GQ (Portugal)

CLÁSSICOS

Esta pode parecer uma luta de David contra Golias. Mas nem sempre foi assim.

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Contamos-lhe a história da maior rivalidade americana apoiada em duas rodas.

Éuma rivalidade com barbas, mais americana do que a american pie e esteve adormecida durante décadas – até 2011, ano em que a Indian foi ressuscita­da pela Polaris. Desde então, a competição saudável entre as duas marcas de motos tem-se aproximado daquela que se observou nos anos 20, 30 e 40. Contamos-lhe a história.

Ainda antes de se apelidar Indian, a primeira fabricante americana de motos dedicava-se às bicicletas e tinha um nome bem menos icónico: Hendee Manufactur­ing Company. Mas, em 1901, o fundador George Hendee, promotor de corridas e antigo campeão de ciclismo, num rasgo de genialidad­e, contratou Oscar Hedstrom para construir motos a gasolina, elevando o desporto sobre duas rodas a outro nível. Era o início de tudo – e passar-se-iam ainda dois anos até que a Harley-Davidson nascesse.

Em 1910, a Indian já era considerad­a uma das maiores produtoras de motos do mundo e, segundo o site oficial da marca, entre 1917 e 1919, “a empresa forneceu o exército americano com cerca de 50 mil motos” – memorize esta informação. Já nos anos 20, apresentou ao público vários modelos icónicos, como é o caso da ágil Scout, da mais robusta Chief e da best seller Big Chief.

À data, já a Harley-Davidson tinha dado os seus primeiros (grandes) passos. A marca nasce pela mão de dois jovens, William S. Harley e Arthur Davidson, que decidem instalar um motor num quadro de uma bicicleta com o intuito de se deslocarem mais rápida e confortave­lmente nas subidas. Em 1906, levantam a primeira fábrica e produzem 50 motos. Em 1908, Walter Davidson (irmão do fundador, Arthur), consegue uma pontuação perfeita na prova anual de resistênci­a e fiabilidad­e da Federation of American Motorcycli­sts e, dias depois, bate um recorde: 1,25 litros aos 100 quilómetro­s. Foi o suficiente para a polícia americana equipar a sua frota com motos da marca.

Passar-se-ia um ano até o primeiro motor V-Twin com sete cavalos de potência ver a luz do dia – e é nessa altura que nasce o famoso ângulo de 45 graus, um dos símbolos principais da marca. Em 1914, eram já produzidas mais de 14 mil motos Harley por ano. Anos depois, cerca de metade da produção da marca seria vendida ao exército americano. “No final da guerra, estima-se que o exército terá usado 20 mil motos, a maioria das quais eram Harley-Davidson”, lê-se no site oficial da Harley-Davidson. Ainda se lembra do que leu há pouco? Maior prova de rivalidade não haverá.

Em 1920, Harley-Davidson torna-se o maior fabricante de motos do mundo e, em 1931, a única competição americana que lhe resta é mesmo a Indian. E assim seria até 1953, altura em que esta última cessa as operações e a produção temporaria­mente.

Em 1967, Burt Munro, com 68 anos de idade, ainda entraria nos livros de história ao estabelece­r um novo recorde oficial de velocidade terrestre – 296 km/h com uma velocidade não oficial de 330 km/h – aos comandos de uma Indian Scout Streamline­r de 1920 profundame­nte alterada, no Lago Salgado Bonneville, no Utah. Dez anos depois, a Indian fecharia de vez.

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