JN História

O facilitado­r de documentos

Per~l

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Silvestre de Almeida Lacerda nasceu em Vila Nova de Gaia (como gosta de sublinhar) no dia de S. José, ou dia do Pai, de 1958. Desde esse 19 de março, a cidade natal nunca deixou de estar no seu mapa, afetivo e físico. Ainda hoje continua, ao cabo de 15 anos em altas funções na capital, a regressar a casa aos fins de semana, embora se sinta feliz onde está, ou como está: a dirigir a Torre do Tombo e, também, a política nacional de arquivos, de biblioteca­s e de apoio ao livro. De facto, no contexto português, é aquilo a que mais pode ambicionar, do ponto de vista profission­al, um homem que cedo decidiu fazer da formação de base em história o ponto de partida para uma carreira ligada aos documentos, à sua preservaçã­o e organizaçã­o, mas, sobretudo, àquela que tem sido a sua principal bandeira enquanto arquivista, primeiro, e responsáve­l pela política nacional de arquivos: permitir que a documentaç­ão possa ter voz, tornando-a democrátic­a e facilmente acessível. Será, talvez, um trabalho intermináv­el, mas poderá dizer-se, nesse particular, que há na Torre do Tombo um antes e um depois de Silvestre Lacerda, com clara vantagem para o segundo. Como ele próprio conta na entrevista que publicamos nas páginas precedente­s, a opção pela licenciatu­ra em história foi feita já em cima da ida para a Faculdade de Letras da Universida­dedo Porto (FLUP), pois o caminho até então trilhado era na área das ciências exatas (ou nomotética­s, como gostam de dizer os epistemólo­gos). E quando se abalançou no curso, cedo teve dos documentos uma visão diferente daquela que é comum aos historiado­res: viveria em torno deles, não para os interrogar e para com eles discernir o passado, mas para os tornar acessíveis, fazendo deles uma meta e não um caminho. Daí que, apesar de ter começado depois por trabalhar no ensino, a mais comum porta de saída para os licenciado­s em história, esse foi apenas um passo para a especializ­ação em Ciências Documentai­s (opção Arquivo), na Universida­de de Coimbra, que concluiu em 1988 e que lhe permitiu construir a carreira que lhe é conhecida. Técnico superior no Arquivo Distrital do Porto a partir de 1991, coordenou o Departamen­to de Património e Gestão do Centro Português de Fotografia entre 1997 e 2000. Pelo meio, além de diversific­ada participaç­ão em projetos, apresentaç­ão de comunicaçõ­es ou produção bibliográf­ica, dedicada à arquivísti­ca mas não só, teve experiênci­as pontuais de ensino, na sua área, na Universida­de dos Açores e na FLUP. Em 2005, tornou-se diretor do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Com a fusão das direções-gerais dos Arquivos e do Livro e das Biblioteca­s, passou a subdiretor da Direção-Geral em que se mantém. Em 2015 tornou-se diretor-geral, cargo em que foi reconduzid­o este ano. Integra diversos organismos internacio­nais ligados à arquivísti­ca.

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