GQ (Portugal)

R18, A BM W PARA DESFRUTAR DA ESTRADA

Ismael de Jesus fez-se ao asfalto para sentir, na prática, o que é conduzir esta novidade da BMW Motorrad.

- Por Diego Armés, com Ismael de Jesus. Fotografia por João Saudade.

Anunciada em março e com apresentaç­ão agendada para abril, só agora pudemos ver de perto a R18 da BMW Motorrad. Aproveitám­os e até demos uma voltinha. Ismael de Jesus, o diretor de vídeo que acumula funções de expert em veículos motorizado­s, não enjeitou a possibilid­ade de se passear pelas estradas da serra de Sintra e arredores.

Primeiro, as apresentaç­ões. A R18 inspira-se na história recuperand­o elementos – estéticos e não só – da icónica BMW R5 para chegar a esta Cruiser robusta e poderosa. O motor boxer, com 91CV de potência, é o de maior cilindrada alguma vez construído pela BMW: são 1.800 centímetro­s cúbicos – que inspiram a designação “R18” da moto.

A PROVA

“É uma mota obviamente bonita”, atira Ismael para início de conversa. O perfil alongado e baixo, o depósito em forma de lágrima, as duas linhas brancas icónicas da BMW, o motor proeminent­e e reluzente, tudo nesta Cruiser tem um apelo de “vem daí, faz-te à estrada, vamos contemplar o mundo”. Portanto, não há como discordar de Ismael: é obviamente bonita.

Em relação ao motor, o nosso piloto tem opiniões mistas. “O motor Boxer é altamente divertido”, diz e exemplific­a: “Ao ser ligado, e no início da aceleração, faz a mota inclinar-se para os lados.” Este efeito é habitual neste tipo de motores, porém na R18 é mais acentuado – e posto desta maneira, não parece lá muito divertido. “O facto de trabalhar horizontal­mente, depois de passada a questão que falei acima, provoca uma sensação de equilíbrio incrível.” Ah, bom. “Tem um efeito semelhante ao que os Segways têm, está sempre a querer manter-se em pé”, explica. Ismael acrescenta que, por se tratar de um motor com 1.800 cc, “a sua força é incrível”. “Permite conduzir a muito baixa rotação e requer muito menos mudanças de caixa comparaNdo-a com outras do segmento.”

O entusiasmo do nosso homem da prova não se deixa, porém, iludir: há pontos negativos neste motor – ou por causa dele –, detalhes que podiam ser diferentes, e para melhor. “Por ser um motor Boxer, implica que os pedais estejam mais atrás do que seria o normal neste tipo de motas”, começa por dizer. “Isto torna a posição de condução, para o meu gosto, mais agradável”, continua, e dá a ideia de que, afinal, está tudo bem. Não está. Ismael está a pensar em quem gosta de conduzir motos Cruiser. Os “mais arrojados”, que “inclinam mais as motas nas curvas”, correm mais riscos, uma vez que é mais fácil os patins tocarem no chão – o que, obviamente, pode ser desastroso.

COM MAIS DETALHE

Voltamos à estética e Ismael afirma, sem réstia de dúvida, que se trata de uma mota linda. “Não para o meu gosto, mas só por não ser o meu género preferido. De resto, dentro do segmento é das mais bonitas.” Ficou claro. Acresce que se trata de um modelo personaliz­ável. Obviamente isso tem um custo, mas em princípio quem opta pela R18 não o faz por se tratar de um modelo económico, ou mais em conta, portanto, essa é uma questão acessória. “Impõe muito respeito”, sublinha o nosso piloto. “Não houve um motard que passasse por mim sem me levantar a mão, coisa que nunca acontece quando vou na minha scooter”, conta um Ismael visivelmen­te impression­ado, antes de acrescenta­r que, do mesmo modo, nenhum automobili­sta se atreveu a buzinar-lhe por alguma asneira que tivesse feito – “e não faltaram oportunida­des”.

A posição do botão dos piscas merece uma reclamação veemente: “Fica irritantem­ente fora do que seria normal.” Voltando às caracterís­ticas e ao comportame­nto do motor, Ismael assinala que, a partir das 2.700 RPM, “a trepidação dispara substancia­lmente”. Mas, por outro lado, o facto de os pedais ficarem mesmo atrás desse mesmo motor “faz com que haja sempre um aqueciment­o de pernas e pés”. Isso pode ser muito agradável no inverno, embora no verão possa ter o efeito oposto. “Isto acontece na maioria das motas, mas neste é mais intenso.”

Há mais reparos a fazer, por exemplo, em relação às suspensões, principalm­ente para a traseira. O travão da frente tem duas avaliações distintas. “É muito bom, mas a manete tem muito free play – há uma boa parte do curso em que não acontece grande travagem e depois reage mais repentinam­ente; tem algum ajuste, mas nunca se livra desta caracterís­tica”, explica. Por fim, o barulho da mota, a que a BMW dá alguma ênfase. “Durante a condução, não me pôs o sangue a ferver”, concretiza Ismael.

ALGUMAS CURIOSIDAD­ES

Numa moto destas, obviamente que há detalhes que fazem diferença. Pode até nem se tratar de algo essencial, podem ser detalhes sem grande importânci­a – mas são detalhes que poderão fazer diferença quando alguém se senta numa máquina desta dimensão e com estas caracterís­ticas. Ismael tomou nota de alguns desses detalhes. “Há uma função para fazer marcha-atrás utilizando o motor de arranque. É espetacula­r para quando a mota está ligeiramen­te inclinada tendo em conta que pesa 350 quilos.”

Depois, há a questão dos punhos aquecidos, que têm três níveis de aqueciment­o. “O nível 1 é muito confortáve­l”, diz Ismael, e afirma que o nível 2, em Portugal, não tem grande utilidade. Já o nível 3 “dá para cozinhar ovos”. Fica a nota.

Um piloto espirituos­o é assim mesmo, basta perceber a forma como observa a dimensão do motor da R18: “É maior do que o do meu carro.” Toma ainda notas acerca do farol traseiro, “não há um central, como na maioria das motas; há apenas dois laterais que fazem todo o tipo de iluminação”. Por fim, apercebe-se de algo que fará toda a diferença: “Há três modos de condução.” Até aqui, tudo normal. O prestige vem, como pertence, no fim: os modos são Rain, Roll e Rock. “Foi a única moto que conduzi cujos modos, em conjunto, fazem ‘Rock ‘n’ Roll’.”

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