GQ (Portugal)

O tempo das nossas vidas

- POR JOSÉ MACHADO E DIEGO ARMÉS

ESPECIAL REERIMOS O NOSSO PLAFOND.

Os números aqui apresentad­os foram recolhidos de vários estudos estatístic­os e refletem médias estabeleci­das a partir da esperança média de vida em países como o Reino Unido, os Estados Unidos da América e Portugal. Não adianta somar os números para concluir que vivemos, em média, 132 anos. O que aqui se apresenta são tendências estimadas que nos ajudam a olhar para o bolo das nossas vidas partido em fatias de diferentes espessuras.

A DAY IN THE LIFE

●Gastamos, no Ocidente, três anos das nossas vidas nas redes sociais.

●Passamos 10.625 dias a olhar para ecrãs de dispositiv­os tecnológic­os – de smartphone, de computador, etc. Estes 10.625 dias são 29 anos e um mês, mais ou menos.

●Segundo a Universida­de Texas A&M, um americano médio passa 38 horas por ano parado no trânsito (em grandes metrópoles, como Los Angeles ou Chicago, esse número pode ultrapassa­r as 60 horas anuais).

●Segundo um estudo norte-americano, passamos 27 dias da nossa vida à espera de transporte­s públicos.

●Ou seja, caso uma pessoa tenha

de se deslocar (para o trabalho, por exemplo) durante 30 anos, 38 horas por ano representa­m 47 dias e meio. Conclusão: mais vale esperar pelos transporte­s públicos, desperdiça-se menos tempo de vida.

● Em Portugal, o cidadão comum dedica, em média, cinco minutos por dia a uma atividade espiritual, como rezar. São cerca de 30 horas por ano. Ao fim de 60 anos são 75 dias inteiros.

●Em relação ao exercício físico, os estudos divergem: uns apontam para meio ano de exercício ao longo de uma vida inteira; outros vão mais longe e dizem que nos exercitamo­s, em média, durante um ano e quatro meses.

NA CASA DE BANHO

● Se seguirmos as recomendaç­ões dos dentistas e escovarmos os dentes duas vezes por dia, durante dois minutos de cada vez, gastamos 83 dias de vida a lavar os dentes.

● Já no duche passamos o dobro do tempo, se demorarmos em média oito minutos diários: são 166 dias da vida que vão pelo ralo.

● Os homens passam cerca de 285 dias da sua vida na sanita. As mulheres gastam por volta de 225.

VIVER DESCANSADO

● Segundo a OCDE, 26 anos da nossa vida são passados a dormir.

● Mas isso não é o pior: um estudo canadiano diz que gastamos sete anos deitados na cama a tentar adormecer.

● Passamos ainda 7.709 dias da nossa vida sentados (em casa, no trabalho, no carro), o que correspond­e a pouco mais de 21 anos. Cruzando os estudos e a não ser que aproveitem­os para dormir enquanto estamos sentados, começamos a perceber que talvez a nossa vida não seja tão preenchida quanto pensávamos.

● Passamos três anos em férias – a maior parte dos quais, está bom de ver, são gastos ora sentados, ora a dormir, ora acumulando ambas as funções.

● Quanto a lazer, os portuguese­s apresentam bons números: são 61 dias por ano, no total, dedicados ao que nos dá prazer, à razão de quatro horas por dia. Ao fim de uma vida, dá por volta de 11 anos de lazer. Nada mau.

À MESA

● No Reino Unido, o cidadão comum passa quatro anos e seis meses a comer.

● Os portuguese­s passam cinco anos e dois meses à mesa, a comer e a beber.

● Um norte-americano médio gasta quatro anos e quatro meses em refeições. Não é à toa que inventaram o conceito de fast food.

CONSUMO LIBIDINOSO

● Passamos 117 dias da nossa vida a ter sexo. Acha este número exagerado? Pense bem.

● Excluindo aqueles que são fruto do prazer autoinflig­ido, os orgasmos perfazem um total de nove horas na vida de um homem, à média de 12,4 segundos por evento.

● Na mesma modalidade, ou seja, sem ser a solo, as mulheres, cujos orgasmos são mais duradouros do que os dos homens, têm apenas uma hora e meia de plena satisfação ao longo da vida. Alguma coisa não anda a ser bem feita.

● Agora, sim: a masturbaçã­o. Segundo o PornHub – sim, sim, claro que não sabe o que é o PornHub, nós explicamos: é uma plataforma digital dedicada à pornografi­a, pronto –, os utilizador­es permanecem, em média, 10 minutos e 13 segundos por dia no site. São dois dias e meio por ano (os números para os teenagers são, sem surprel sa, bastante superiores: são 10 meses ao longo da adolescênc­ia). No fim da vida e em média, um ser humano terá passado mais tempo a ver pornografi­a do que a praticar sexo com outras pessoas.

HOMENS VS. MULHERES

● As crianças com menos de 6 anos exigem dos seus cuidadores muito tempo, logicament­e. Mas esse tempo ainda não é distribuíd­o equitativa­mente: as mulheres gastam cerca 100 minutos por dia, enquanto os homens não despendem de mais de 27.

● Os homens queixam-se frequentem­ente do tempo que passam à espera que as mulheres se despachem, que acabem de se arranjar, de se maquilhar, de escolher a roupa, enfim, de acharem que estão suficiente­mente bem para se apresentar­em ao mundo. Com razão? Sem razão? No total, cada mulher gasta, em média, 136 dias a arranjar-se ao longo da vida.

●Os homens investem 46 dias com a mesma finalidade (e, especulamo­s nós, 70% desse tempo é passado à procura do raio da outra meia, onde é que ela se enfiou, parece que se evaporam).

●Os homens gastam quatro meses das suas vidas a fazer a barba. Bom, isto é uma média. Basta uma incursão pelo centro das nossas cidades para se perceber que talvez não seja bem assim.

● Uma mulher despende um ano

da sua vida a escolher roupa para comprar (passando oito anos e meio às compras).

● As mulheres investem também nos cuidados com o cabelo: é um ano e cinco meses de dedicação ao longo da vida. Os portuguese­s passam, em média,

● 38,2 anos a trabalhar: os homens 39,6 anos; as mulheres, 36,8 anos. Porém, se falarmos em trabalho não remunerado – por exemplo, nas tarefas domésticas –, os papéis invertem-se (o mais dramático é que não constitui surpresa). As mulheres passam, em média, cinco horas e 46 minutos por dia em tarefas não remunerada­s, enquanto os homens gastam nessas tarefas pouco mais de hora e meia. ●

Excluindo aqueles que são fruto do prazer autoinflig­ido, os orgasmos perfazem um total de 9 horas na vida de um homem, à média de 12,4 segundos por evento

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