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ESTADO DE EMERGÊNCIA

- Susana Romana

Bem-vindos ao primeiro fim de semana em muito tempo no qual não estamos em estado de emergência. É mais uma bonita tradição portuguesa que se perde, como o cavaquinho ou as rendas de bilros. Um dia os mais novos já não vão ligar a isto de ter de almoçar rancho ao sábado às dez da matina porque o restaurant­e vai fechar à uma.

Esta semana foi pautada por boas notícias, o que na verdade uma pessoa já estranha. Ouvimos falar em vacinação a bom ritmo, no consenso na reunião do Infarmed, que no início do verão até já há imunidade. E tudo isso é bizarro, porque estamos sempre muito mais habituados ao pessimismo. Não se arranja um meteorito ou assim só para a malta se entreter?

Se em setembro já não tivermos casos, com o previsto, quer dizer que a covid-19 é como os caracóis: já não está na época se o mês tiver a letra R (não confundir com o fatídico Rt).

Segundo as mais recentes previsões, setembro é também o mês no qual esta que vos escreve será vacinada. Alguém me sabe dizer se o chip do Bill Gates apita nos detetores de metais? Só para estar prevenida ou não ficar preocupada se arrotar a alumínio.

Numa altura em que se assinalam as três milhões de doses de vacinas administra­das, são já dois terços dos portuguese­s que dizem confiar na inoculação e que a pretendem tomar assim que seja possível. Também estou neste lote. Acredito mais na vacina do que a Cristina Ferreira acredita nela própria, só para verem.

Foi inaugurado em Oeiras um obelisco no meio do Parque dos Poetas. Custou 600 mil euros ao Município de Isaltino Morais. Eu achei o máximo, porque tinha percebido que era um Obélix e adoro banda desenhada. Afinal, é só um enorme monumento fálico, que ao menos simboliza bem o ato menos decoroso que Isaltino anda a fazer, para variar, aos cofres estatais.

A obra faraónica é apresentad­a como “um símbolo de liberdade e da democratiz­ação da Cultura”. Numa altura em que tantos profission­ais da Cultura passam fome, parece-me de facto um gasto impecável de dinheiro nesse setor. Dá um nadinha de sombra se esses profission­ais tiverem de recorrer a dormir ao relento, por exemplo.

Duarte Lima vai ser julgado em Portugal pelo caso do homicídio de Rosalina Ribeiro. O ex-deputado do PSD preferia ser julgado no Brasil, alegando que, com o julgamento a decorrer em Portugal, seria mais difícil à defesa do ex-líder parlamenta­r produzir prova, uma vez que haveria dificuldad­es, por exemplo, em ouvir testemunha­s que estão no Brasil. Apresento-vos assim a única pessoa que depois de 15 meses de pandemia ainda não ouviu falar no Zoom.

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