JN História

O longo caminho da perceção da imunidade ao milagre da vacinação

- Textos de Pedro Olavo Simões

Num tempo em que circunstân­cias excecionai­s fazem da vacinação um constante assunto da ordem do dia, perceber de onde tudo isto nos chega talvez ajude a respeitar mais, no presente, os milagres da ciência. E isso começa por ir do Neolítico até finais do século XVIII, quando a primeira vacina foi desenvolvi­da

Razões omnipresen­tes e repetidas ad nauseam, num tempo em que a informação se multiplica em linguagens, suportes e origens – das muito credíveis às absolutame­nte desprezíve­is (por vezes, as mais populares) –, fazem com que as vacinas estejam na ordem do dia mais do que alguma vez antes sucedeu. Nem quando ocorreram os maiores triunfos da vacinação, como seja o único caso de erradicaçã­o declarada de uma doença humana, a varíola, o tema foi tão noticiado, replicado ou debatido como sucede por causa da pandemia de covid-19. É pertinente perceber, portanto, que as vacinas são o corolário não apenas de centenas, mas de milhares de anos de evolução do entendimen­to do mundo, da ciência ou da medicina, enquanto aplicação pragmática da ciência.

Talvez seja importante que os cidadãos comuns – curiosos e não especializ­ados – percebam que a obtenção de vacinas para a doença que tem desestrutu­rado a vida de toda a gente em todo o mundo, grosso modo ao longo do último ano e não se sabe ao certo por quanto mais tempo, foi um milagre de rapidez. Voltando à varíola, uma doença tremenda que matou milhões e milhões ao longo de milénios, é fulcral perceber que entre a invenção da vacina por Edward Jenner (foi o primeiro, faz sentido falar em “invenção”) e a erradicaçã­o da doença mediaram

quase 200 anos. E para se perceber melhor o triunfo que é a obtenção de vacinas para a covid-19 no espaço de um ano, refira-se, por exemplo, que as primeiras vacinas para a gripe só surgiram já durante a Segunda Guerra Mundial, bem depois do estímulo dado 20 anos antes pela terrível pandemia da gripe pneumónica (dita “gripe espanhola”).

Jenner foi o início, Pasteur marcou a evolução (raiva, cólera, carbúnculo) e cunhou o termo vacinação (em homenagem a Jenner). E muitos outros nomes ficaram escritos a ouro na história desta revolução sanitária. Por exemplo, praticamen­te toda a gente já terá ouvido falar em BCG, associando a sigla à vacinação contra a tuberculos­e, mas poucos pensarão nos franceses Albert Calmette e Camille Guérin, que descobrira­m uma forma de conseguir a imunização contra o agente causador da doença, isolado quase 40 anos pelo alemão Robert Koch, muito menos saberão que BCG significa “Bacilo de Calmette-Guérin”. Os mais velhos terão ainda presente, por exemplo, o enorme salto qualitativ­o representa­do pela vacina contra a poliomieli­te, mas o nome de Jonas Salk não será assim tão conhecido. E por aí fora.

O mais importante, que também não é compreendi­do por todos, é o facto de a vacinação ser não apenas um meio de proteção individual, mas também de salvaguard­a da comunidade. Claro que os movimentos antivacina­ção, ainda hoje tão populares entre negacionis­tas e partidário­s de teorias da conspiraçã­o, são tão antigos como as próprias vacinas. Deles daremos conta, porque têm o seu valor histórico, mas sem exageros, pois esta breve abordagem versa a história do progresso científico, não da ignorância. E não podemos chegar à vacinação sem perceber o antes. Passe a expressão, que não é cientifica­mente rigorosa, há que falar das “vacinas” antes das vacinas.

A ideia de imunidade

Muito antes da ideia de vacinação teve de haver a perceção de imunidade. Ou, melhor, de imunização, da possibilid­ade de indivíduos, tendo tido contacto com a doença e sobrevivid­o, poderem posteriorm­ente ficar a salvo dessa doença ou serem por ela menos afetados. Sem essa noção, evidenteme­nte, ninguém poderia lembrar-se, muitos séculos depois, de, voluntaria­mente, inocular pessoas ou, num progresso de que mais à frente daremos conta, vaciná-las. E quando houve essa perceção? Ninguém saberá precisá-lo, mas é seguro, pelo recurso a fontes, encontrá-la na Antiguidad­e Clássica, a propósito da Praga de Atenas.

Praga de Atenas, assim com maiúsculas, é algo concreto, não uma entre outras doenças. Falamos da devastador­a epidemia que, no século V a.C., matou dezenas de milhares de atenienses, entre eles o próprio Péricles, estadista e estratego que era a figura mais marcante do seu tempo, ou não tivesse a posteridad­e rotulado esse tempo de

“século de Péricles”. É por intermédio de um historiado­r que sabemos dessa terrível doença, ocorrida num tempo em que Atenas e Esparta estavam em pé de guerra. Na “História da Guerra do Peloponeso”, Tucídides diz-nos tudo o que sabemos sobre a maleita, embora não fique claro de que doença se tratava. Poderia ser tifo, poderia ser varíola, há até quem diga tratar-se de peste bubónica. Todavia, não é isso o mais relevante na abordagem que aqui pretendemo­s.

Fixemo-nos no seguinte excerto do relato de Tucídides:

“Aqueles que tinham ultrapassa­do a doença eram os que mostravam maior piedade pelos sofredores e pelos moribundos, uma vez que tinham experiênci­a prévia e se sentiam confiantes, pois a doença não atacava a mesma pessoa uma segunda vez, ou, pelo menos, não a atacava fatalmente. Os que recuperava­m eram felicitado­s pelos outros e, na euforia do momento, alimentava­m a esperança vã de que, no futuro, estariam imunes à morte por qualquer outra doença”.

Tucídides, tido como o primeiro historiado­r, na tradição ocidental, a usar alguma metodologi­a para garantir rigor aos seus relatos, não era médico, mas certamente fez eco do que observavam os médicos de então (falamos de há quase 2500 anos, teremos de relativiza­r a noção de “médico”). E dá-nos, no texto que atrás reproduzim­os, o reconhecim­ento de dois conceitos essenciais, embora sem a validação

que surgiria muito, muito mais tarde: a imunidade à infeção e capacidade de o sistema imunitário garantir menor severidade das recidivas.

Evidenteme­nte, o que Tucídides testemunha­va em Atenas seria observado por outras pessoas, noutras partes do mundo. E o longo caminho até à vacinação não partiu daquilo a que chamamos o Ocidente.

A importânci­a da varíola

Curiosamen­te, zonas do globo que os preconceit­os do nosso tempo associam ao surgimento de doenças estão, com boa dose de certeza, na origem desse milagre sanitário que são as vacinas. Os processos de inoculação que evoluíram, depois, para a vacinação, terão origem na China ou na Índia. E uma doença específica, a varíola, está na base de tudo.

Não há que admirar. Falamos de uma doença que toca a espécie humana desde sabe-se lá quando. Num livro publicado em 1988 pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (“Smallpox and its eradicatio­n”), os autores (Fenner, Henderson, Arita, Ježek e Ladnyi) apontam as duas teorias acerca do aparecimen­to da doença: a contaminaç­ão de humanos por um vírus já presente em roedores, algures no Paleolític­o, ou a mutação de um vírus proto-varíola no vírus responsáve­l pela doença que entendemos por varíola, uma doença própria dos seres humanos. Enfermidad­e importantí­scientífic­a

a urgência do Hospital Santa Maria, em Lisboa, conta com um sistema de triagem 100. sima, já se percebe, pois viria a ser a primeira para a qual se desenvolve­u uma vacina, no final do século XVIII, sendo ainda a única doença humana que se considera erradicada, assim proclamou a Organizaçã­o Mundial da Saúde em 1980.

Não é possível precisar quantas pessoas matou a varíola através dos tempos. Muitos e muitos milhões, é certo, com a falta de rigor que sempre terá a análise de uma doença que se terá propagado, como outras, à medida que se processou a sedentariz­ação dos humanos e a consequent­e convivênci­a continuada com animais. Dez mil anos antes da nossa era? É uma estimativa razoável, mas sem evidências. Os mais antigos testemunho­s da varíola sãotido

-nos dados pela observação de múmias do Antigo Egito, sendo habitualme­nte apontado o faraó Ramsés V como o primeiro humano conhecido com sinais de tal enfermidad­e. Estima-se que tenha reinado entre 1146 a.C. E 1142 a.C..

Depois disso, vão surgindo notícias que se podem associar à varíola, como a já referida Praga de Atenas ou como a Peste Antonina (a análise das fontes permite especular que foi varíola ou sarampo), declarada no século II da nossa era e que terá causado a morte de entre cinco e dez milhões de pessoas no mundo romano, onde entrou com legiões regressada­s do Oriente. Ainda no Império Romano, mas já no século III, a Peste de Cipriano mataria, no seu período de maior intensidad­e, cinco mil pessoas por dia. Já no século VIII, presume-se que a varíola terá reingressa­do em território europeu pela Península Ibérica, com o início da penetração muçulmana, em 711, enquanto o desconheci­do (do ponto de vista ocidental) Japão, três décadas depois, perdia um terço da sua população para esta doença. Em África, a varíola terá chegado em primeiro lugar por contactos com o mundo árabe e, muito mais tarde, através dos europeus, designadam­ente os portuguese­s. É também certa a presença da varíola entre as doenças que, levadas pelos espanhóis para as américas, foram a principal causa do desapareci­mento das civilizaçõ­es pré-colombiana­s.

Voltando à Europa, a varíola era, no século XVIII, a principal causa de morte, levando em média 400 mil pessoas por ano. E mesmo no século XIX, quando a vacina já existia, há registo de grandes epidemias de varíola como a que foi desencadea­da pela Guerra Franco-Prussiana e matou, entre 1870 e 1875, meio milhão de pessoas.

Variolar ou não variolar

Não nos adiantemos e voltemos ao século XVIII, pois a ideia é chegar a Edward Jenner, cujo papel será abordado no artigo seguinte. Recuemos, aliás, ao século IX, em que encontramo­s textos chineses indicando que a varíola era transmitid­a por partículas em suspensão (hoje diríamos aerossóis) originária­s das pústulas que rebentavam em indivíduos doentes. Ou seja, existia ali uma perceção do agente infeccioso. Ora, tal como havia feito Tucídides, também os chineses se apercebiam dos efeitos de imunização causados pela doença entre os que lhe sobrevivia­m. Por alturas do século XVI (Dinastia Ming), os chineses já praticavam a variolação, processo que Voltaire (1694-1778) descrevia: a matéria seca das pústulas era reduzida a pó, sendo este pó inalado. O processo não conferia em si imunidade, mas as pessoas varioladas contraíam a doença com sintomatol­ogia mais ligeira do que se tivessem sido contagiada­s naturalmen­te, podendo então ficar imunes.

A porta de entrada deste processo na Europa Ocidental foi o Reino da Grã-Bretanha (com essa designação a partir de 1707, na sequência do Tratado da União de 1806). E foi aí que, mais tarde, a vacinação veio a tornar-se uma realidade. Para essa posição de vanguarda britânica no Ocidente contribuiu em muito a fundação da Royal Society, em Londres, desde logo uma referência científica no mundo de então. Mas não se pense que a comunidade médica desse tempo estava unanimemen­te recetiva à variolação. A oposição baseava-se no facto de o procedimen­to não ser inteiramen­te seguro. E o debate não se esgotava em números, pois esses, sem contextual­ização, seriam enormement­e favoráveis à adoção do processo: enquanto a varíola contraída normalment­e matava 20 a 30% das pessoas afetadas pela doença, a variolação provocava morte por varíola de 0,5 a 2% das pessoas inoculadas. Quantitati­vamente, era uma diferença abissal, que não devia provocar dúvidas, mas o debate era mantido com base noutro pressupost­o: enquanto a varíola não era um mal constante, surgindo em surtos e desaparece­ndo, a variolação implicava um contacto permanente da população com o agente infeccioso. E a dúvida daí nascida, evidenteme­nte, colocava num enorme dilema os pais que sopesassem vantagens e desvantage­ns de inocular os seus filhos. Embora a séculos de distância daquilo a que chamamos sociedade da informação, em que as pessoas são inundadas por

notícias e opiniões de toda a sorte, os britânicos do século XVIII (os mais esclarecid­os/favorecido­s, claro) tinham conhecimen­to destes factos, sendo obrigados a ponderar entre a exposição voluntária à doença e a possibilid­ade de esta nunca vir a acometer os seus rebentos de forma natural (pairando sempre, como uma nuvem negra, a convicção de a contração natural da varíola, de que ninguém estava a salvo, ser potencialm­ente muito mais perigosa).

Uma aristocrat­a vanguardis­ta

A grande dinamizado­ra da variolação na Grã-Bretanha foi Mary Wortley Montagu. Nascida Mary Pierrepont em família aristocrát­ica, Lady Montagu era, decididame­nte, uma figura de vanguarda. Escritora, poetisa e feminista “avant la lettre”, escapou a um casamento combinado para fazer vida com o marido por ela escolhido, Edward Wortley Montagu, que foi embaixador britânico junto do Império Otomano. Enquanto permaneceu em Istambul, escreveu longamente sobre a condição feminina naquela sociedade tão diferente, mas o que aqui a traz é o facto de, na Turquia, ter tomado contacto com o processo da variolação, que a fascinou, tanto mais atendendo ao conhecimen­to que tinha da alta mortalidad­e causada pela varíola no país natal. E, em particular, porque ela própria tinha contraído a doença, aos 26 anos (ficou com cicatrizes no rosto), e porque essa

doença lhe levara um irmão, tinha este 20 anos.

Vejamos o que escreveu em carta dirigida a uma amiga, citada por David Isaacs em “Defeating the ministers of death – the compelling history of vaccinatio­n”:

“A varíola, tão comum e fatal entre nós, é aqui absolutame­nte inofensiva, devido à invenção do enxerto, o termo que eles usam. Há um grupo de mulheres mais velhas que desempenha­m a operação. As pessoas fazem festas para o efeito... a idosa leva uma casca de noz cheia com a matéria do melhor tipo de varíola. Abrem quatro ou cinco arranhões na pele com uma grande agulha e colocam nessa ferida tanta matéria quanta cabe na cabeça da agulha. Depois ligam a pequena ferida. Aqui, a varíola é tomada como uma espécie de diversão, como ir a águas nos nossos países.”

Ao testemunha­r repetidame­nte este procedimen­to, Lady Montagu pediu ao médico da embaixada, Emanuele Timoni, para variolar o seu filho Edward, de seis anos. E foi esse médico quem, depois, informou a Royal Society da existência de tal processo. Outro médico, Charles Maitland, foi o primeiro a variolar alguém em solo britânico. E quem foi a criança inoculada? Mary, a filha de Lady Montagu, que era demasiado pequena quando estavam em Istambul.

Ora, desde que regressou a Inglaterra, em 1719, Mary Wortley Montagu escreveu insistente­mente sobre a variolação, sendo amiúde escarnecid­a pelos que apontavam o processo como uma espécie de crendice oriental. Mas não se limitou a escrever. Fazendo parte da aristocrac­ia, fez uso da sua rede de contactos poderosos, entre os quais a princesa de Gales, Carolina de Ansbach, mulher do futuro rei Jorge II. O papel da princesa, que tinha um reconhecid­o gosto pelas coisas científica­s, foi convencer o marido e os médicos do palácio dos benefícios da variolação. E o processo teve, aí, um impulso decisivo para permitir a Maitland o prosseguim­ento das experiênci­as. O médico já tinha inoculado a filha de Lady Montagu, como dissemos, mas faltava perceber quais os efeitos do procedimen­to em adultos. Precisava de cobaias, mas não necessitou de voluntário­s: foram postos à sua disposição seis prisioneir­os, três homens e três mulheres.

Nenhum desses variolados contraiu a doença, mas a experiênci­a não podia ficar por aí. Uma das mulheres, Elizabeth Harrison, de 19 anos, foi levada para a cidade de Charles Maitland, Hertford, então a braços com um violento surto de varíola, e posta a dormir todas as noites, durante seis semanas, com um doente de 10 anos. Elizabeth não contraiu varíola, tornando-se (mesmo que à força, o que também é mera dedução, pois não estão documentad­as as circunstân­cias da seleção de reclusos) a primeira grande demonstraç­ão científica da eficácia da variolação. E a fama do processo viamesma jou para longe. Para São Petersburg­o, onde a imperatriz de todas as Rússias Catarina a Grande foi inoculada, ou para a América: em 1776, ano em que se deu a independên­cia dos Estados Unidos, houve uma grande epidemia de varíola, e John Adams, que viria a ser o segundo presidente do jovem país, em 1797, e tinha sido variolado quando criança, decidiu, com a mulher Abigail, que ela e os quatro filhos deveriam submeter-se a idêntico processo; a variolação dela ocorreu sem problemas, e dois dos quatro filhos apresentar­am alguns sintomas intensos, de que recuperara­m. Apesar do susto, a variolação foi coroada de êxito, e a publicitaç­ão do sucesso ajudou a aumentar substancia­lmente a confiança dos americanos. O próprio John Adams declarou, a propósito: “Os factos são coisas teimosas: quaisquer que sejam os nossos desejos, as nossas inclinaçõe­s e os ditames das nossas paixões, nada disso pode alterar os factos ou as evidências”.

Enquanto todo este processo seguia o seu curso, em 1947, a pequena cidade inglesa de Berkeley, no Gloucester­shire, assistia ao nascimento de Edward Jenner, filho de um pastor anglicano. Este viria a ser naturalist­a e médico, e a grande descoberta da sua vida levou a que a variolação fosse banida do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda (com este nome entre 1801 e 1922). Essa descoberta/invenção foi a vacina, e de vacinas falaremos no artigo seguinte.

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 ??  ?? Edward Jenner, criador da primeira vacina; na página anterior, múmia de Ramsés V, o mais antigo vestígio de varíola
Edward Jenner, criador da primeira vacina; na página anterior, múmia de Ramsés V, o mais antigo vestígio de varíola
 ??  ?? Péricles, grande líder ateniense, morreu com a Praga de Atenas (século V a.C.), que poderá ter sido de varíola
Péricles, grande líder ateniense, morreu com a Praga de Atenas (século V a.C.), que poderá ter sido de varíola
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A partir de hoje
 ??  ?? Mary Wortley Montagu, mulher à frente do seu tempo que levou para Inglaterra a prática da variolação
Mary Wortley Montagu, mulher à frente do seu tempo que levou para Inglaterra a prática da variolação
 ??  ?? Pintura chinesa mostrando a variolação por inalação, que foi descrita em textos de Voltaire
Pintura chinesa mostrando a variolação por inalação, que foi descrita em textos de Voltaire

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