Nota histórica
Pela tradição, que não propriamente a arqueologia, supõe-se que no local onde se encontra a capela existiu uma villa romana e, com ela, um templo dedicado a Esculápio, o deus da medicina. Não seria invulgar, pois, que o próprio Frutuoso, bispo de Bracara antes de ser santo, ali tivesse determinado a instalação de um mosteiro consagrado a São Salvador, ou seja, ao próprio Jesus Cristo. Foi no século VII que viveu e morreu este bispo Frutuoso, figura de grande importância entre os visigodos, então senhores do que antes havia sido o reino suevo. A capela terá sido reconstruída, nos moldes em que a conhecemos, pelos moçárabes (cristãos peninsulares sob o domínio muçulmano) e só com a Reconquista (que significava o reerguer do reino visigótico) foi consagrada a S. Frutuoso, cujas relíquias foram em 1102 levadas para Santiago de Compostela pelo poderoso arcebispo Diego Gelmírez, numa ação conhecida como “pio latrocínio”. As relíquias só foram devolvidas em 1966. Se visitarmos a capela, vemo-la ensombrada pelo convento franciscano que ali existe desde o século XVI, fundado por D. Diogo de Sousa (arcebispo de Braga, antes bispo do Porto), que terá determinado, à exceção da capela, a destruição das estruturas monásticas preexistentes (no século XVIII, com a reconstrução da igreja franciscana, passou a ser por esta que se entra na capela). Seja coeva de S. Frutuoso ou moçárabe, a capela cruciforme, que faz lembrar o mausoléu de Gala Placídia, em Ravena (Itália), com a sua traça bizantina, é uma pequena joia, absolutamente invulgar neste extremo ocidental da Europa.