UM RUGIDO INTERIOR QUE NOS CHEGA DE GUIMARÃES
Foi a primeira vez que filmou um argumento de outra pessoa, mas também foi a primeira vez que Valter Hugo Mãe escreveu para cinema. Como é que surgiu a ideia de trabalharem juntos?
O Rodrigo já disse que este filme era “completamente diferente” de tudo o que tinha feito. Porquê?
Parte do seu percurso enquanto cineasta é feito a documentar o real. Como foi saltar para um filme de ficção que vai beber ao realismo mágico, ao fantástico, e em que, por exemplo, um monstro ruidoso, que nunca chegamos a ver, serve de metáfora para as mágoas que o protagonista carrega?
A seu ver, qual é a função da banda sonora num filme? Várias pessoas têm apontado que a música tem sempre uma grande presença nos seus trabalhos.
A história de Rodrigo Areias enquanto cineasta não se pode desligar da história da produtora Bando À Parte, que fundou há 12 anos, em Guimarães. O nome, para lá de referenciar uma das maiores obras da nouvelle vague (Bande à Part, de Jean-Luc Godard), teve, desde o início, uma função de manifesto: assumir o distanciamento
geográfico, mas também ideológico, do sistema do cinema nacional. Hoje, no entanto, o bando não está tão à parte assim. Segundo Rodrigo, a produtora é um dos principais beneficiários do financiamento público do País à produção cinematográfica.
“Hoje, o sistema é mais democrático, acessível. A quantidade e a diferenciação dos concursos são muito maiores, o financiamento é maior. Por isso, as coisas mudaram substancialmente”, admite. “Mas ‘à parte’ somos sempre. Porque somos uma família.
O grupo de pessoas que trabalha nos projetos é quase sempre o mesmo.”