GUIA SOBRE SULCIS
QUANDO IR
É escusado dizer que não deve ir em julho e agosto, o calor é insuportável e as praias estão cheias — e que toda a Sardenha é mais agradável em qualquer outra altura. O inverno é ameno e o campo é de um tom luxuriante de verde. Na primavera há flores silvestres por todo o lado e, no outono, a luz do fim de tarde é suave. Fique atento às festas locais, o Festival de Jazz de Sant’Anna em setembro, o Festival de Blues de Narcao em julho e a Settimana Santa a Iglesias na Páscoa.
COMO LÁ CHEGAR
Vai precisar de um carro para se deslocar em Sulcis. Cagliari, a maior cidade da Sardenha, situa-se a apenas 90 minutos da maioria das vilas de Sulcis, o que faz com que voar até lá e alugar uma viatura seja relativamente fácil. As estradas estão em bom estado, embora a sinalização deixe a desejar. Não se deixe dissuadir – perca-se e peça ajuda a um pastor.
ONDE FICAR
Sulcis está a começar a abrir-se ao turismo. No entanto, a falta de alojamento é mais do que compensada pela hospitalidade e autenticidade. A arquiteta local Francesca Manca restaurou a casa da família, Antica Casa
Manca, na vila de Masainas, com um jardim enorme e mosaicos de origem. Cerca de 20 quilómetros a noroeste, a antiga aldeia piscatória de Is Loccis Santus está a ser laboriosamente reconstruída por Antonello Steri e pela sua família e foi rebatizada de Rosso Porpora, tendo sete casas rurais simples, a maioria das quais com acesso a uma horta biológica. A restaurada
Villa Santadi dispõe de quartos simples num edifício espanhol de inícios do século XX.
ONDE COMER
Há uma variedade gastronómica surpreendente nesta pequena região e a maioria dos restaurantes tem comida excelente a preços fabulosos. A Osteria Vineria
Cibus, em Santadi, orgulha-se de servir produtos estritamente locais e pratos clássicos, como sappueddus, uma massa de sêmola de trigo dura de contornos desiguais acompanhada por um molho de tomate intenso.
Mario e Pinella é um belíssimo espaço rústico à beira da praia que serve peixe super-fresco: não há floreados, mas a comida é fantástica e a adorável enseada de Cala Sapone fica do outro lado da estrada. A ilha de Carloforte situa-se ao largo da costa ocidental e é acessível de ferry a partir da vila portuária industrial de Portovesme ou da encantadora aldeia caiada de Calasetta. A comida tem raízes mistas – Ligúria e Norte de África – e os pratos incluem atum, pesto e cascà (uma versão local de cuscuz) em inúmeras variantes. Também pode comprar uma focaccia deliciosa, cheia de queijo, numa padaria. Não se esqueça de visitar uma das várias adegas, todas especializadas nas castas nativas Carignano e Vermentino. A adega Cantina di Santadi produz o mundialmente famoso Terre Brune, com um sabor intenso, como qualquer Carignano que se preze. Marque uma visita com antecedência ou limite-se a passar por lá para uma prova (e maravilhe-se com o vinho de mesa que é servido aos agricultores locais a partir de uma espécie de bomba de gasolina).
Cantina Mesa é uma adega mais recente, fundada pelo agente de imprensa Gavino Sanna. Situase junto às zonas pantanosas da praia de Porto Pino, dez minutos a sudoeste de Masainas e produz excelentes vermentinos, simultaneamente secos, frutados e florais.
O QUE VER
Se gosta de pré-história, tem muitas coisas para ver, incluindo a vasta necrópole de Montessu, em Villaperuccio. Na vila de Santadi encontrará o sítio recém-aberto de Pani Loriga, que contém os vestígios de uma grande vila fenício-púnica que foi abandonada antes da chegada dos romanos. Existem também muitos nuraghe na ilha, que, frequentemente, se avistam da estrada. Estas enormes estruturas cónicas podem variar em tamanho, estado e acessibilidade. Nuraghe Seruci é lindíssimo e está aberto ao público (os horários variam consoante a estação, por isso consulte-os previamente). A história das minas locais
— de obsidiana, ferro, cobre, prata, carvão — também têm milhares de anos. Marque uma das quatro visitas guiadas às minas de Montevecchio, no Norte de Sulcis, ou visite as minas do deslumbrante Porto Flavia, que se abrem sobre o mar Tirreno.
A 20 minutos de carro de Santadi, em Rosas, poderá encontrar minas de 1832, recentemente restauradas. A vila de Carbonia é menos interessante, mas tem um museu fascinante dedicado às minas de carvão locais, construídas sob as ordens de Mussolini. Se gostar de natureza, faça uma caminhada de duas horas pelas montanhas de Villacidro até chegar às quedas de água de Piscina
Irgas, que se precipitam do alto de um penhasco granítico, ou visite as florestas de Gutturu Mannu
(mesmo ao lado de Santadi). Mais acima, na costa ocidental, poderá participar em eventos de escalada em Arrampicata Sardegna, em falésias junto ao mar ou em ravinas profundas no interior. Para um passeio mais calmo, vá até às zonas pantanosas junto a Is Solinas, onde encontrará vários trilhos acessíveis, contornando canais, vinhas e a orla costeira. Há algumas torres simples para observação de aves, a partir das quais pode avistar flamingos selvagens e garças, incluindo garças-brancas no pântano.
Não se esqueça de visitar um dos belíssimos museus etnográficos da região para aprender mais sobre as tradições sardas, como o de Santadi, de Nuxis ou de Sant’Antioco.