GQ (Portugal)

Pedro Teixeira da Mota

- A.S.

Três coliseus esgotados em Lisboa e mais duas mãos-cheias de salas repletas por todo o País, um dos podcasts independen­tes mais ouvidos em Portugal e milhares de seguidores nas redes sociais. Tudo isto com apenas 25 anos. Pedro Teixeira da Mota foi a nossa revelação deste ano, mas dá cartas desde 2014.

Como muitos dos seus colegas humoristas da mesma geração, começou o seu percurso na Internet, em 2009. Em 2014, juntou-se a três amigos para criar o grupo Bumerangue – o projeto de sketches que começou na rede social Vine e que depois migrou para a SIC Radical – e em 2017 estreou-se ao vivo e em nome próprio com Impasse. Mas, na verdade, a queda para a comédia não foi surpresa: “Recriava imensos sketches de Gato Fedorento e fazia os meus quando tinha 12, 13 anos... e é giro porque há pouco tempo encontrei essas filmagens e achei piada.”

Este ano anunciou o seu segundo espetáculo, o Caramel Macchiato, e, quando falámos com Pedro sobre estar a meio da tour, confidenci­ou-nos que estava apenas no início e que iriam ser adicionada­s mais datas ao calendário. Quase todos os espetáculo­s esgotaram em pouquíssim­o tempo, havendo, só em Lisboa, três datas para a mesma sala, o Coliseu dos Recreios. Não ficámos surpreendi­dos. E Pedro também não: “Muitas vezes não é por ter 700 mil seguidores que se vai meter não sei quantas pessoas numa sala. Eu posso ter mais público de stand-up do que alguém que tem um milhão de seguidores. É preciso conhecer o público e trabalhar para isso, as datas que vamos fazendo e as salas que vamos marcando têm a ver também com o que vamos construind­o ao longo do tempo. Pode ser mais rápido do que se esperava, mas acho que o percurso normal era esgotar estas datas.”

Pedro conta-nos que quer manter-se independen­te e aproveitar a liberdade e a despreocup­ação que a idade lhe permite: “É importante para não só poder dizer o que quero, quando quero e durante o tempo que quiser, como também para não ter problemas a falar de pessoas ou a falar de marcas. E isso faz muito mais sentido para mim do que estar numa rádio, por exemplo.”

O humor, que ele caracteriz­a como “realatable”, – humor do dia a dia, com que as pessoas se conseguem facilmente identifica­r – é um dos fatores de peso para quem o ouve e isso só funciona porque o seu processo criativo vive do quotidiano. “Eu vejo o que as outras pessoas veem, mas anoto as coisas que vou vivendo e penso logo num ‘e se?’... estou sempre em trabalho”, explica. Contudo, esse dia a dia começa a ficar condiciona­do pela exposição, mas Pedro garante que ainda não se preocupa: “Eu acho que em Portugal não há esse perigo porque não há a fama louca que há nos Estados Unidos. Cá, a pessoa mais famosa é a Cristina ou o Goucha e eles podem ir ao cinema, por exemplo.”

Com o futuro ainda não há grandes preocupaçõ­es. Tempo para pensar nisso não lhe falta (opções também não). “Eu tenho 25 anos, estou a fazer o que gosto e acho piada – e ainda bem que há pessoas que me seguem e que gostam de ver o que eu faço. E também é uma vantagem do humorista, poder fazer várias coisas. Eu posso estar a fazer stand-up, posso ter uma série, posso estar na rádio, posso ter uma coluna num jornal, numa revista”, diz-nos Pedro. E cá estaremos para ver o que se avizinha.

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tudo Massimo Dutti.
Fato em lã, camisa em algodão, gravata em seda, tudo Massimo Dutti.

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