é possível, dependendo do caminho escolhido, ver o Moinho da Brava ou o Moinho dos Canais, duas das várias estruturas existentes na região que serviam para a moagem de cereais aproveitan­do a força do rio e que hoje estão praticamen­te ao abandono. Para se chegar a estas rotas, é preciso passar por duas aldeias chamadas Corte Gafo, primeiro o de Cima, depois o de Baixo, que é mais pequenino.

Tudo isto fica no interior da margem direita do Guadiana, mas na esquerda também há muito o que explorar. Para se chegar ao outro lado, é necessário passar por Mértola de novo antes de se chegar a lugares como Corte Sines, Corvos ou Moreanes. Um pouco mais adiante, mais junto a Espanha, encontra-se a peculiar aldeia de Santana de Cambas. É lá que se encontra o não menos peculiar Museu do Contraband­o, que atesta a importânci­a da atividade contraband­ista para estas povoações durante, principalm­ente, a ditadura portuguesa e a espanhola.

Para lá de Santana, fica uma das terras mais bonitas de toda a região: Pomarão. Bem juntinho à fronteira com Espanha e logo abaixo da Barragem da Chança, esta pequena povoação existe empoleirad­a numa encosta sobre o Guadiana, que aqui faz uma curva acentuada e, desse modo, desenha um cenário natural de rara beleza. Também o casario se exibe com graça, em patamares, sempre com os olhos postos no rio, conferindo à aldeia um aspeto, digamos, muito mediterrân­ico.

ONDE DORMIR:

Ecoland, um hotel de três estrelas dentro da aldeia de Corte Gafo de Cima será sempre uma primeira escolha. Para quem procura algo fora das povoações, o Monte do Alhinho, perto da estrada que liga Mértola a Moreanes, será uma excelente opção, juntando sossego e requinte num registo campestre.

ONDE COMER:

A Paragem, em Corvos, é um favorito e de visita obrigatóri­a na região, onde pode ostentar o título de melhor numa série de pratos tradiciona­is. Bem perto, em Moreanes, há o Alentejo, também muito bem cotado.

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