Mark Fisher
Constructos, Flatline – Materialismo gótico e teoria-Ficção cibernética éo título do livro de Mark Fisher, que resultou da sua tese de doutoramento. Talvez o mais importante livro de Fisher. “Flatline”, lembra Fisher, “assinala um termo prosaico para a leitura do eletroencefalograma (EEG) que indica a morte cerebral”, uma “representação, nos monitores digitais, do nada, da não atividade”; termo fundamental do livro Neuromante de William Gibson, uma das referências de Fisher. No livro de Gibson há uns “flatline”, personagens que são só informação e memória de pessoas mortas – e mais umas coisas. (O depois da morte existe, pois, em termos de informação. Isso sempre foi evidente, mas agora a tecnologia aumentou brutalmente essa memória pós-morte.)
Flatline é, então, um dos termos centrais deste livro de Fisher, um livro de um inventor de pensamento.
Mark Fisher foi um escritor, “blogger e filósofo marxista”, assim é normalmente apresentado. Em Portugal, a excelente VS Editor, está a publicar a sua obra.
Fisher mistura ficção científica e Deleuze, Marx e o capitalismo com o ciberpunk, a música, livros e delírios. Suicidou-se em 2017, com 48 anos. Um dos seus livros inclui vários textos sobre as suas depressões recorrentes. O seu blog k-punk tornou-se quase mítico.
Neste livro, Constructos, Flatline, num diálogo potente, por exemplo, com Baudrillard, Mark Fisher está em absoluta liberdade saltitante de pensamento.
E o facto deste livro resultar de uma tese académica – defendida na Universidade de Warwick em 1999 - é notável e exemplar: da universidade ainda vêm bombas teóricas como esta. Está a fazer 25 anos e continua a explodir.