GQ (Portugal)

D’A MONTRA PARA A ESTRADA

João Firmino, Joana Espadinha e os colegas dos Cassete Pirata fazem-se à estrada em breve, mas antes houve tempo para falar da música que fazem e que por cá se faz.

- Por Ana Saldanha.

São o produto de anos na música, de desdobrame­ntos entre projetos, de uma vontade de criar que não cessa. Em 2016, João Firmino (Pir), Maria Campelo, Joana Espadinha, António Quintino e João Pinheiro lançaram o cartão de visita: um EP Cassete Pirata com quatro músicas. O longa-duração A Montra chegou o ano passado e foi a afinação de algumas músicas que não foram para o EP e um somatório de canções que nasceram da estrada.

O conselho veio do produtor Benjamim, conta o frontman Pir: “O facto de termos começado por um EP ajudou-nos a abrir o caminho para depois e quando o disco de longa duração chegou já não caiu em saco roto.” A gravação do disco fez-se com disciplina e contando com o processo criativo de João Firmino, que escreve as canções, monta os arranjos e adianta trabalho. “O processo tem de ser muito eficiente porque já ninguém tem tempo para estar 6 horas numa sala de ensaios a compor... Somos artistas filhos da crise, por isso não conhecemos outra realidade que não seja ter dois ou três trabalhos e ter de organizar a agenda de uma maneira muito pragmática”, conta o músico.

Mas a sabedoria de uma banda que se fez com músicos maduros sabe que a rampa de lançamento de um novo projeto é sempre longa: “isto de ser artista é mais uma maratona que um sprint e tem muito a ver com consistênc­ia e com amor àquilo que fazemos... É um caminho longo, mas preferimos esse caminho mais lento mas mais consistent­e”, explica Joana.

Os dois músicos conheceram-se quando estudavam, hoje são professore­s e, para além do ofício, também estudam de perto o que está a acontecer com a música e com os músicos das últimas duas décadas. “É uma das coisas mais bonitas que eu sinto neste momento da música portuguesa… toda a gente tem muito respeito pelo trabalho uns dos outros e, sem sair de portas, uma pessoa pode olhar para o Severo, o Sambado, o Benjamim, o Úria e ver que o mercado está recheado de coisas boas. E imagino que daqui a uns anos será mais fácil ver de que maneira é que nós nos influenciá­mos uns aos outros”, conta Pir.

Os Cassete Pirata estão quase de malas feitas para a Tour N2, que tem o nome e a rota emprestado­s pela Estrada Nacional n.º 2. Quando questionad­os sobre a rota, brincam com o mito sobre a estrada americana, querendo fazer da EN2 uma Route 66 à escala lusitana. E Pir explica porquê: “Somos uma banda que gosta muito de estar na estrada e que se dá muito bem na estrada – faz-nos sentido levar a música aos sítios que são um bocadinho mais difíceis de marcar. Nos sítios do interior nem sempre é fácil, porque não têm um bar ou os equipament­os para nos receber, ou não há pessoas lá... Então fizemos o esforço para tentar inverter essa tendência. E estamos a tentar marcar mais datas e esperamos conseguir fazer o maior número possível de pontinhos da N2.”

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A Tour N2 faz-se à estrada com a missão de levar A Montra onde a música ao vivo nem sempre chega.

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