GQ (Portugal)

DOPING DE ESTADO

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Alguns dos leitores lembrar-se-ão, por altura dos Jogos Olímpicos, de estar sempre a ouvir o hino da RDA, que dava pelo nome de Auferstand­en aus Ruinen, “Erguida das Ruínas”. Apesar de ser uma nação relativame­nte pouco populosa, a Alemanha de Leste era uma potência numa série de desportos e constava invariavel­mente no top das nações mais medalhadas.

Os clubes desportivo­s eram financiado­s pelo Estado de forma a atrair os jovens para as modalidade­s que pudessem trazer glória ao país que, por sua vez, dava uma pequena “ajuda” científica.

Hoje sabe-se que o governo da RDA levou a cabo durante décadas um programa, iniciado nos anos 60, de administra­ção e distribuiç­ão coerciva de substância­s destinadas a melhorar o rendimento, da testostero­na às drogas anabolizan­tes. Até aos Jogos Olímpicos de 1964, os atletas da RDA nunca conseguira­m conquistar mais medalhas do que os vizinhos da RFA e, partir dos Jogos de 1972, em Munique, ficaram sempre no top 3 das medalhas de ouro, na companhia dos

Estados Unidos e da União Soviética. Calcula-se que o programa estatal de doping tenha chegado a 10 mil atletas e muitos deles viriam mais tarde a sofrer as consequênc­ias, quer físicas quer psicológic­as. O expoente máximo do êxito desportivo da Alemanha de Leste foi a velocista Marita Koch que, durante a carreira, arrecadou 16 recordes mundiais. O máximo mundial dos 400 metros femininos, ainda lhe pertence: 47,60 segundos, estabeleci­do em 1985, recorde que contou com a ajuda do esteroide anabolizan­te OralTurina­bol, que Koch terá tomado pelo menos entre 1981 e 1984.

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