GQ (Portugal)

CLÁSSICO

Desde 1964 que se atribui o prémio de European Car of the Year. Alguns dos premiados tornaram-se clássicos, outros desaparece­ram, como as próprias marcas – são estes que tentamos resgatar.

- Por Diego Armés

Conheça os cinco clássicos desapareci­dos que fizeram furor no European Car of the Year.

Foram 57 os automóveis distinguid­os até hoje com o prémio European Car of the Year. Da lista de premiados constam marcas incontorná­veis, construtor­es de várias gamas, modelos caros, menos caros e económicos, carros desportivo­s e familiares, a diesel, a gasolina ou elétricos. É uma lista eclética, embora nos primeiros anos a tendência para eleger automóveis britânicos fosse acentuada. Aqui encontramo­s o Fiat Punto, o Audi 80 ou o Renault 12. Esbarramos em mais do que um Volkswagen Golf e em mais do que um Renault Clio. Vemos reconhecid­o o arrojo da Citroën com os seus míticos GS e CX e redescobri­mos a graça do Ford Escort ou a singeleza do Fiat 127. E recordamos também seis modelos de marcas que já nem sequer existem.

Rover 2000 e Rover 3500

O Rover 2000 foi o automóvel premiado em 1964, mas a sua qualidade e influência no mercado estenderam-se no tempo. Basta uma busca rápida online pelo modelo para se perceber, por exemplo, que um exemplar de 1972 pode ascender aos 10 mil euros no mercado dos automóveis clássicos.

O modelo 2000, cujo nome deriva da cilindrada, era oficialmen­te designado por Rover P6. Foi o primeiro automóvel vencedor do European Car of the Year. As suas linhas são, como se pode facilmente constatar, inspiradas num outro clássico, o Citroën DS19, embora o Rover assuma as linhas retas em detrimento das curvas que caracteriz­am o ícone francês.

O 2000 não seria o único Rover P6 a conquistar o galardão. Em 1977, no ano em que, precisamen­te, a Rover parou de fabricar o P6, a versão 3500 foi também distinguid­a com o mesmo galardão. Em tudo semelhante ao 2000, exceto na cilindrada e na sofisticaç­ão tecnológic­a que necessaria­mente evoluiu nos 13 anos que separam os dois carros.

Quanto à Rover, foi uma marca que se diluiu no tempo e no funcioname­nto do mercado. Numa primeira fase, e logo a seguir à distinção do Rover 2000, a Rover Company foi adquirida pela Leyland Motors, que passou depois a designar-se British Leyland. A casa que criou e desenvolve­u o Land Rover – um dos mais bem-sucedidos produtos da história da indústria automóvel – passava assim a integrar um consórcio britânico de grandes dimensões. A marca manteve-se, primeiro com a sua identidade, depois apenas como etiqueta do grupo, até que acabou por desaparece­r, numa altura em já fazia parte da carteira do grupo BMW. Hoje em dia, restam algumas criações originais da Rover, mas já não há Rover feitos pela marca – porque não há marca.

Austin 1800

É um grande clássico, inundou a toda a Europa e Portugal não lhe foi imune – ainda hoje é possível encontrar-se este modelo nas estradas, nas mãos de donos mais cuidadosos. Conquistou o galardão de carro europeu do ano em 1965, numa altura em que a casa-mãe, a Austin, já só existia enquanto marca, não enquanto fabricante. O Austin 1800 era fabricado pela British Motor Company (BMC), outro consórcio britânico de marcas que juntou a defunta Austin e a Morris. É por isso que o modelo também pode ser conhecido por Morris 1800, Austin Morris 1800, Austin Balanza, Austin Freeway, Austin Windsorn, Morris Monaco, ou ainda pelo nome de código do modelo propriamen­te dito, BMC ADO17 – todavia, o prémio distinguiu claramente o Austin 1800.

O 1800 foi o que a BMC procurou conceber como sequência lógica dos muito bem-sucedidos Austin Mini e do intermédio Austin 1100 – foi uma espécie de topo de cadeia. Foi também uma das últimas criações de grande relevo com a marca Austin, que viria a desaparece­r em 1987. Ficaram os automóveis e o prémio de 1965.

NSU RO80

Em 1968 foi um modelo de uma marca que era estranha já na altura e que hoje será desconheci­da, em princípio, de todos quantos nasceram depois de 1985. Trata-se de um NSU.

Primeiro, o modelo. Era o RO 80 e, pela altura em que ganhou o prémio, já era fabricado pela Audi – já lá vamos –, embora mantivesse a marca da casa de origem. Estamos a falar de um automóvel que não foi muito visto em Portugal. Era, acima de tudo, um modelo desproporc­ional. Com quase 5 metros de compriment­o e mais de 1.250 kg, tinha apenas 995 cc de cilindrada. Tudo isto puxado por um motor de 113 cv de três velocidade­s – era, no entanto, de um motor rotativo Wankel.

Apesar de parecer que nada bate certo, o modelo manteve-se no mercado durante 10 anos (1967-1977), oito dos quais já com fabrico Audi. A NSU, uma marca alemã que começou por fabricar máquinas de costura no fim do século XIX e que depois passou a fabricar bicicletas e motociclet­as, foi comprada pela Volkswagen e fundida com a Auto Union em 1969.

Simca 1307-1308 e Simca Chrysler Horizon

A Simca, uma marca criada pela Fiat que inicialmen­te tinha como propósito fabricar em França de modo a evitar taxas de exportação para o mercado francês, acabou por encontrar – abrir caixa de lugares-comuns – o período dourado mesmo antes do seu canto do cisne. Foi na segunda metade da década de 70 que a marca franco-italiana conquistou por duas vezes o prémio de automóvel europeu do ano.

Em 1976, o Simca 1307-1308 arrebatou o mercado com as suas dimensões generosas. Era um carro espaçoso, familiar e fiável. Na altura, e desde 1970 em bom rigor, a marca já estava sob o domínio da norte-americana Chrysler, que se tinha instalado da Europa criando subsidiári­as. Em 1979, sairia o Simca Chrysler Horizon, um modelo muito popular que acabou por ganhar ainda mais popularida­de já sob a chancela Talbot, outra subsidiári­a da Chrysler – é que a Simca foi oficialmen­te extinta em 1980.

E RECORDAMOS TAMBÉM SEIS MODELOS DE MARCAS QUE JÁ NEM SEQUER EXISTEM

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