CONSELHOS
Todos os anos e a mesma coisa. Na manha de 1 de janeiro, acordamos para um vida. Pela frente esca um dia de esperanca e de... dores se cabeca, apatia e desidratacao. Bem-vidos ao mundo do mal-estar generalizado
Sumo de laranja, ovos, espargos, banana e atum. Esta pode mesmo ser uma receita milagrosa. Não acredita? Agradeça-nos quando se livrar da dor de cabeça.
Estou à morte”, repetem milhares de seres humanos um pouco por todo o mundo, depois de uma noite de festa. “Morri”, insistem, quando a noite em questão é a de passagem de ano (ou a dos GQ Men Of The Year Awards). Por essa altura, o sangue no álcool é tão pouco que o nosso corpo deixa de saber reagir. Enjoos, dores musculares, cansaço, you name it, you’ll have it. Chama-se ressaca e conhecêmo-la desde cedo, porque ninguém esquece a primeira. Porque é que isto acontece? Culpem o acetaldeído, o veneno em que o álcool se transforma dez minutos depois de o bebermos – e que o corpo tenta expelir o mais rápido possível. Sem efeito. Essa substância é o resultado da ação de uma enzima “escondida no fígado” que destrói a molécula do álcool. Claro que se consumirmos pequenas doses o estrago é menor porque o período de ação do acetaldeído é mais reduzido. Infelizmente, esta não é altura de pequenas doses. Se conseguir, lembre-se de intercalar um copo de água por cada bebida alcoólica. É um truque que raramente falha. Se não conseguir, benza-se e reze para que tudo passe rápido.
UMA VODKA, DUAS VODKAS, TRÊS VODKAS... CHÃO
Long story short, quando apanhamos uma carraspana, para usar uma conhecida expressão popular, o acetaldeído permanece demasiado tempo no organismo e aniquila a glutationa armazenada no fígado, o que provoca a sensação de náusea; no limite, a permanência do dito veneno pode aumentar a pressão arterial e causar derrames. Exagero? Nada disso. A ressaca acontece porque o fígado não consegue concluir o processo de metabolização do álcool (e, consequentemente, desintoxicar o corpo) e o cérebro ordena-lhe que aumente a quantidade de enzimas, o que gera o desequilíbrio geral do sistema. É isso que provoca o desconforto e o mal-estar depois de uma noite de copos. E, apesar de ser uma das poucas coisas transversais a todas as culturas, a ressaca por álcool ainda é olhada de lado pela comunidade científica. Ou melhor, ignorada. A investigação das causas e consequências não se compara com as que tentam colocar um homem em Marte. E no entanto... em 2009, pesquisadores de todo o mundo uniram-se para fundar a Alcohol Hangover Research Group (AHRG). É essa organização que tem impulsionado os estudos do problema. Num documento publicado no site oficial, pode ler-se: “A ressaca do álcool refere-se à combinação de sintomas mentais e físicos, experimentados no dia seguinte a um único episódio de consumo excessivo de álcool, começando quando a concentração de álcool no sangue se aproxima de zero. Embora a ressaca seja uma consequência comum do consumo intenso de álcool, as pesquisas que investigam a frequência da ressaca são escassas e, talvez surpreendentemente, a relação entre a frequência da ressaca e a gravidade da ressaca não foi investigada.” E continua: “A ressaca por álcool pode durar até 24 horas e, além de um sentimento de ‘miséria’ geral, vários sintomas caracterizam a ressaca por álcool, incluindo a dor de cabeça, cansaço, problemas de concentração, sede, tontura, náusea, dificuldades cognitivas e alterações de humor.” Uma das questões mais intrigantes da ressaca, refere a AHRG, é não se saber porque é que estes sintomas estão presentes após a ingestão de álcool e os seus metabólitos serem eliminados do corpo. Por outras palavras, existem numerosos trabalhos que abrangem os efeitos agudos do consumo excessivo do álcool, mas os investigadores têm negligenciado a questão da ressaca. Há quem diga que a solução é deixar de beber. Como bem sabemos, tal não vai acontecer. Mas também não utilize o truque da porta dos fundos: continuar a beber para “mascarar a ressaca” é um truque seguido por várias pessoas. Não vá por esse caminho.