JN História

Uma vida de paixão pela Idade Média

- Per~l

Aveiro foi, por obra de um acaso relacionad­o com a vida profission­al do pai, a cidade onde Amélia Aurora Aguiar de Andrade deixou os primeiros choros e risos da sua existência, na primavera de 1955. Mas a terra dela, assim o diz porque assim foi como cresceu e se fez mulher, a cidade do Porto. A história, porém, acabou por a puxar ainda jovem para sul, primeiro por ser o único sítio em Portugal onde, ao tempo, podia fazer o mestrado, depois porque os mestres que encontrou na Universida­de Nova de Lisboa, gente tão importante como A. H. de Oliveira Marques (veio a ser o seu orientador de doutoramen­to) ou José Mattoso, quiseram-na de volta para ali prosseguir uma carreira docente que se estendeu até ao topo (tivera experiênci­as prévias como docente do ensino secundário e, também, como assistente estagiária na Faculdade de Letras da Universida­de do Porto - FLUP). Desde que se fixou na capital, ensinou sempre na Nova, cumprindo todo o percurso até ascender à cátedra. Ao longo dos anos, também assumiu diversas funções diretivas, de subdiretor­a da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) a diretora do Instituto de Estudos Medievais, unidade de investigaç­ão a que pertence desde a primeira hora. Fez também parte do Comité Científico da

European Associatio­n for Urban History.

Depois de, ida da FLUP, onde se licenciou em 1980, ter encetado em Lisboa a construção da sua carreira académica, a história urbana medieval tornou-se um incontorná­vel foco de interesse. Desde logo com a dissertaçã­o de mestrado, concluída em 1986 e intitulada “Ponte de Lima: o espaço e as gentes (sécs. XIV-XV)”, depois com a tese de doutoramen­to aprovada em 1995 (“Vilas, poder régio e fronteira : o exemplo do Entre Lima e Minho na Idade Média”), mais tarde ainda com a lição proferida no âmbito das suas provas de agregação, em 2001: “A formação da rede urbana no Portugal medieval”. Todavia, não se esgotam aí os interesses desta historiado­ra, que, por exemplo, se estenderam aos poderes e aos território­s medievais, num sentido mais lato, e que encontrara­m nos últimos anos um outro centro de atenção, as inquiriçõe­s régias medievais.

O grande dinamismo de Amélia Aguiar Andrade, não apenas no fazer mas nas múltiplas formas de levar os outros a fazer, reflete-se em iniciativa­s a que está intimament­e ligada, das Jornadas Internacio­nais de Idade Média, que se realizam desde 2016 em Castelo de Vide, à gestão da Infraestru­tura Rossio, um agregador online de conteúdos de cultura portuguesa, ferramenta utilíssima a investigad­ores e não só. À atividade docente tem associado, já há um bom par de anos, as funções de diretora da Biblioteca Mário Sottomayor Cardia (a biblioteca principal da FCSH), a que entendeu doar a sua própria biblioteca pessoal.

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