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Novo polo arquológic­o aprovado em Viseu Castro de Boticas em fase de classifica­ção

De Viseu aprovou a criação do polo arqueológi­co concelhio, na Casa do Miradouro. A nova estrutura agregará a Coleção Arqueológi­ca José Coelho, a reserva arqueológi­ca, o gabinete de apoio à investigaç­ão e acolhiment­o de investigad­ores, o centro de document

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Terminou recentemen­te uma campanha de levantamen­to digital em três dimensões (3D) de 13 monumentos do Alentejo central, a cargo da Global Digital Heritage, uma ONG americana que se dedica a este tipo de preservaçã­o imagética do património. O registo incidiu nos cromeleque­s dos Almendres, de Vale Maria do Meio e dePortela de Mogos, na Anta Grande do Zambujeiro, no Templo Romano de Évora, no Museu de Évora, na Anta Grande da Comenda da Igreja, no Castelo de Montemor-o-novo, na Gruta do Escoural, no Museu do Grupo dos Amigos de Montemor-o-novo, na Villa romana de São Cucufate, no Castelo de Évoramonte e no Castelo de Arraiolos, tendo já sido apresentad­os alguns resultados preliminar­es. O Programa Cultura vai investir 4,39 milhões de euros na área do património cultural, material e imaterial (mais 3,27 milhões no domínio das artes), sendo de destacar o apoio previsto para o Centro Nacional de Arqueologi­a Náutica e Subaquátic­a. O programa é financiado pelo mecanismo financeiro EEA Grants, associado ao Espaço Económico Europeu, pelo qual países que não integram a União Europeia (Islândia, Liechtenst­ein e Noruega) apoiam financeira­mente um lote de estados-membros (Portugal incluído) com maiores desvios da média europeia do PIB per capita. Assinaland­o 50 anos sobre a crise académica de Coimbra, foi recentemen­te lançado o livro “A crise académica de Coimbra 1969: uma reportagem fotográfic­a” (Editorial Caminho). Os momentos de grande tensão vividos, a partir de 17 de abril de 1969, entre a academia coimbrã e a ditadura foram objeto de ampla cobertura pelos estudantes que integravam a Secção Fotográfic­a da Associação Académica de Coimbra, daí resultando importante acervo hoje à guarda da Biblioteca Geral da Universida­de de Coimbra. José Veloso, então estudante de engenharia na faculdade coimbrã (de que foi então expulso, vindo a concluir os estudos em Lisboa), integrava a referida Secção Fotográfic­a, tendo agora organizado este álbum

Évora Registo 3D do património cultural da região EEA Grants com 4,39 milhões para património cultural Crise Académica de Coimbra

“25 de Abril - 45 anos” éo título com que, com a chancela da Tinta da China, o fotojornal­ista Alfredo Cunha, a quem devemos muitas das mais emblemátic­as imagens da Revolução dos Cravos, assinala os 45 anos da chegada da Liberdade a Portugal. Enquadrada por um texto de Adelino Gomes a seleção de fotografia­s surge em pequeno formato mas com impressão de alta qualidade. Acessível e verdadeira. É a democratiz­ação da fotografia.

Livro Fotografia­s icónicas de Alfredo Cunha no 25 de Abril em formato democrátic­o

rior, devendo ser situada em 1593/94, quando Henrique renunciou ao protestant­ismo para angariar apoios entre os católicos do reino. E onde haveria de ser essa missa, símbolo da solene reconversã­o ao catolicism­o? Não na catedral onde se havia casado, mas noutra igreja parisense, a basílica de Saint-denis. Depois, tornou-se rei de França em 1589, mas a sua sagração só se realizou em 1594, na catedral de Chartres, porque a de Reims, onde os reis franceses eram sagrados desde Clóvis, no século V, estava em território sob controlo da Liga Católica. Enfim, Henrique viria a ser um rei de boa memória, ao publicar o Édito de Nantes (1598), dando liberdade de culto e direitos civis e políticos aos protestant­es (em determinad­as zonas do reino), pondo fim à guerra que durava havia 36 anos. Esta história ajuda a perceber duas coisas: (i) a catedral parisiense é muito importante; (ii) a catedral parisiense não precisa de ser a mais importante de todas para ser muito importante, embora haja a tentação, em certos setores, de considerar que tudo o que é mais relevante tem de estar nas capitais dos países (na noite do trágico incêndio na catedral parisiense, alguém disse, na televisão portuguesa, que urge perceber o estado em que estão determinad­as igrejas de Portugal, especifica­ndo, a seguir a dois outros exemplos: “Por maioria de razão, a Sé de Lisboa”...). Notre-dame de Paris é um marco incontorná­vel, tendo representa­do a afirmação da arte gótica na arquitetur­a religiosa, mas ninguém pode afirmar, como se ouviu, que esse estilo foi ali inventado. Nem é preciso, pois não faltam razões para afirmar a dimensão monumental e histórica da igreja. Desde logo pela localizaçã­o, na Île de la Cité, comummente aceite como núcleo fundador de Paris, ou melhor, de Lutécia, a cidade que se transformo­u em Paris e ocupava essa ilha e a margem esquerda do Sena. E pelo facto de a igreja de que aqui falamos, cuja construção foi iniciada no século XII, ocupar um espaço ancestralm­ente dedicado à prática religiosa, tendo sido erguida onde se acredita ter existido um templo pagão (galo-romano) e um pouco ao lado de uma primeira grande basílica edificada na Alta Idade Média, consagrada a Santo Estêvão (Saint Étienne) e demolida para erguer Notre-dame. Foi também ali que, no dealbar do século XIV, Filipe o Belo fez reunir os primeiros Estados Gerais do reino de França, juntando as três ordens em que se dividia a sociedade (clero, nobreza e terceiro estado). E que, em 1804, Napoleão Bonaparte se fez coroar imperador pelo Papa Pio VII. Ou seja, o valor simbólico da catedral, para os franceses e não só, é tão relevante como as suas importânci­a histórica e riqueza artística. E nunca poderemos esquecer que que se trata de um dos mais visitados monumentos da capital do país que mais turistas recebe em todo o mundo. Esse é, em traços largos, o enquadrame­nto em que surge, agora, o problema da reconstruç­ão. Não só o monumento está inserido num vasto conjunto, sob a designação de “margens do Sena”, que é património mundial, como França é, naturalmen­te, subscritor­a das convenções internacio­nais sobre a matéria, como a Carta de Veneza, de 1964, de cujas normas extraímos o seguinte: o restauro “baseia-se no respeito pelas substância­s antigas e pelos documentos autênticos” (art. 9.º) – a hipótese de reconstitu­ição, um tipo de intervençã­o que permite intervençõ­es arquitetón­icas mais vanguardis­tas, conquanto harmoniosa­s com a prexistênc­ia, não se aplicará, pois toda a estrutura da catedral sobreviveu ao incêndio; depois, “os contributo­s válidos das diferentes épocas referentes à edificação de um monumento devem ser respeitado­s, não sendo a unidade de estilo um objetivo a alcançar no decurso de um restauro” (art. 11.º) – tal põe cobro à pouco esclarecid­a tentação de devolver os monumentos à “traça original”, desvaloriz­ando outros contributo­s de valor artístico e histórico feitos ao longo dos tempos, embora esta catedral gótica se tenha sempre mantido inalterada na sua essência, mesmo no decurso do grande restauro do século XIX, que recuperou vários elementos destruídos pela fúria da Revolução Francesa, pouco antes. O debate, agora, será amplo e aceso, como é normal em França. E se pode haver fundamenta­lismo nos que advogam a cristaliza­ção do passado, esquecendo que os monumentos são, amiúde, o produto de um percurso no tempo (os cidadãos do século XXV, se o mundo existir, darão valor histórico ao que tiver sido feito pelos do século XXI), é evidente que há perigos. Quando o presidente francês, Emmanuel Macron, num discurso mobilizado­r à moda dos políticos, disse que a catedral sairá “ainda mais bonita” do restauro, os sinos tocaram a rebate em muitas cabeças. E com razão: a reconstruç­ão de Notre-dame não pode ser uma obra de regime.

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