Nota histórica
Na cronologia daquele lugar altaneiro da cidade de Viseu, uma primitiva basílica paleocristã deu lugar a uma primeira catedral, erigida em finais do século IX. Cerca de cem anos depois, a cidade foi tomada pelos muçulmanos, vindo a ser reconquistada em 1058 por Fernando Magno de Leão, retomando-se o culto cristão após purificação do templo. Foi em finais do século XIII que o bispo D. Egas decidiu construir uma nova catedral, mais ampla, no mesmo local, beneficiando da doação de terrenos por D. Dinis, que ordenou a demolição de casas aí existentes. As obras, por ali, nunca pararam realmente, mas toda a ação desenvolvida no século XVI merece especial destaque, em especial sob a égide dos bispos D. Diogo Ortiz (numa só década transformou a catedral tardo-medieval num novo templo, com a colaboração de João de Castilho, um dos grandes mestres do manuelino) e D. Miguel da Silva, protetor do célebre pintor Vasco Fernandes (Grão Vasco), em cujo consulado foi construído o claustro tipicamente renascentista da catedral. No século XVI, a queda de uma das torres medievais arrastou consigo o portal manuelino, e a reconstrução da fachada, ao estilo maneirista, fez-se num tempo de evidente contenção de custos, limitando-se a “mascarar as amplas massas pétreas de origem medieval”. Talha dourada, azulejaria e pintura são os principais legados do período barroco, mostrando como a diocese viseense, aparentemente afastada do mundo, acompanho de perto as correntes estéticas que marcaram o século XVIII.