Relojoaria de A a Z
O TRADICIONAL GLOSSÁRIO BREVE DA GQ, AGORA REVISTO E ATUALIZADO
A
ABERTURA
Pequena, ou pequenas, janela(s) no mostrador do relógio onde se encontram as informações relativamente ao dia do mês, da semana ou ambos, entre outras possibilidades.
AJUSTE
Um relógio, principalmente um relógio mecânico, é uma máquina de precisão sensível, o que faz com que ocorram diversos erros (lá chegaremos). O ajuste é o procedimento de calibragem da máquina. Como os erros podem ser de ordens diversas, assim também são os ajustes.
ALTERNÂNCIA
Pondo as coisas de uma maneira fácil: é o tique e o taque do relógio; os tiques e os taques perfazem, em conjunto, a oscilação. Uma oscilação é composta por duas alternâncias.
AMPLITUDE
É o ângulo máximo atingido pelo balanço, contado a partir da sua posição de descanso.
ÂNCORA
Chama-se assim pois parece precisamente uma âncora em cujas extremidades se encontram os rubis. É uma peça que integra o sistema de escape (ver mais à frente).
AUTOMÁTICO (RELÓGIO)
É relógio mecânico (explicação adiante) que não requer outra fonte de energia para além do movimento do pulso de quem o usa. Esse movimento faz oscilar o rotor
(lá chegaremos, também), o que lhe “dá corda”.
B
BALANÇO
É aqui que tudo acontece quanto à medição do tempo. Esta é a parte fundamental do sistema que controla a cadência com que a mola principal da corda se desenrola, permitindo o movimento das engrenagens de uma forma predeterminada e controlada.
BISEL
É o aro na parte superior da caixa onde se colocam escalas extras de marcação e medição. Pode ser unidirecional (fixo) ou bidirecional (móvel).
C
CALENDÁRIO
Parece simples, mas, na verdade, há mais do que um tipo de calendário. O normal tem 31 dias a andar à roda, sendo necessário fazer-lhe o ajuste nos meses de 30 dias e no mês de fevereiro. Depois existem os anuais, que reconhecem os meses do ano, mas que requerem acerto de 4 em 4 anos, pois não identificam os anos bissextos. Por fim, os perpétuos possuem mecanismos que identificam os meses de 30 ou de 31 dias, para além dos anos bissextos, corrigindo automaticamente as datas.
CALIBRE
É uma medida, um tamanho, que identifica um determinado tipo de movimento e que pode ser expresso em milímetros ou em linhas (1 linha = 2,25 mm). O calibre é uma assinatura da marca fabricante.
CHIFRES
São as peças salientes da caixa do relógio, nas quais se encaixam as braceletes.
COMPLICAÇÕES
Todas as informações fornecidas pelo relógio, além da medição de horas, minutos e segundos. Os calendários, os cronógrafos, a repetição (complicação sonora), ou os alarmes são alguns exemplos de complicações.
COROA
Botão que habitualmente se situa nas 3 horas e que serve para acertar as horas, quando puxado para fora, e para “dar corda” ao relógio.
C.O.S.C.
Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres.
CÔTES DE GENÈVE
São marcas regulares, normalmente paralelas, que decoram certas peças do mecanismo. Muitas vezes, não são visíveis.
CRONÓGRAFO
Relógio equipado com funções de medição de tempo específico, para além da função de marcar as 24 horas do dia. Possui botões laterais para acionar essas medições específicas que, normalmente, são exibidas em pequenas janelas interiores. É diferente de um cronómetro.
CRONÓMETRO
Também pode ser visto como um cronógrafo, embora não tenha a função de dar as 24 horas do dia, servindo apenas para marcar intervalos de tempo. Acresce que um cronómetro de movimento mecânico é um cronógrafo de elevadíssima precisão que requer o selo de qualidade emitido pelo C.O.S.C.
D
DIRECT-DRIVE OU TROTTEUSE É um ponteiro dos segundos que dá pequenos saltos para se deslocar.
E
EQUAÇÃO DO TEMPO
É uma complicação que existe apenas em alguns relógios. Serve para, de forma gráfica, apresentar a diferença entre o tempo solar e o tempo medido.
ESCALAS
São maneiras de medir o tempo e/ou o espaço recorrendo a um cronógrafo. Existem as escalas Taquimétrica, Telemétrica e Pulsométrica.
ESCAPE
É o mecanismo que mantém as oscilações do balanço. O escape de âncora é o mais comum. Funciona com um sistema de rodas dentadas: tambor, roda central, terceira roda, quarta roda e, por fim, a roda de escape que, conjugada com a âncora, liberta energia.
ESPIRAL
Juntamente com o balanço, constitui o sistema regulador do movimento de um relógio. Trata-se de uma mola fina e, sem surpresas, espiralada fixada entre a roda e a ponte do balanço. É, hoje em dia, feita de Nivarox.
ESQUELETO
Diz-se de um relógio que tem esqueleto à mostra quando o mecanismo, ou parte dele, é visível.
ERROS
São vários, mas consistem sempre no mesmo: a marcha do relógio, isto é, a sua cadência é alterada. Podem ser de ordem barométrica (diferenças de pressão), térmica (é complexo, mas consiste numa alteração da elasticidade da mola de balanço devido à temperatura), ou de posição (há posições que adulteram a marcha e que requerem posterior ajuste da máquina). Os relógios podem também sofrer alterações por causa do magnetismo.
ESTANQUIDADE
É uma característica que inspira cuidados. O nível de estanquidade é determinado pela resistência da caixa à água e às profundidades. Grande parte dos relógios não resiste a muito mais do que às gotas do dia a dia – lavar as mãos e pouco mais. Um relógio resistente ou à prova de água aguentará algumas atividades aquáticas, mas tudo à superfície – fazer surf, nadar, etc. Para mergulhar, é preciso ter um relógio apropriado ao mergulho.
F
FREQUÊNCIA
Falámos de alternância, de balanço e de escape. A frequência está associada a todos eles. Um balanço tem uma determinada frequência, e quanto maior esta for, maior será a precisão do relógio. Por exemplo, se, por hipótese absurda só para que se perceba, um balanço tivesse uma frequência de 60 movimentos por minuto (3.600 por hora), um movimento incompleto fá-lo-ia perder imediatamente um segundo. Hoje em dia, é normal um calibre de excelência ter uma frequência de 28.000 balanços por hora (4 Hz).
G
GUILLOCHÉ
É uma técnica decorativa que consiste na gravação de finas formas geométricas, em sulcos, nas caixas e nos mostradores dos relógios.
H
HORAS SALTITANTES
É só uma maneira diferente de mostrar as horas. Em vez de existir o ponteiro comum que se vai deslocando lentamente entre dois pontos ao longo de 60 minutos, aqui as horas são mostradas em dígitos que mudam bruscamente quando o ponteiro dos minutos completa mais uma volta ao relógio, acionando um gatilho que faz disparar o novo número.
L
LINHA
Medida de calibre que corresponde a 2,25 milímetros.
M
MECÂNICO (RELÓGIO)
É um relógio que funciona com um mecanismo “de corda”, que pode, ou não, ser automático e que, por norma, é de escape.
MOLA PRINCIPAL
É a chamada “corda” e consiste numa fita metálica de secção retangular, enrolada em forma de espiral, que se vai libertando, o que faz com que todo o mecanismo funcione.
MOVIMENTO
É o mecanismo interno do relógio completo. Mostrador e caixa não são parte do movimento.
N
NIVAROX
Liga metálica com que se fabricam as molas em espiral. Tem várias particularidades que fazem dela uma boa escolha: é inoxidável e imune quer ao magnetismo quer às oscilações de temperatura.
P
PALHETA
Feitas, normalmente, de rubi, são as peças através das quais os dentes das rodas dão impulso ao balanço.
PONTE
É sobre a ponte, alojada na parte traseira do relógio, fixada nas duas extremidades, que estão assentes os elementos rotativos do relógio.
PUNÇÃO DE GENEBRA
Marca gravada nos movimentos mecânicos apenas dos relógios fabricados no cantão de Genebra.
Q
QUARTZO (RELÓGIO DE)
Não tem corda, funciona através de um impulso elétrico por meio de uma bateria, vulgo pilha.
O quartzo é um minério piezelétrico, o que faz com que vibre com uma frequência, ou ressonância, fixa determinada pelo seu corte e delapidação. É esta ressonância, amplificada por um sistema eletrónico, que vai contar o tempo. É muito mais rigoroso e fiável do que o relógio mecânico – mas também menos belo e mais simples.
R
ACK
Cada uma das peças redondas que se movimentam de modo a dar as horas, os minutos e os segundos.
RATRAPANTE (CRONÓGRAFO) Sistema que permite fazer duas contagens de tempo diferentes em simultâneo, acionando um segundo ponteiro dos segundos, habitualmente oculto atrás do principal.
RESERVA DE MARCHA
Quantidade de energia contida na mola principal, ou corda. Há complicações que mostram a reserva de marcha, o que permite ao utilizador saber quanto tempo lhe resta de energia na mola principal.
RETRÓGRADO
São os ponteiros que se movem do maior para o menor número, portanto, em contagem decrescente. Os indicadores de reserva de marcha, quando existem, são retrógrados.
S
SUPERLUMINOVA
Material luminescente aplicado nos ponteiros e nos mostradores dos relógios, para permitir sua visualização no escuro.
T
TAMBOR
A primeira das várias rodas do mecanismo e aquela em que se encaixa a mola principal. É o tambor, impulsionado pelo desenrolamento da mola, que aciona todo o trem de engrenagens.
TRÍTIO
O terceiro isótopo do hidrogénio tem a extraordinária capacidade de emitir radiação, no caso, raios beta. Isto, por si só, não faria nada, porém, se o espelho do mostrador contiver fósforo, a radiação irá atuar sobre este, causando fosforescência e permitir que consigamos ver as horas mesmo na ausência total de luz.
TURBILHÃO
Expoente máximo da relojoaria do ponto de vista de quem explica, consiste numa espécie de gaiola de segurança que contém o sistema de escape e o balanço do relógio.
Foi inventado pelo grande mestre relojoeiro Abraham Louis Breguet no último quartel do século XVIII e tem como finalidade compensar as perturbações gravitacionais resultantes dos movimentos e das posições, recorrendo a um complexo sistema de compensação em que pêndulo, ou balanço, e escape rodam um sobre o outro ou em torno um do outro.