O CULTO DOS SNEAKERS
A Taschen lançou recentemente um álbum dedicado aos colecionadores fanáticos de sapatilhas. Folhear Sneaker Freaker. World’s Greatest Sneaker Collectors é entrar num mundo muito particular, feito de devoção, de caos, de lendas e de história.
Antes de falarmos da obra, importa desvendar quem é o autor. Simon “Woody” Wood fundou, em 2002, a partir de Melbourne, na Austrália, a Sneaker Freaker, primeira revista internacional do mundo exclusivamente dedicada aos sneakers, calçado desportivo que, por cá, vai dividindo uma nação em dois, os que chamam ténis às sapatilhas e os que chamam às sapatilhas ténis. Esse dilema nunca se pôs para Woody, que não só chama a todo este tipo de sapato “sneaker” como também está muito mais concentrado em explorar as novidades, as parcerias, as versões especiais e
custom, as novidades e as edições especiais que chegam ao mercado do que em debater se se diz de uma ou de outra maneira.
Apresentado o autor, percebe-se facilmente ao que vem o livro, até porque o título deriva diretamente do nome da revista:
Sneaker Freaker. World’s Greatest Sneaker Collectors é um guia épico para os maiores colecionadores de sneakers de todo o mundo.
O álbum reúne, nas suas impressionantes 752 páginas, imagens e relatos de lojas, stocks e colecionadores de todo o mundo, construindo uma viagem apaixonada e apaixonante a essa divisão do mundo da moda que ganha contornos de culto quando espreitamos as coleções dos verdadeiros aficionados.
De Tóquio a Nova Iorque, passando por Londres, ou de Melbourne a Stjørdal, não há uma sola desfeita que fique por revelar no meio destes mais de 2.500 pares de ténis – ok, nós cedemos –, que incluem clássicos vintage, modelos específicos para atletas de alta competição, amostras que são impossíveis de obter, protótipos feitos à mão, colaborações que resultaram em preços de mercado – e mercado secundário – estratosféricos e ainda modelos exclusivos de atletas e usados em campo, tais como um par de Air Jordan usado pelo próprio Michael Jordan até ao limite do desgaste – e que hoje, se fosse posto à venda, ostentaria uma etiqueta com um preço de vários milhões de dólares.
No fim da história, há uma ideia que sobressai: os colecionadores de sneakers vivem em constante demanda pelo seu “Santo Graal”, aquele par de ténis específico que ainda não têm e pelo qual são capazes de quase tudo - negociar, trocar, lutar, enganar, enfim, o que for preciso para conseguirem chegar até ao objeto mais cobiçado. A acompanhar as imagens, o autor juntou depoimentos e dicas – de venda e revenda, procura e negociação – de “how to” partilhadas por verdadeiros profissionais do colecionismo. Além da componente de entretenimento do próprio livro, as experiências partilhadas não têm preço. ●
1. Julien Pradeyrol, mais conhecido como Teki Latex, é um DJ e empresário musical sediado em Paris, com um profundo apreço por vestuário tecnológico e calçado de rasto. Talvez não o encontre a fazer a Grande Travessia dos Alpes, mas Teki é um apaixonado por marcas de expedições vintage japonesas, e tem uma montanha de pares em segunda mão atrás de si. © Pete Casta. 2. A paixão de toda a vida de Gary Aspden pela Adidas conduziu-o a um cargo na marca, onde trabalhou na colaboração original com a BAPE em 2003 e é hoje o curador da coleção Special. Com um grupo de amigos, fez uma viagem louca até à Argentina, onde uma loja de desporto tinha permanecido intocada desde os anos de 1980. Com pilhas de caixas Adidas empoeiradas, era provavelmente um dos últimos tesouros de marcas específicas como esta que restavam no mundo. © Neil Bedford.
3. @bradqualityhd.tv. © Brandon. 4. Tommy Rebel, em Polo e Nike ACG e Air Max Silver Bullets, ama ténis como algumas pessoas amam respirar fundo e outrora conseguiu o único par de Air Stabs revestidos a ouro de 24 quilates no mundo. Depois de vender quase toda a sua coleção, é o único par de que nunca se desfez. © Tommy Rebel.