Elogio a Erich Korngold
O violinista Bruno Monteiro e o pianista João Paulo Santos, com o violoncelista Miguel Rocha, regressam a Erich Korngold, para agora lhe dedicarem um programa por inteiro, com o Trio em Ré maior, Op.1, e a Sonata para violino e piano em Sol maior, Op.6.
São obras iniciais e também excecionais de um compositor que o século XX acabou por esquecer ou resumir ao cinema para o qual compôs, mas que nas duas últimas décadas conheceu momentos de resgate, dos quais emergiu uma obra única, original, multifacetada, uma das mais importantes do seu tempo. Este álbum é mais uma demonstração desse génio.
Erich Wolfgang Korngold nasceu em 29 de maio de 1897, numa família judia, em pleno império Austro-Húngaro, na atual cidade checa de Brno. A ascensão do nazismo, na Alemanha, levou-o para os Estados Unidos, onde compôs sobretudo para cinema, em particular nas décadas de 1930 a 1950. É ele o autor de bandas sonoras de filmes como “Sonho de Uma Noite de Verão”, de William Dieterle, “Captain Blood” e “Gavião dos Mares”, de Michael Curtiz, entre muitos mais. Foi nomeado para os Óscares por diversas vezes, e conquistou dois: um por “As aventuras de Robin Hood”, outro por “Isabel de Inglaterra”, ambos de Curtiz.
Menino-prodígio, muitas vezes comparado a Mozart, Korngold vale por si mesmo. Atingiu muito cedo a maturidade artística. Destacou-se na obra sinfónica e concertante, mas as suas canções e composições para formações de câmara guardam alguns dos seus maiores tesouros. É o caso.
O Trio Op.1 data de 1910, foi estreado em Berlim, tocado na altura em Viena e Nova Iorque por músicos como Arnold Rose e Bruno Walter. Korngold tinha 13 anos e Alexander Zemlinsky era um dos seus mestres. A riqueza da escrita para piano, a sofisticação das cordas destacam-se desde o primeiro andamento. A Sonata Op.6 vem de dois anos mais tarde. A obra é dedicada aos seus primeiros intérpretes, o violinista Carl Flesch e o pianista Artur Schnabel. Assimila por inteiro as complexidades do romantismo tardio alemão, e não hesita perante perspetivas que a modernidade então abria.
Bruno Monteiro, João Paulo Santos e Miguel Rocha fazem justiça à escrita do compositor.
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