“Há perspetiva de negócio internacional grande na OGMA”
João Gomes Cravinho diz esperar fazer este ano um anúncio muito significativo sobre um acordo de fornecimento grande com a OGMA.
Disse que nas indústrias de defesa uma participação minoritária do Estado permite uma influência muito grande. É o que acontece na OGMA?
Na OGMA temos um diálogo muito importante com o Brasil e a Embraer não está minimamente interessada em ter 100% do capital. Tem 65%, gosta muito da parceria connosco, não porque levamos lá os nossos aviões, porque isso só representa 3% ou 4% do negócio da OGMA, mas porque temos uma capacidade de interlocução que eles sozinhos nunca teriam.
O facto de a Boeing ter abortado o negócio de compra da Embraer tem algum impacto na OGMA?
Não, porque a OGMA já estava excluída desse negócio, por pertencer ao pilar militar da Embraer. Agora, o negócio da Boeing poderia ter sido muito interessante noutro sentido, que eu acredito que se recupere, que são as fábricas de Évora que pertencem ao pilar da aviação comercial da Embraer. A Boeing passaria a ser dona de 80% dessas duas fábricas, o que abriria algumas possibilidades. Acredito que daqui por um ano ou dois toda essa potencialidade do negócio da aviação regresse.
No início deste ano previa que a OGMA pudesse dar um salto muito grande em 2020. A pandemia pôs isso em causa?
Mantenho aquilo que disse, com um deslize de dois, três meses, devido à pandemia. Temos em perspetiva na OGMA um salto qualitativo muito grande em virtude de um negócio internacional muito significativo, mas os pormenores não estão completamente fechados porque surgiu a pandemia. De qualquer forma o negócio mantém-se, está é com um horizonte um pouco diferente.
É entrada no capital?
Não. É um acordo de fornecimento grande e espero fazer este ano um anúncio muito significativo a esse respeito.
Está a falar da área militar?
Não. Não posso dizer mais. A aviação é um setor muito difícil porque as empresas estão muito condicionadas pelo imediato mas a pensar a médio-longo prazo por causa do volume dos investimentos, mas com contingências terríveis como verificamos agora. Estou confiante de que a pandemia não altera nada de substantivo.
“A Embraer não está minimamente interessada em ter 100% da OGMA.”
“O negócio da Boeing poderia ter sido muito interessante.”