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Pandemia destapa violação de Direitos Humanos
A covid-19 pôs o país a olhar para Odemira e a pasmar-se com uma realidade gritante. Milhares de imigrantes a viver em condições desumanas e suspeitas de tráfico humano. O Governo decretou cerca sanitária em duas freguesias e a requisição civil de um resort, onde também há casas particulares, e instalou-se a indignação. AMONTOADOS EM CONTENTORES EXÍGUOS
Não é uma realidade nova, mas só agora ficou escancarada. Milhares de imigrantes, a maioria do Nepal e da Índia, chegam para trabalhar na agricultura e encontram condições deploráveis. Muitos entram com visto turístico e ficam ilegalmente. Há empresas de mão de obra temporária que ficam com parte dos salários e alojam-nos em contentores, onde ficam amontoados, às dezenas, em espaços pequenos, sem água quente ou qualquer comodidade.
TRÁFICO HUMANO EM INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público de Odemira tem em curso 11 inquéritos sobre auxílio à imigração ilegal para efeitos de exploração laboral, e todos estão em investigação, segundo o diretor da Polícia Judiciária nacional. Também o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras tem 32 inquéritos no Alentejo, seis dos quais em Odemira, pelos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e angariação de mão de obra ilegal.
REQUISIÇÃO CIVIL DE RESORT CONTESTADA
A saúde pública é a prioridade e o Governo decretou cerca sanitária em duas freguesias (São Teotónio e Longueira/almograve) e a requisição civil de alguns edifícios, incluindo o empreendimento Zmar. Neste resort, em insolvência, há 260 casas, das quais 160 são de particulares (primeira e segunda habitação). O advogado que representa os proprietários garante que a medida viola a Constituição e avançou com uma ação contra a requisição civil.
“Infelizmente, pode haver mais clandestinos do que pensávamos. Temos de apurar o que há de ilegal e se há algo de criminoso. Não podemos explorar a mão de obra imigrante, temos de a tratar de forma humana, com a dignidade que vem na nossa Constituição”