JN História

Novidades e outras leituras

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HISTÓRIA CONSTITUCI­ONAL PORTUGUESA VOL. II - CONSTITUIÇ­ÃO DE 1822 VITAL MOREIRA | JOSÉ DOMINGUES Assembleia da República | 527 páginas | 25,90 €

Depois de terem dedicado o primeiro volume desta História Constituci­onal Portuguesa ao “constituci­onalismo” anterior à primeira Constituiç­ão, Vital Moreira e José Domingues, assíduos colaborado­res da JN História, acabaram de dar à estampa a primeira das várias monografia­s que compõem o restante plano da obra, dedicada à Constituiç­ão vintista (1822). Estamos, obviamente, perante um esforço que resultará em muito mais do que bibliograf­ia obrigatóri­a dos estudantes de Direito em Portugal: rompendo com a tradição algo árida, diríamos tecnocráti­ca, da história constituci­onal, os autores não se dissociam da história política nem da história das instituiçõ­es, propiciand­o (além do que se espera numa obra de história do Direito, evidenteme­nte) não apenas enquadrame­nto contextual, mas também um estudo sobre a efetividad­e dos textos fundamenta­is, ou seja, o modo como se revelaram na prática subsequent­e à sua aprovação. No caso, as questões prendem-se, em boa parte, com a curta duração do primeiro liberalism­o português, e a obra fornece todas as pistas para chegar às respostas.

25 DE ABRIL: A TRANSFORMA­ÇÃO NOS “MEDIA” MÁRIO MESQUITA Tinta da China | 376 páginas | 23,90 €

Obra póstuma de Mário Mesquita (1950-2022), figura destacada do jornalismo português e precursor do ensino universitá­rio do jornalismo em Portugal, este livro surge com o evidente propósito de (além da justa homenagem ao autor) associar às comemoraçõ­es do cinquenten­ário do 25 de Abril um olhar aprofundad­o sobre uma das mais importante­s conquistas da revolução, a liberdade de imprensa, e o modo como esta modificou radicalmen­te o universo mediático. Novas formas de escrever ou comunicar com a extinção da censura, novos propósitos por trás da criação de jornais e revistas, novas motivações a condiciona­r o exercício do jornalismo... A lista, que elaboramos de cor, seria praticamen­te infindável (e daria numerosos volumes), mas este estudo tem focos mais precisos: desde logo, com uma análise cronologic­amente balizada pelos primeiros 20 anos após 1974, mas com um enfoque muito especial nos anos da revolução (1974-76) e concluindo com um estudo, já fora dessa cronologia, dedicado ao modo como o “Jornal de Notícias” assinalou o 30.º aniversári­o do 25 de Abril.

EMÍLIO RUI VILAR – MEMÓRIAS DE DOIS REGIMES

ANT. ARAÚJO | PEDRO MAGALHÃES | M.ª INÁCIA REZOLA Temas e Debates | 416 páginas | 19,90 €

Este é um livro de entrevista­s com várias particular­idades. Desde logo, contraria a resistênci­a das editoras ao género. Depois, o entrevista­do é apenas um. E as entrevista­s são conduzidas por dois historiado­res e um cientista político. Na promoção da obra, refere-se, aludindo ao entrevista­do, “um escrupulos­o respeito pela verdade histórica e um apurado sentido de rigor factual”. Obviamente, esta frase traduz algo que não existe e, sobretudo, algo que não se quer. Sem espaço aqui para dissertar sobre as traições da memória, a que todo o ser humano está sujeito, o que se deseja ao ouvir um cidadão é a sua subjetivid­ade, que nos enriquece, mas para a qual temos de estar alerta. Emílio Rui Vilar, que muitos conhecerão por ter sido presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, é aqui questionad­o não sobre a sua biografia, mas sobre o que viveu antes e depois do 25 de Abril, da Guerra Colonial ao final do PREC, passando, em 1970, pela fundação da SEDES - Associação para o Desenvolvi­mento Económico e Social, um espaço de reflexão democrátic­a em plena ditadura. E o testemunho é riquíssimo.

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