05 COMUNICAR CIÊNCIA, ENSINAR HISTÓRIA, VALORIZAR O PATRIMÓNIO
valorizar a comunicação de ciência
A importância de dar a conhecer o que se fez a vários públicos, além do académico, esteve presente desde a conceção do projeto. Previam-se formações a investigadores em início de carreira e, em especial, uma iniciativa anual aberta ao grande público, em várias zonas de Portugal: o Dia do Projeto VINCULUM. A pandemia impediu a primeira sessão, na primavera de 2021, e forçou uma recriação do evento, que fora pensando em colaboração com escolas básicas e secundárias. Tanto isto como o impacto que a investigação rapidamente ganhou lançou o projeto numa roda imparável de iniciativas, com enriquecimento mútuo entre práticas de investigação e de comunicação de ciência.
Aprendemos coisas da maior importância: ser capaz de explicar o que investigamos, saber comunicar com os comunicadores, dirigirmo-nos a todos os níveis de ensino, transmitir a paixão pela investigação histórica e pela defesa do património documental e monumental.
A par de muito entusiasmo e iniciativas locais, constatámos o poder de obliteração que o “fast past” tem sobre o “not so fast past”; o esquecimento em que cai tudo o que tem mais de… 100, 50 anos; o carácter exótico ou irracional que é conferido a sociedades diferentes da atual, mas que fizeram parte da nossa ancestralidade.
Aos poucos, consolidaram-se ideias para capitalizar o know-how adquirido e os assets do projeto, bem como para fortificar e multiplicar os laços com as instituições locais.
Formação de jovens investigadores
Muito para lá da transmissão de conteúdos, os jovens em formação universitária em História devem ser ensinados a desenvolver competências de investigação, ganhando progressiva autonomia. Com este objetivo, foram lecionadas duas cadeiras de iniciação à investigação para licenciandos, e uma para mestrandos, em que os alunos participaram, com aulas semanais supervisionadas
por membros da equipa do projeto, na descrição de documentos e na inserção de informação na base de dados.
No âmbito do concurso da Fundação para a Ciência e Tecnologia “Verão com Ciência”, contámos com duas bolsas para licenciandos, que em 2022 levaram a Verónica e o Pedro a passar parte das suas férias na Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional.
Para lá dos muros da Universidade
No âmbito do projeto foram organizados cursos de formação ao longo da vida, entre 2021 e 2023: cursos livres anuais sobre criação de conteúdos históricos e comunicação de ciência, e sobre organização, preservação e difusão de arquivos históricos com recurso a programas informáticos de acesso aberto; uma pós-graduação em Arquivística Histórica, online. Dada a importância da difusão de softwares livres de organização e preservação de arquivos, contámos com os melhores especialistas numa conferência internacional e seminário de formação.
Temos particular carinho pelo concurso escolar “Cria vínculos com a História: um vínculo da tua terra no projeto VINCULUM”, organizado em colaboração com a Associação de Professores de História (APH) e a Academia das Ciências de Lisboa. Após várias rondas de propostas, foram selecionadas 11 turmas, do Norte e Centro do país e dos Acores, e, em S. Tomé e Príncipe, a Escola Portuguesa. Os trabalhos foram seguidos por membros da equipa do projeto dedicados a cada turma, e os textos serão publicados na rubrica “Vínculo do mês” e no livro final desta. A experiência será relatada e os resultados discutidos, numa ação de formação a cargo da APH.
Memória, história e património
A colaboração com as câmaras, juntas de freguesia e associações locais de defesa da História e património foi uma constante. Contribui para tal a iniciativa “Dia do projeto VINCULUM”, realizada em Loulé (2022), Funchal e Ponte de Lima (2023), em colaboração com os arquivos municipais e regional. As sessões dividiram-se em duas partes: apresentação dos resultados do projeto sobre as localidades e intervenções de historiadores com investigação sobre a região; sessões livres de “conversas sobre vínculos”, em que se trocaram ideias e informações com todo o público interessado. Todas foram muito participadas e enriquecedoras.
Uma presença mensal, desde dezembro de 2019, é assegurada pela rubrica “Vínculo do mês”: pequenos textos sobre a história e o património de vínculos específicos, com fotos alusivas. Foi sendo sucessivamente elaborada por jovens investigadoras, colaboradoras do projeto, com supervisão científica da equipa; por membros desta; por proprietários de arquivos privados ou por membros da equipa em colaboração com estes; e pelas turmas do Concurso “Cria vínculos...”.
Comunicar ciência em fóruns próprios
É importante participar em iniciativas institucionais de comunicação de ciência, que permitem alcançar um público alargado e beneficiar de infraestruturas existentes. Estivemos na “Semana da Ciência e da Tecnologia” (Ciência Viva) em 2020 e 2021, e preparámos um filme sobre o projeto para a mostra de filmes científicos da “European Humanities conference”, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no âmbito da Presidência Portuguesa da UE, em 2021.
O filme foi a primeira incursão do projeto neste tipo de comunicação, tendo-se revelado uma exigente experiência. Acreditamos que bem sucedida, combinando as imagens de marca do projeto com a apresentação de um caso concreto e tentando explicar as bases científicas do trabalho.
A importância da comunicação social
A ligação à comunicação social é vital para os projetos, mesmo se requer um esforço acentuado. Aquando da informação sobre a obtenção da bolsa ERC, as entrevistas em jornais e rádios desencadearam uma onda de informações e propostas, algumas das quais tiveram concretização posterior. À medida que o trabalho avançava, foi possível ir conversando com jornais de referência e alcançar notáveis trabalhos jornalísticos, como são o de Alexandra Carita, no Observador (6/11/2021), e o de Ana Soromenho, no Expresso (16/06/2023).
O presente dossiê na JN História, revista de divulgação científica de grande tradição, fica como testemunho global do projeto numa fase já muito adiantada, com esboço de ideias futuras. Destacamos, por fim, as reportagens da imprensa regional, em especial na Madeira. Em termos televisivos, estivemos em reportagens na RTP Madeira e no Porto Canal, ambas em 2023. Em Janeiro de 2024 temos o privilégio da gravação, com Paula Moura Pinheiro, de dois episódios do “Visita Guiada”, esse “Ministério da Cultura” (como se dizia antigamente da Fundação Gulbenkian) da difusão e defesa do património histórico. O local escolhido foi Ponte de Lima, capital das “Casas”.
Criar valor com a investigação
Não poderíamos deixar de referir um aspeto muito valorizado pelo projeto, também em função dos incentivos do European Research Council: o esforço de criação de valor a partir da investigação, de forma a proporcionar sobrevivência sustentável após a conclusão do financiamento. Explorando uma das vias a investigação, partimos da importância histórica dos vínculos ao longo dos séculos, com particular expressão na “Casa” (entidade material, institucional, simbólica, social, cultural, económica). Consolidámos rede de parceiros na área, com celebração de protocolos: a Associação Portuguesa das Casas históricas, a Fundação Fronteira e Alorna, a TURIHAB (Associação do Turismo de Habitação). Destacamos a parceria com a Câmara Municipal de Ponte