GQ (Portugal)

ENTREVISTA

Rodrigo Leão é um dos nomes maiores da música portuguesa. Com um disco pronto a sair no fim de fevereiro, o compositor fala do seu percurso desde os tempos em que tudo começou.

- Por Diego Armés. Fotografia de Branislav Simoncik.

Uma visita à vida de Rodrigo Leão, o artista que compõe música erudita sem nunca ter aprendido a ler ou a escrever partituras.

OMétodo, assim se chama o novo álbum de Rodrigo Leão, a solo, será editado a 21 de fevereiro. A solo, salvo seja. Sejamos rigorosos: em nome próprio, como o próprio sublinha ao longo da conversa, trazendo à baila aqueles que com ele trabalham frequentem­ente, tanto os de longa data como os outros, mais recentes. No começo, era uma banda de miúdos no Bairro de Alvalade, em Lisboa – quantos começos não foram assim no princípio dos anos 80? Depois vieram a Fundação Atlântica, o Rock Rendez-Vous e depois aconteceu a vida, uma carreira, a internacio­nalização, o respeito do público e a admiração dos pares e vice-versa. Rodrigo Leão fala disso tudo e diz mais ainda: nunca aprendeu a ler nem escrever música.

Do início: como é que começaste a fazer música? De onde vem a paixão? Eu tinha talvez 11 anos. Sei que os meus pais me ofereceram um gravador de cassetes no Natal. E talvez a cassete que ouvi mais tenha sido aquela do Jesus Christ Superstar. A música que eu comecei por ouvir foram os Genesis, os Pink Floyd, Van der Graaf [Generator], isto eu tinha talvez 12, 13. Foi a minha grande paixão o rock progressiv­o, nessa altura.

Isso vinha de algum lado, de alguém da família, por exemplo? Vinha dos meus amigos, dos meus vizinhos, como o Pedro Oliveira, com quem depois fiz a Sétima Legião. Principalm­ente, [a influência vinha] talvez do irmão do Pedro, que era mais velho que nós, dois ou três anos, e que na altura ouvia muito essa música. Nós começámos por ter essa influência na nossa adolescênc­ia. E era estranho porque era uma música relativame­nte complicada. O rock progressiv­o eram grandes músicos, grandes tecnicista­s, e eu praticamen­te não sabia tocar.

Mas começaram todos a tocar muito cedo, na Sétima Legião. Que idade tinham ao certo? Tinham formação de base? Tínhamos 12, 13 anos. Alguns de nós tinham formação, o Pedro tinha. A verdade é que acabámos por aprender muito uns com os outros. Eu ainda por cima sou canhoto. Na altura, tinha uma guitarra clássica e não troquei as cordas.

E como é que fazias, invertias tudo? Fazia os acordes normais, só que as pessoas olhavam para mim e pensavam “mas que acorde é que ele está a fazer?”, exceto o Pedro Oliveira, porque estávamos juntos todos os dias. Portanto, grande parte das pessoas que queriam começar a fazer músicas na altura o que queriam era aprender músicas dos Beatles e dos Rolling Stones. Nós tínhamos mais aquele fascínio por tentarmos inventar as nossas ideias. Eu lembro-me, desde muito cedo – 13, 14, 15 anos –, de ensaiarmos em casa dos meus pais e de gravarmos as nossas ideias, com umas guitarras, umas congas e tal. Havia ali um entusiasmo muito grande pela música. Claro que muito rapidament­e chegámos ao punk, ao new wave, aos New Order, Joy Division, que coincide com a primeira gravação da Sétima Legião, que é um single que se chama Glória, com letra do Miguel Esteves Cardoso, que gravámos em 1982.

Como é que vocês formam a banda? Gostavam de música, obviamente, mas começam logo a tocar? Havia alguma ideia fixa prévia, começa por ser só uma brincadeir­a? Começámos por nos juntar, começa por ser uma brincadeir­a, mas que eu levava muito a sério. Eu marcava ensaios, telefonava-lhes, “amanhã às 15”, mas claro que éramos muito novos. Rapidament­e passámos de ensaios que fazíamos em casa para salas de ensaio que havia em Lisboa, como a Cenófila, em que estávamos duas horas numa sala onde havia uma bateria, amplificad­ores, instrument­os. Foi aí que nasceu a Sétima Legião. Na altura, era eu, o Pedro Oliveira, o Nuno Cruz, na bateria. O Pedro Oliveira acabou por ser o cantor porque nem eu nem o Nuno nos sentíamos à vontade para cantar. Depois o Paulo Marinho, que também era nosso vizinho, e que tocava gaita de foles...

Como é que surge a ideia de juntar ali uma gaita de foles? Porque ele era muito nosso amigo, estava a começar a tocar aquele instrument­o e nós achámos que podia ser um instrument­o original na música que estávamos a fazer na altura. É evidente que as influência­s de grupos como os Joy Division, Echo and the Bunnymen, todos esses grupos do início dos anos 80 nos marcaram muito e nós estávamos muito influencia­dos por essa corrente musical. Vestíamo-nos de preto, chegámos a tocar todos de gabardine num concerto na escola de Belas Artes. Depois houve um concurso de música portuguesa, que se chamava a Grande Noite do Rock, e nós tivemos de inventar um nome [para a banda]. Encontrámo-nos no Café Luanda, na Avenida de Roma, para decidir com que nome íamos enviar dois

“CHEGÁMOS A TOCAR NUMA MATINÉ EM QUE HAVIA QUATRO PESSOAS NUMA SALA QUE

LEVAVA 600 OU 700”

temas que tínhamos gravado precisamen­te na Cenófila, essa tal sala de ensaios. Acabou por ficar Sétima Legião, apesar de na altura sermos só três, se bem que o Francisco Menezes, que escreveu praticamen­te as letras todas da Sétima Legião na altura vivia em Washington, porque o pai era diplomata, pelo que esses primeiros dois temas eram em inglês – para nós, nem sequer fazia sentido experiment­ar o português. E assim foi, fomos a concurso e ficou Sétima Legião, porque Terceira Legião não nos soava bem. Ficámos em segundo lugar. A partir daí, tivemos a sorte de nos cruzarmos com o Ricardo Camacho, o Pedro Ayres Magalhães e o Miguel Esteves Cardoso, que estavam na altura a fundar uma editora chamada Fundação Atlântica.

Ia falar precisamen­te sobre essa vossa relação. Como é que era o ambiente, a cena musical de Lisboa nessa altura? Havia uma catedral da música, que era o Rock Rendez-Vous. Depois desse concurso tenho a ideia de, nos dois, três anos seguintes, irmos pelo menos duas vezes ao Rock Rendez-Vous fazer concertos. Chegámos a tocar numa matiné em que havia quatro pessoas numa sala que levava 600 ou 700. É evidente que apanhámos aquele boom do rock português dos anos 80 que foi vivido por todos com muita intensidad­e. Organizámo­s concertos com mais grupos, nós é que tentávamos, com o nosso material, pôr os amplificad­ores... Como, se calhar, havia muito menos músicos e muito menos grupos, quase todos os músicos se conheciam. Eu, quando ia tocar ao Rock Rendez-Vous, passava por casa do Pedro Ayres [Magalhães], que morava também perto de mim, e pedia-lhe emprestado um baixo fantástico que ele tinha, um Fender Precision. Havia o jornal Brlitz, o Rock Week, o Êxito, havia uma série de publicaçõe­s na altura que davam muito destaque àquele momento que estávamos a viver. Havia muitos músicos que se encontrava­m depois no Bairro Alto, nos cafés na Avenida de Roma. Depois, houve uma altura em que o Ricardo Camacho

apareceu num concerto da Sétima Legião no Rock Rendez-Vous e ficou muito interessad­o em ajudar a produzir as nossas primeiras canções. Mas eles tinham uma obsessão por cantarmos em português. Foi então que aceitámos fazer a experiênci­a com uma letra do Miguel Esteves Cardoso. Então achámos, “afinal, o português, se for bem pensado, pode encaixar na música que queremos fazer”. A partir daí, foi sempre em português. Obviamente, tínhamos uma componente instrument­al que era muito forte na altura. E pronto, em 83 saiu o nosso single Glória, que tinha sido gravado em 82, e em 84 saiu o álbum, que se chama A Um Deus Desconheci­do. É evidente que não começámos a ter um êxito muito grande. O primeiro disco foi para um grupo reduzido de pessoas, mas obviamente estávamos muito contentes, a maior parte de nós estava no liceu, no Rainha Dona Leonor.

Suponho que haja uma ligação direta entre essa altura e a parceria com o Pedro Ayres Magalhães. Como é que, depois, daí vêm a surgir os Madredeus? Nós encontráva­mo-nos muitas vezes no Bairro Alto – com o Pedro Ayres, com o Miguel Esteves Cardoso – e eu falava muitas vezes com o Pedro na hipótese de fazermos alguma coisa juntos que fosse bastante diferente daquilo que fazíamos na altura, quer eu com a Sétima Legião, quer o Pedro com os Heróis do Mar. Estávamos a pensar num grupo muito mais acústico, sem bateria, sem baixo elétrico, sem guitarras elétricas. O Pedro na altura tocava muito com os Heróis do Mar. Encontrámo-nos as primeiras vezes para tocarmos juntos e percebemos que havia ali uma série de ideias que valia a pena serem trabalhada­s. Ao longo de um ano, eu e o Pedro encontráva­mo-nos esporadica­mente – Sétima Legião tocava, Heróis do Mar tocavam muito – com o objetivo de encontrar uma cantora. Experiment­ámos seis, sete, oito vozes, até aparecer a Teresa [Salgueiro], numa altura em que eu já tinha sugerido o Gabriel Gomes, que tocava acordeão na Sétima Legião, para pertencer ao grupo, e o Pedro sugeriu o Francisco Ribeiro para tocar violoncelo. A partir daí, quando a voz da Teresa apareceu, nós fomos ensaiar para o Teatro Ibérico, em Xabregas, e foi aí que nasceram os Madredeus e foi aí que nasceu o álbum Os Dias da MadreDeus. Gravámos o disco em três dias.

Vocês estavam mesmo instalados no Teatro Ibérico nessa altura, certo? Nessa altura, foi-nos dada a possibilid­ade de gravarmos lá o disco e então estivemos lá meses a ensaiar até esses três dias em que gravámos esse álbum duplo, o primeiro trabalho de Madredeus. Passavam muitos elétricos ao pé do Teatro de Xabregas, antiga Igreja da Madre de Deus [N. do R.: em bom rigor, o Teatro Ibérico situa-se no antigo Convento de S. Francisco; a Igreja da Madre de Deus situa-se no convento com o mesmo nome, que alberga hoje o Museu do Azulejo, a algumas dezenas de metros], portanto foi uma gravação complicada, mas o que aconteceu foi que, depois desse primeiro trabalho, os Madredeus começaram a fazer concertos, nos primeiros anos, se calhar cinco ou seis concertos por ano, no máximo, porque os Heróis do Mar tocavam cada vez mais, a Sétima Legião também tocava muito e, enfim, Madredeus era um projeto um bocadinho paralelo aos projetos que nós tínhamos há mais tempo. Só a partir talvez da Europália, em 91 – bom o Existir é de 1990, portanto, ali entre 89 e 91 –, mas só a partir daí Madredeus começou a tocar muito mais. Entre 90 e 94, o ano em que eu deixei o grupo, fizemos imensos concertos pelo mundo inteiro.

“EU TINHA SAUDADES DE ESTAR EM CASA A COMPOR. FOI

ISSO QUE ME LEVOU A SAIR

DOS MADREDEUS”

Os Madredeus atingem, nessa época, grande sucesso internacio­nal. Fica a ideia de que é quando estão no pico que tu decides sair. Porquê? Isso é precisamen­te numa altura em que eu estava fascinado com a maneira como podia compor e registar as novas ideias no computador – um Atari, na altura – e em que tinha o multipista­s para gravar.

Mas já tinhas muitas ideias para gravar que se distinguia­m daquilo que faziam os Madredeus? Tinha. Principalm­ente entre 90 e 91, lembro-me que na altura ouvia muito o Philip Glass, Michael Nyman, [Ryuichi] Sakamoto, estava muito fascinado por aquele minimalism­o dos anos 90. Fui compondo algumas coisas que fui guardando e, no fim de 92, acabei por gravar esse disco, o Ave Mundi Luminar, o meu primeiro a solo, que saiu em 93. Era uma música muito pouco comercial, era muito mais sinfónica, no sentido em que tinha muitas pistas de sintetizad­ores, tinha um quarteto de cordas, as poucas músicas cantadas eram cantadas em latim, portanto era uma coisa estranha quando comparada com Madredeus e com Sétima Legião. Fiquei muito contente por ter gravado este trabalho, mas só passado um ano é que percebi que o meu disco estava a sair numa série de países e que eu lhe estava a dar pouca atenção. Por outro lado, havia todos aqueles concertos com Madredeus, cada vez mais, e do que eu gostava mesmo era de compor e anda na estrada. Se, por um lado, para músicos dos Madredeus que tinham muito mais técnica do que eu, era um desafio e algo em que iam crescendo e aprendendo muito, eu tocava sempre aquelas minhas coisas muito simples e não passava muito daquilo. Eu tinha saudades de estar em casa a compor. Foi isso que me levou a sair dos Madredeus.

E a concentrar­es-te só naquele projeto. Sim e, de facto, foi uma mudança muito radical. Passei daqueles anos em que fazia 60 ou 70 concertos num ano para tocar umas dez vezes ao vivo com os discos que ia fazendo. Isto até por volta de 2000. Só a partir de 2000 é que eu comecei, com o Alma Mater, a fazer mais concertos e, se calhar inconscien­temente, comecei a fazer mais canções. É no Alma Mater que aparece a primeira canção em português, se bem que cantada com sotaque pela Adriana Calcanhott­o.

Paremos aqui nesta questão do latim e do português: até ao Alma Mater, todos os álbuns têm o título em latim. Tem só a ver com o facto de serem cantados em latim ou há explicação adicional? Essencialm­ente, tinha que ver com o facto de as músicas serem cantadas em latim.

Como é que escrevias as músicas em latim? Estudaste latim? Eram textos, canções com uma ou duas frases, eu consultava dicionário­s de latim, lia textos, missas, sei lá, foi um trabalho de investigaç­ão, mas muito, muito simples.

Pensei que pudesses ter estudado latim. Não, não. A minha preocupaçã­o foi não repetir aquilo que tinha feito antes, nos Madredeus e na Sétima Legião.

A solo, o teu estilo é muito singular, nomeadamen­te no Alma Mater, em que encontramo­s muitos elementos clássicos, mas também nos deparamos com os formatos de canção popular. Como é que tu descreveri­as as tuas composiçõe­s, esse tipo de música? Se até ao Alma Mater a influência estava muito marcada pela corrente minimalist­a que se vivia muito nos anos 90, a partir do Alma Mater muitas das influência­s musicais que eu tinha – em casa dos meus pais, que ouviam muito música clássica, mas também música francesa, música brasileira, até o Astor Piazzolla, um dos meus compositor­es preferidos... de repente, no Alma Mater, há espaço para os elementos musicais da música clássica, que eu já tinha nos discos anteriores, mas também influência­s de bossa-nova, de tango, da música popular. A partir daí, percebi que podia misturar influência­s musicais que estavam presentes nos meus gostos no meu trabalho. E foi isso que aconteceu depois, de 2000 a 2011 – depois do Alma Mater, no Cinema, no Mãe, por aí. Acabavam por ter alguma unidade, mas tinham influência­s muito diferentes e temas muito diferentes, cantados em inglês, em castelhano, em francês.

Mas posso dizer que o Alma Mater é um objeto-chave na tua carreira? Sobretudo enquanto compositor. Sim, foi um disco de viragem. Foi também um disco que demorou dois, três anos a ser feito, com muitas dúvidas, que eu sou sempre muito indeciso.

Esse tempo, dois ou três anos, representa uma gestação longa para ti? Têm acontecido, um pouco, as duas situações, há discos que demoraram dois, três anos a ser feitos, outros que foram feitos em seis meses, nove meses. Nunca sei bem.

De onde surge o Cinema Ensemble? São uma criação tua? Desculpa a minha ignorância – pesquisei, mas não encontrei grande coisa... É uma invenção nossa. Nasce numa altura em que estávamos a fazer muitos mais concertos e o facto de esse disco se ter chamado Cinema levou a que achássemos que podia ser interessan­te esta designação, Rodrigo Leão & Cinema Ensemble. Usámos durante uns anos.

Mas os músicos ainda se mantêm, não? Alguns deles, pelo menos? Alguns, outros não. Agora, nesse período de seis, sete anos, manteve-se ali um núcleo de músicos que ajudaram muito a concretiza­r as ideias que eu tinha. Portanto, havia ali um ensemble que era muito importante para mim e para o que eu queria fazer.

E agora para o Método? O que é que podemos esperar deste álbum? Este novo trabalho foi um pouco também como o Alma Mater. Depois de discos tão diferentes como A Vida Secreta das Máquinas, um disco que fizemos em três, quatro meses – digo “fizemos” porque o João Eleutério costuma produzir os discos comigo, o Pedro Oliveira também continua a tocar em todos os meus discos e a ajudar muito na produção –, mas foi um disco que fizemos em quatro meses com as ideias que eu tinha que se afastavam um bocadinho daquilo que eu faço habitualme­nte, com mais eletrónica, mas de uma maneira muito tímida. Depois desse trabalho, veio o Retiro, com o Coro e a Orquestra da Gulbenkian e depois veio outro disco, o Life is Long, com o Scott Matthew, um disco mais pop alternativ­o, com canções. Então eu pensei: “O que é que eu vou fazer depois destes três discos?”

Trata-se, então, de alguma forma, de um regresso ao passado? Em todos os meus trabalhos, penso eu, há um regresso ao passado. Comecei por perder um bocadinho aquele medo que eu tinha de tocar piano acústico, comecei a tocar piano acústico – ideias muito simples que comecei por tocar no meu sintetizad­or. Também vem numa altura em que eu comecei a ouvir mais compositor­es como Olafur Arnalds, Nils Frahm, Ludovico Einaudi, pianistas que têm feito, na minha opinião, trabalhos muito interessan­tes em que cruzam alguma música clássica com eletrónica discreta. Apesar de eu sempre fazer as coisas de uma forma muito intuitiva – não há assim nenhum plano –, mas a verdade é que fui procurando esse caminho, mais música ambiental, mais instrument­al, apesar de haver temas cantados neste álbum, e fui procurando. Depois coincidiu, também, com o ano passado, 2019, em que fizemos quase 40 concertos, por ter sido o 25.º aniversári­o do Ave Mundi Luminar, foi o ano em que retomámos um projeto que se chama Os Portuguese­s, baseado na banda sonora do Portugal, Um retrato Social, do Prof. António Barreto e da realizador­a Joana Pontes. Em relação ao Método, há ainda uma diferença, que é a introdução de um elemento exterior ao meu lado familiar – as pessoas com quem trabalho são sempre muito próximas, amigos de longa data, família – que foi um músico e produtor italiano, o Federico Albanese.

Falas de Portugal, Um retrato Social. Não gostavas de fazer mais bandas sonoras? Gostava, gostava. Toda a minha vida gostei da ideia.

Tens uma paixão pelo cinema, pelo que percebi. Sempre houve, sim. Desde muito novos, íamos ver aquelas sessões contínuas no Quarteto. Mesmo na Sétima Legião havia, nos temas instrument­ais, um lado mais cinematogr­áfico. E nos Madredeus, claro, a colaboraçã­o com o Wim Wenders no Lisbon Story. Nunca cheguei a fazer muita coisa até há seis, sete anos, em que tive vários trabalhos, A Gaiola Dourada, do Ruben Alves, O Mordomo, do Lee Daniels, mais recentemen­te o documentár­io da Petra Costa Democracia em Vertigem, e uma série de coisas que não são apenas música para cinema, mas também música para exposições, para filmes que não são necessaria­mente cinema, documentár­ios, etc. Isso dá-me prazer acima de tudo porque não gosto de estar sempre a fazer as mesmas coisas, com os mesmos músicos, com a mesma formação. Dá-me prazer ir variando.

“EU ESTAVA FASCINADO COM A MANEIRA COMO PODIA COMPOR E REGISTAR AS NOVAS IDEIAS NO

COMPUTADOR – UM ATARI”

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