Portugal, uma História no Feminino
Com o título acima, este livro de Ana Rodrigues Oliveira dá-nos o essencial das biografias e dos percursos, em capítulos separados, de 30 mulheres que, muito famosas ou só conhecidas em círculos relativamente restritos, deixaram, mais ou menos, uma “marca” no país. E além das outras referidas a seu propósito, há as que aparecem também em quatro capítulos que têm por designação comum “Entre reinos e reinados” (1357/1367, 1383/1385, 1428/1481, 1557/1640). A ordem seguida é cronológica, e mulheres apresentadas/estudadas vêm de Teresa de Leão e Castela (1078/91?- 1130), a mãe de D. Afonso Henriques, até Maria de Lourdes Pintasilgo (1930-2004), a única chefe de Governo que Portugal teve até hoje. Pelo meio, claro, estão, sobretudo, muitas rainhas, que por uma razão ou outra particularmente se distinguiram, no bom ou mau sentido…
Após a última rainha, D. Amélia, é curioso ver quem são as mulheres ‘escolhidas’ por Ana Rodrigues Oliveira – profª da FCSH da Un. Nova de Lisboa, já com numerosos trabalhos publicados. Assim, temos: Carolina Beatriz Ângelo (1878-1911), uma lutadora pela República e pelos direitos das mulheres, incluindo o de voto; Maria Lamas (1893-1983), outra lutadora feminista e anti-fascista, jornalista, autora da precursora e famosa obra As mulheres do meu País, recentemente reeditada e muito falado; Maria dos Santos Guardiola (1895-1987), uma fiel apoiante de Salazar, que foi deputada e comissária nacional da Mocidade Portuguesa feminina; Maria Teresa Lobo (1929-2018), a primeira mulher a integrar, com Marcelo
Caetano, um governo da ditadura, como subsecretária de Estado da Saúde; Maria Archer (1899-1982), escritora progressista, feminista, opositora de Salazar; Miquelina Sardinha (1902-1966), combatente sindicalista de orientação anarquista; Mª Isabel Aboim Inglês, docente universitária demitida pela ditadura, primeira mulher a pertencer à Comissão Central do MUD e de outras organizações democráticas, várias vezes presa; Cecília Supico Pinto (1921-2011), também conhecida por Cilinha, ativa salazarista, fundadora e presidente do Movimento Nacional Feminino, de “apoio” à guerra colonial e aos soldados que nela combatiam; e, por último, como se disse, Maria de Lourdes Pintasilgo, que foi também a primeira mulher a ser ministra e candidata a Presidente da República.
Na “introdução” a autora sublinha designadamente que a “obra não é exaustiva, muitas outras mulheres com idênticos percursos ficaram por referir. Sirva ela para incentivar a continuação deste caminho”.