GQ (Portugal)

EDITORIAL

- Até já. ●

José Santana explica como as mudanças são, por vezes, necessária­s – e por que razão é preciso parar para repensar.

Mudar pode ser assustador, desafiante, e pode ser bom, muito bom. Todas as GQ’s do mundo se uniram num manifesto, “Change is Good”, nas suas edições de setembro.

2020 uniu o mundo de uma maneira estranha e perturbado­ra e, queiramos ou não, vai obrigar-nos a mudar. Já mudou os nossos hábitos, andar com máscaras nos bolsos já nos parece normal e estranhare­mos quando, num futuro que espero breve, entrarmos num espaço público e virmos as pessoas sem máscaras.

Mas as mudanças mais profundas nas vidas de muitos de nós vêm aí, passaremos um período onde haverá mais desemprego e muitos portuguese­s e portuguesa­s terão de se reinventar. Aparecerão novos pequenos negócios, como costumamos dizer somos bons a “desenrasca­r-nos”, e para alguns será uma mudança positiva, mesmo que no início tenha parecido o fim do mundo.

Para outros, não serão tempos tão fáceis de ultrapassa­r e, como sociedade, teremos de nos apoiar mutuamente. Haverá ajudas estatais e particular­es, e haverá a tendência de, mesmo quem não precisa, pedi-las. Porque nunca imaginamos que talvez alguém que precisa mesmo ficará sem essa ajuda. É neste momento que uma sociedade é posta à prova. E é neste momento que nos tornamos melhores ou não.

As mudanças, para serem perdurávei­s, têm de ser pensadas pausada e profundame­nte e sentimos na GQ Portugal que são tempos para pensar quais as mudanças que uma revista deve adotar hoje em dia para ter significad­o.

Uma edição que parecia só mais uma tornou-se, aos poucos, num exercício de olharmos para nós próprios. Sem perder o ADN do que é ser GQ, que mudanças fazem sentido neste momento para a tornarmos melhor? Qual a periodicid­ade ideal, quais os conteúdos que já não fazem sentido em papel e quais têm de passar a fazer parte? Estas e tantas outras perguntas começaram a surgir nas nossas conversas de redação. E como uma mudança para fazer sentido tem de ser bem pensada e aprofundad­a, vamos fazer uma pausa na sua edição. Gostava de poder dizer já qual a data do coming back, mas não o posso fazer: voltaremos quando sentirmos que estamos prontos para uma nova etapa da GQ em Portugal. Agora, isso sim posso prometer, que tanto eu como a equipa não vamos parar de trabalhar para continuarm­os a fazer o trabalho que acreditamo­s ser de referência em Portugal e no mundo. Só o queremos renovado e com novo vigor. As nossas redes sociais não vão parar, tal como o nosso site, que ganhará novo fôlego. Acompanhar­emos histórias de superação que sirvam de exemplo a todos nós. Tentaremos usar mais vezes uma das armas secretas dos portuguese­s: o humor.

Por último, quero agradecer a toda a equipa da GQ o empenho nesta edição, à Lighthouse e à Condé Nast por aceitarem tão bem a nossa vontade de interrompe­rmos a edição em papel para nos reinventar­mos, poucas editoras teriam essa abertura; à Alba Baptista, o meu obrigado pela sua entrega ao nosso “Change is Good”, dando-lhe um rosto; e, por último, a si que neste momento segura a revista nas mãos. É por si que queremos mudar, para, se possível, nos tornarmos melhores.

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José Santana Diretor GQ Portugal

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