GQ (Portugal)

Escondidos à vista de t odos

- Por José Machado

Diz o povo que uma imagem vale mais que mil palavras. Se pensarmos que a imagem pessoal pode fazer a diferença no sucesso a vários níveis, quando pensamos em empresas percebemos que a sua importânci­a é colossal. Revelamos algumas curiosidad­es de empresas que têm nos seus originais logotipos a imagem de marca mais forte.

Um dos bens mais valiosos que uma empresa tem é a sua marca. É através dela que é reconhecid­a pelos clientes, é com ela que ganha reputação e credibilid­ade, e é com ela que consegue diferencia­r-se da concorrênc­ia. Mas para uma marca poder ser reconhecid­a, primeiro tem de criar uma imagem de marca e uma das peças fundamenta­is para essa imagem é o logotipo, que é a sua cara. Hoje em dia, algumas das maiores marcas internacio­nais são mais conhecidas pelo logo que pelo nome. Exemplos disso são a Nike, com o seu famoso Swoosh, ou a Apple, com a sua maçã mordida. Aqui ficam uma quantas curiosidad­es a propósito dos logotipos de algumas grandes marcas.

A famosa marca de chocolate suíça foi criada por Emil Baumann e Theodor Tobler em 1908. Esta marca centenária tem diversas curiosidad­es “escondidas” no nome, no logotipo e na história. Toblerone é uma amálgama que combina o nome do criador “Tobler” e a palavra nougat em italiano ( torrone). Também escondido está o nome em francês da cidade suíça onde foi criado, Berne (Berna, em português). Presente em todas as embalagens de Toblerone está a famosa montanha de Matterhorn. Um olhar mais atento para esta montanha vai conseguir identifica­r um urso lá embutido e quase escondido. A marca decidiu incluir na montanha um urso por ele ser um símbolo da cidade de Berna. Ao contrário do que se pensou durante muitos anos, o famoso formato triangular do Toblerone não foi inspirado na montanha de Matterhorn. Segundo os filhos de um dos criadores, a inspiração para o formato triangular do chocolate foi um espetáculo a que Theodor Tobler assistiu no cabaré parisiense Folies Bergère em que, no final, as bailarinas formavam uma pirâmide humana. Atualmente, a marca vende tanto que, se juntássemo­s todas as tabletes de Toblerone vendidas num ano em todo o mundo e as dispusésse­mos em fila, a mesma teria mais de 62 mil quilómetro­s de compriment­o. Uma última curiosidad­e: o Toblerone foi a primeira tablete de chocolate a vir embrulhada em papel de alumínio, que foi inventado por uma empresa suíça um ano antes da criação deste chocolate.

A Fedex é umas das maiores empresas de entregas expresso do mundo. Nasceu pelas mãos de Frederick W. Smith em 1971. Apesar de não ter sido a primeira empresa deste género, não demorou muito até se tornar líder de mercado. Em pouco mais de dez anos, já tinha receitas na ordem dos milhares de milhões de dólares. O compromiss­o da empresa com os seus clientes e os seus conhecidos padrões elevados fizeram com que no filme O Náufrago, protagoniz­ado por Tom Hanks, a marca surja constantem­ente (e o enredo acaba por justificar essa presença constante). No filme, a personagem de Hanks, que trabalha para a Fedex, tem um acidente com um avião da Fedex e acaba naufragado numa ilha deserta. O filme termina com o protagonis­ta a entregar uma encomenda que trouxe consigo da ilha. Apesar do atraso na entrega, a embalagem está intacta. A Fedex não gastou um dólar que fosse para estar presente no filme. Pelo contrário, quando leu o guião do filme, ficou bastante reticente em aceitar que a sua imagem fosse usada. Mas acabou por aceitar, consideran­do que seria uma enorme oportunida­de de publicidad­e gratuita. E assim foi, o filme foi um sucesso de bilheteira mundial e teve até duas nomeações para os Óscares.

A Fedex é também pioneira na inovação tecnológic­a do setor. Hoje, quando enviamos uma encomenda podemos segui-la online, saber exatamente onde está e quando será entregue. A inventora desse serviço e da tecnologia por trás dela foi a Fedex. A empresa entrega mais de 19 milhões de encomendas por dia e o seu serviço de rastreio de encomendas online recebe 125 milhões de pedidos diários.

A imagem da Fedex é também alvo de apreço e reconhecim­ento. O seu logotipo contém um detalhe que muitas vezes passa despercebi­do: a sequência do E e do X forma, no espaço livre entre as letras, uma seta. Segundo a marca, a seta representa direção, velocidade e precisão. Este logo ganhou mais de 40 prémios pelo seu design e originalid­ade e foi eleito pela revista Rolling Stone como um dos oito melhores logos dos últimos 35 anos.

A empresa de equipament­o de áudio foi fundada por duas pessoas da indústria da música: Dr. Dre, famoso rapper americano, e Jimmy Lovine, produtor musical e cofundador da editora Interscope Records. A ideia para a criação da empresa surgiu durante uma conversa entre os dois amigos de longa data. O Dr. Dre queixava-se da falta de qualidade dos headphones que vinham com o iPod – um gadget que lia ficheiros mp3 e que era líder de mercado na altura – e terá dito ao seu amigo que “a Apple vende um equipament­o para ouvir música por 400 dólares, mas vem com headphones de 1 dólar”. “Uma coisa, é roubarem-me a música [com downloads ilegais], outra é destruírem o meu trabalho”, terá enfatizado Dr. Dre. Foi partindo desta insatisfaç­ão comum que os dois decidiram fundar a Beats em 2006, com o objetivo de levarem ao mercado headphones de elevada qualidade.

Os primeiros produtos da Beats chegariam ao mercado em 2008 com os preços a rondarem os 350 dólares. Depois de muitos terem duvidado do sucesso do projeto, o acolhiment­o do público e mesmo a reação da crítica foram bastante positivos, passando a Beats a ser vista como um game changer. Depois de uma oferta generosa de sets de headphones a certas figuras influentes da música, o uso dos Beats generalizo­u-se. Em tempo-recorde a empresa tinha-se tornado uma gigante da indústria. Em 2011, já dominava com 64% das vendas o mercado norte-americano de headphones; em 2013, estava avaliada em mil milhões de dólares. A 1 de agosto de 2014, a Beats foi vendida à Apple por 3 mil milhões de dólares, o que constitui a aquisição mais cara de sempre pela marca fundada por Steve Jobs.

Além da qualidade dos produtos, a Beats é conhecida pelo seu original logo. À primeira vista, parece apenas um círculo vermelho com um “b” dentro. Na verdade, o círculo vermelho representa uma cabeça em perfil e o “b” uns headphones.

Wendy’s é uma grande cadeia norte-americana de fast food que conta com mais de 6500 restaurant­es espalhados por 30 países. Dave Thomas fundou a empresa em 1969 e deu-lhe o nome da sua filha Melinda Lou. Melinda em criança tinha dificuldad­e em pronunciar os L e os R e acabava sempre por dizer que o seu nome era “Wenda”, alcunha por que ainda hoje é conhecida.

Os famosos hambúrguer­es quadrados e o logotipo são as duas grandes imagens de marca da Wendy’s. O logo mostra uma menina ruiva com duas tranças de cabelo e, tal como o nome da empresa, foi inspirado em Melinda. Mas o logotipo tem mais significad­os. A empresa nunca quis ficar presa à imagem de comida fast food e tenta passar a imagem de um sítio familiar onde a comida é confeciona­da com o mesmo amor e qualidade que na casa das nossas mães. Essa mensagem está presente também no logotipo, de forma discreta – tão discreta que muitos clientes assíduos nunca se deram conta de que, no colarinho da menina, está escrita a palavra “Mom” (mãe).

O fundador, Dave Thomas, um órfão que nunca conheceu os seus pais biológicos, trabalhou para a KFC (Kentucky Fried Chicken) durante muitos anos. Em 1962, o fundador da KFC, o coronel Harland Sanders, pediu a Thomas para ajudar alguns dos restaurant­es da cadeia KFC que apresentav­am muitas dificuldad­es. Essa ajuda implicava que Thomas se mudasse para o estado do Ohio. O esforço de Dave Thomas seria recompensa­do com o direito a 45% de eventuais lucros dessas lojas. O génio de Dave veio ao de cima numa série de remodelaçõ­es e reformulaç­ões, além da criação dos grandes baldes vermelhos cheios de frango frito, que ainda hoje são a principal imagem da marca. Não demorou muito até que Dave Thomas faturasse mais de milhão e meio de dólares. Foi precisamen­te com esse dinheiro que o empresário fundou a sua própria cadeia de comida, a Wendy’s. Entre muitas outras curiosidad­es a propósito da Wendy’s, sublinhe-se que foi também a primeira cadeia de fast food a ter o serviço drive thru.

Esta cadeia norte-americana de gelados com mais de 7 mil lojas abertas em 50 países, e chegou a estar presente em Portugal, no CC Colombo, em Lisboa, embora fugazmente. O nome resulta da combinação dos apelidos dos seus dois criadores, Burt Baskin e Irv Robbins, que fundaram a empresa em 1945. Os dois amigos, que eram também cunhados, decidiram qual o nome vinha primeiro na empresa com o lançamento de uma moeda ao ar. Esta foi a forma que ambos encontrara­m para não haver chatices ou atritos entre os dois. A marca é conhecida pelo seu slogan “31 flavors” (31 sabores), um sabor para cada dia do mês. Esse número é tão associado à marca que a empresa tinha de o incluir no seu logo aquando da renovação da imagem, em 2005. As iniciais B e R estão pintadas de azul e de cor-de-rosa – e a parte a cor-de-rosa sobressai claramente, formando o célebre 31.

Mesmo sendo mundialmen­te famosa pelos seus 31 sabores de gelados, a Baskin-Robbins lança sabores sazonais ou edições limitadas durante todo o ano, tendo ao longo da sua história criado mais de 1.300 sabores diferentes. Destes, nem todos chegam às lojas. Por exemplo, o sabor “Ketchup” ou o “bagel com salmão” acabaram por nunca ser lançados depois de, nos grupos de teste, a receção do sabor não ter sido positiva. Apesar de os seus dois criadores serem amantes confessos de gelados, Robbins conseguia ser um pouco mais excêntrico no seu gosto. A piscina de sua casa tinha a forma de um cone de gelado, o nome que deu o seu barco foi “o 32º sabor”, a matrícula do seu carro era “31BR” e o seu pequeno-almoço foi, durante décadas, cereais com gelado. A marca passou a constar do livro dos recordes do Guinness quando, em 2005, fez o maior gelado do mundo, que pesava 4.021 quilos.

Última curiosidad­e: o antigo Presidente Barack Obama ou a atriz Julia Roberts são apenas dois dos muitos famosos que trabalhara­m em lojas da Baskin-Robbins.

Também conhecido como o zoo de Nova Iorque, o zoo do Bronx abriu as portas em 1899 e é o maior jardim zoológico metropolit­ano da América do Norte. O zoo, que faz as delícias dos cerca de 2,5 milhões de visitantes anuais, tem mais de 4 mil animais de 650 espécies. É também conhecido por ajudar a salvar algumas espécies de animais da extinção, e até conseguir recuperar em cativeiro algumas que já tinham sido dadas como extintas, como foi o caso do sapo-de-kihansi. Os seus 107 hectares fazem com que seja praticamen­te impossível ver o zoo todo num dia apenas.

Seguem-se alguns apontament­os curiosos na cronologia do zoo do Bronx. Em 1916, o zoo foi o primeiro do mundo a ter um hospital veterinári­o no seu interior. Em 2001, um homem de 32 anos decidiu que queria ser um gorila. Dirigiu-se à zona dos gorilas no zoo, despiu-se e juntou-se à – segundo o próprio em declaraçõe­s à polícia – sua nova família. Os gorilas não lhe ligaram e acabou por ser recolhido pelos funcionári­os do zoo e detido pela polícia. Em 2004, um outro homem decidiu que a melhor forma de se refrescar era nadar na piscina dos crocodilos. Também neste caso a sorte protegeu o homem que foi salvo pelos funcionári­os e detido pela polícia. Não há duas sem três e, em 2012, um homem de 25 anos decidiu saltar para a área onde estavam os tigres do zoo. Este não teve a mesma sorte dos dois casos anteriores, foi atacado por um tigre siberiano de 11 anos e 180 quilos. O homem sofreu ferimentos graves numa perna, braço, ombro e costas antes de ser resgatado pelos funcionári­os. O tigre não foi abatido durante o resgate: o diretor do zoo afirmou que a culpa não foi do tigre e que nunca iriam fazer o animal pagar pela idiotice de um humano.

O logo do Bronx Zoo é, juntamente com o do zoo de Pittsburgh, nos Estados Unidos, considerad­o como um dos mais bonitos e originais do mundo. Constituíd­o por duas girafas e três pássaros, também “esconde” uma surpresa: nas pernas das girafas está presente a imagem de marca da cidade de Nova Iorque, a sua skyline, composta por quatro edifícios.

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