MIGUEL ROCHA VIEIRA
Fala-nos de um momento em que sentiste mudança. O dia em que tomámos a decisão de fechar as portas do primeiro restaurante devido à pandemia, foi um momento de mudança. É uma memória, naturalmente, ainda muito presente, por ser recente e porque ainda a estamos a viver.
Acho que, por termos sentido em Budapeste o primeiro grande impacto desta mudança ligeiramente mais tarde do que noutros países, e porque até conseguimos gerir a situação de forma controlada, o sentimento de mudança profunda também nos bateu mais atrasado. Mas parece-me que agora não restam dúvidas de que o mundo mudou.
O que é que é preciso mudar já? E qual é o primeiro passo para essa mudança? O egoísmo. Tenho a sensação de que as pessoas estão cada vez mais egoístas. Olham apenas para o seu umbigo e agem apenas de acordo com os seus próprios interesses. Pergunto-me, de que serve construirmos cegamente o nosso bem se os que nos rodeiam não estão a construir o mesmo? Parece-me que o primeiro passo é reconhecermos que nos estamos a afastar, a isolar e a desintegrar enquanto sociedade. Depois, devemos reconstruir a forma como aplicamos, na vida, alguns valores que se têm perdido.
O que é que achas que nunca devia mudar? A receita dos pastéis de nata da Manteigaria.
O que é que mudavas em ti? Não sei se faria uma mudança total porque em determinadas circunstâncias até dá jeito, mas atenuava um bocado o mau feitio que, por vezes, se apodera de mim.