GQ (Portugal)

Tens algum episódio curioso que te tenha acontecido no palco?

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Bom, uma coisa mais que curiosa, sacrificad­a. Uma das vezes que fui atuar em Nova Iorque, no Radio City Music Hall, era uma atuação para a televisão, em direto. Sabes que as botas de dança flamenca têm cravos – pregos – aqui, na biqueira, e aqui, no tacão. Um dos cravos saiu para cima e eu estive 35 minutos a dançar com um cravo dentro do pé, no tacão. Claro, estava diante de 7 mil pessoas e em direto para a televisão. Eu continuei . Eu sou um artista e um artista morre no palco. Continuei a dançar, a dançar, a dançar, ao ponto em que cheguei ao fim da atuação, estou a saudar o público – “gracías, gracías, gracías” –, pessoas de pé, e quando vou para o backstage caio ao chão, tiro a bota e sai sangue. Tive de ir para o hospital. Tinha um buraco, mas um buraco grande, um exagero, e um cravo dentro do pé. O cravo saiu quando arranquei a bota, mas, claro, começou a sair imenso sangue. É um pouco gore. Mas esta é uma das muitas vivências e histórias que tenho dos palcos por onde passei.

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