GQ (Portugal)

JOEY BADASS É UM NUM MILHÃO

Quase pareceria exagero se o rapper americano não tivesse sido escolhido para ser um dos rostos de uma das mais recentes fragrância­s da Paco Rabanne.

- Por Fábio Lopes Conguito com Ana Saldanha

Aproveitám­os uma passagem por Nova Iorque – no tempo em que essas aventuras ainda eram possíveis – para trocar dois dedos de conversa com Joey Badass (estilizado como Bada$$). A conversa, passada em plena land of the brave, home of the free, foi sobre o perfume 1 Million e a respetiva campanha, claro, mas também sobre música, representa­ção e ainda demos um pulo à política norte-americana.

A conversa começou com um regresso a 2012 e ao videoclipe da música Hilary Swank – português que é português não perde uma oportunida­de para falar de bola – em que Joey aparece com uma camisola da seleção nacional portuguesa. “Nessa altura eu adorava usar camisolas de equipas de futebol e achei que essa era mesmo fixe. Lembro-me de a usar e, honestamen­te, era ignorante no assunto então não percebia o porquê da atenção, pensava que era por isso que os portuguese­s gostavam de mim”, conta o rapper.

Portugal à parte, no momento da conversa as eleições americanas estavam ainda menos decididas do que estão hoje – e de um artista que lançou em 2017 um álbum chamado All-Amerikkkan Badass, numa mais que óbvia referência à América racista de Trump, não esperávamo­s neutralida­de quanto à questão. Mas também não esperávamo­s um soundbite como “a América é o melhor pior país do mundo”, afirmado com um misto de graça e sobranceri­a. “As coisas estão sempre a mudar, sabes. O mundo é maleável, fantástico e adaptável. Então, está sempre a mudar para melhor e para pior, ao mesmo tempo”, acrescenta.

Foi esse o álbum que solidifico­u a posição do rapper nova-iorquino, mas a estreia fez-se com B4.Da.$$ (não, não se lê Badass, é forma estilizada para Before the Money). Depois da música veio a representa­ção, apesar de Joey ter afirmado numa entrevista em 2016 que sempre quis ser ator. A oportunida­de “a sério” chegou em março desse mesmo ano com um convite para participar na série Mr. Robot e ser um amigo próximo de Elliot (o protagonis­ta interpreta­do por Rami Malek). “Foi sempre uma paixão minha e, na realidade, tenho feito muita coisa do género. Fiz o Mr. Robot, Wu-Tang, Grown-ish, um programa chamado Boomerang…” conta o cantor. A pandemia trocou-lhe as voltas, deixou pendentes os projetos de acting e fez acelerar o lançamento de um EP com três músicas chamado The Light Pack.

Joey, no registo Jo-Vaughn, é filho de imigrantes de primeira geração – a mãe é da ilha de Santa Lúcia, nas Caraíbas, e o pai é jamaicano – e o convite da Paco Rabanne chegou como prova de sucesso e realização de um sonho que nem estava lá. “Significa que tudo é possível, sabes? Pelo sítio de onde venho, nunca pensei que fosse possível ver a minha cara associada a um perfume um dia. Nunca pensei que a minha família pudesse entrar num centro comercial ou num aeroporto e ver a minha cara numa marca de perfume. Portanto, para mim significa que tudo é possível e que a nossa visão e os nossos sonhos não têm limites”, conta.

“A minha principal missão e propósito neste mundo é inspirar e fico sempre feliz por saber que o meu trabalho é tão bem recebido”, afirma o artista. E o convite chegou também porque o rapper personific­a a mensagem do perfume 1 Million. “There are two kinds of men. The ones who take risks. And the ones who watch” (em português: há dois tipos de homens, os que arriscam e os que ficam a ver), é um dos motes da campanha que vem reinventar o perfume mantendo o mesmo carisma, o mesmo fascínio, a mesma atitude e a mesma fragrância caracterís­tica, como explica a marca. O objetivo é representa­r a nova geração 1 Million, que nasce 12 anos após o primeiro lançamento do perfume. ●

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