JAMES HAWES D. Quixote | 296 páginas | 18,80 €
Há algo que os leitores portugueses devem ter presente, quando pensam noutros países: Portugal, mesmo contando com o período da união dinástica entre 1580 e 1640, tem uma história linear e uma continuidade territorial de quase nove séculos (exclua-se a dimensão imperial/colonial), e mesmo assim tem muito que contar. Ora, contar dois milénios de um país de milhentas convulsões, guerras, oscilações territoriais, fragmentações políticas, posicionamentos geostratégicos e por aí fora num volume desta dimensão, das duas uma: ou é impossível ou é obra. Atrevemo-nos a dizer que é obra!, com a devida exclamação. Num estilo cativante e tocando exatamente onde deve tocar, ao longo dos quatro meios milénios em que divide o trabalho, James Hawes (um romancista e não um historiador) não faz de nós especialistas instantâneos em assuntos alemães, mas é um grande contributo para compreender um país tão poderoso, que, sendo povoado por tantas assombrações, surge agora, paradoxalmente, como a principal esperança para a manutenção do projeto de integração europeia.