Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires
Lisboa é a convidada da Feira do Livro de Buenos Aires, que decorre entre os 25 de abril e 13 de maio. A capital portuguesa será representada por uma embaixada de quatro dezenas de escritores, ilustradores, editores, músicos e artistas. O programa cultural, com curadoria de Carla Quevedo e um orçamento de 500 mil euros, inclui cerca de 90 iniciativas, entre debates, apresentações de livros, concertos, exposições e sessões de cinema. Na bagagem também seguem 700 títulos, comprados a livrarias independentes de Lisboa. Estarão à venda, por um livreiro argentino, no Pavilhão de Lisboa que, cedido pela feira, terá 200 metros quadrados e espaço para um auditório e outros locais para leitura e escuta. As sessões que envolvem escritores portugueses e, em alguns casos, argentinos, decorrem neste pavilhão, mas o programa cultural também passa pelo Teatro San Martín ou a Biblioteca Nacional de Buenos Aires.
A abertura da Feira, a 25, é antecedida por umas jornadas profissionais direcionadas a editores e agentes. Nesse âmbito, será apresentado a nova linha de apoio à tradução da DireçãoGeral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e um catálogo da Imprensa Nacional com dez autores que ainda não foram traduzidos na Argentina.
“Lisboa, Cidade inspiração” é o mote da participação portuguesa, que no programa cultural conta com vários parceiros, nomeadamente a Casa Fernando Pessoa, Fundação José Saramago e Fundação Calouste Gulbenkian.
“A programação tem duas linhas orientadoras, a cidade de Lisboa e a criação literária, que se concretiza na apresentação de autores de diferente géneros, estilos e gerações”, adianta, ao JL, Carla Quevedo. De consagrados a novos autores, de poetas a romancista, de humoristas a ensaístas, a oferta é grande. E, muitas vezes, surpreendente. Na abertura, a 25, por exemplo, Júlia Barata, ilustradora há muito radicada em Buenos Aires, orienta uma oficina de Banda Desenhada a partir de poemas de Alexandre O’Neill. A jornada inaugural é ainda marcada pela apresentação de Pão de Açúcar, de Afonso Reis Cabral, e a mesa de abertura “Lisboa como cidade de inspiração”, com André Letria, Sara Feio, Frederico Pedreira, Rosa Oliveira, Afonso Reis Cabral, Júlia Barata e Filipe Abranches. Também a 25 abrem três exposições: Alameda, de André Letria e Sara Feio, sobre as cidades de Lisboa e Buenos Aires; Fernando Pessoa, organizada pela casa do poeta; e Futuro - Mostra Internacional de Ilustração, com trabalhos de artistas nacionais e argentinos. Haverá ainda uma mostra sobre Livros de Artista da Biblioteca de Arte da Gulbenkian, na Biblioteca Nacional Mariano Moreno, a partir de dia 2. A 6, abre, na Biblioteca do Congresso, a exposição sobre Direitos Humanos Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra e a iniciativa, da
Fundação José Saramago.
Nos primeiros dias da feira realizam-se sessões ainda com José Luís Peixoto, Afonso Cruz, Ana Pessoa, José Rodrigues dos Santos, André Tecedeiro e Ricardo Araújo Pereira.Alguns deles vão estar à conversa com, entre outros autores argentinos, Maria Wernicke, Alejandro Vaccaro, Miguel Rep, Isol Milenta e Claudia Piñero.
A partir de dia 1, cuja programação o JL detalhará na próxima edição, num dossier especial que dedicará à presença de Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires, participam ainda Yara Nakahanda Monteiro, Isabel Stilwell, Pedro Mexia, Lídia Jorge, Bruno Vieira Amaral, Duarte Azinheira, Cláudio Garrudo, Francisco José Viegas, João Ribeirete, Joana Estrela, João Pedro Vala, Susana Moreira Marques, Ana Cláudia Santos, Joana Bértholo, Isabela Figueiredo, Maria Inês Almeida ou António Pinto Ribeiro.
Num programa próprio, a Casa Fernando Pessoa promove várias mesas sobre o universo pessoano: “Fernando Pessoa internacional”, com Jerónimo Pizarro, Caio Gagliardi,
António Saez Delgado e Santiago Kovadloff (a 27); “A razão de publicar-se - planos e projetos de Fernando Pessoa”, com Joana Matos Frias, Pedro Sepúlveda e Jorge Uribe (a 7); e “Quem é Fernando Pessoa?”, com Patricio Ferraria e Clara Riso (a 8 de maio). Por seu turno, a Imprensa Nacional participa em mesas sobre a edição de clássicos e a coleção Comunidades Portuguesa.
Na música, concertos de Lisbon Poetry Orchestra (a 27); Rodrigo Leão (a 4); Ana Lua Caiano (a 5), Artur Pizarro (a 6); Expresso Transatlântico (a 9); e Gaspar Varela (a 10). E, numa mostra de cinema, no Teatro San Martín, entre 30 de abril e 5 de maio, filmes de Rosa Coutinho Cabral, Eduardo Brito, Edgar Pêra, Fernando Vendrell, Manuel Mozos ou João Botelho. “A participação de Lisboa na Feira do Livro de Buenos Aires não é um episódio avulso, como que uma mera resposta de cortesia a um muito honroso convite a que nos sentimos obrigados a dar o melhor de nós”, sublinha Diogo Moura, vereador da autarquia lisboeta. “É, na verdade, a afirmação plena da nossa estratégia para a Cultura.” Já Carlos Moedas, presidente do município, estabelece um objetivo: “Deixar uma marca em Buenos Aires, ou seja, sair da Feira com mais autores portugueses lidos e traduzidos na Argentina.”
Organizada pela Fundação El Libro, a Feira do Livro de Buenos Aires é a quinta maior do mundo e a terceira da América Latina, tendo recebido no ano passado cerca de um milhão e 200 mil visitantes. Ao contrário de feiras semelhantes, a de Buenos Aires homenageia cidades, e não países. Este destaque no universo da língua espanhola acontece seis anos depois de Portugal ter sido o convidado de honra da Feira do Livro de Guadalajara.