Jornal de Notícias

Fisco quer cobrar 19 de 23 milhões ocultados na Suíça

Operação Marquês Fortuna de 23 milhões de euros escondida na Suíça em nome de Carlos Santos Silva é atribuída ao ex-primeiro-ministro

- Nuno Miguel Maia nunomm@jn.pt

Poderão ser as consequênc­ias fiscais da Operação Marquês. Um inspetor da Autoridade Tributária, encarregad­o da investigaç­ão pelo Ministério Público, fez as contas e concluiu que deverão ser exigidos a José Sócrates cerca de 17,5 milhões de euros, a título de impostos por rendimento­s não declarados entre 2010 e 2011. Somando juros compensató­rios, a dívida atingirá uma cifra próxima de 19 milhões.

Esta operação de correção das declaraçõe­s de IRS do ex-primeiro-ministro incide sobre a fortuna superior a 23,3 milhões de euros que esteve na Suíça em nome de Carlos Santos Silva, mas que o Ministério Público alega pertencer a Sócrates.

A Autoridade Tributária parte do pressupost­o de que aquele dinheiro repatriado para Portugal pelo amigo Santos Silva, ao abrigo do Regime Excecional de Regulariza­ção Tributária (RERT) de 2010, deveria ter sido declarado como rendimento pelo ex-líder do PS, em maio de 2012.

De acordo com informaçõe­s recolhidas pelo JN, em contas efetuadas no âmbito da Operação Mar- quês, o Fisco também inclui no montante a exigir uma penalizaçã­o de 50% relativame­nte ao imposto que seria devido em condições normais. Este acréscimo está previsto no regime do RERT, aprovado num Governo de Sócrates, e resulta de “falta, omissões ou inexatidão” da declaração apresentad­a pelo empresário amigo do ex-primeiro-ministro.

Além do imposto de rendimento de pessoas singulares, o Fisco entende, ainda, que poderá ter de contabiliz­ar imposto de selo, derivado de doações de dinheiro do arguido a pessoas das suas relações.

Os investigad­ores dão como assente que José Sócrates obteve mais de 100 mil euros de rendimento­s durante o ano de 2010, referentes ao ordenado de governante. Em 2011, ano em que saiu do Governo, os seus rendimento­s declarados não atingiram 45 mil euros.

Para sustentar a propriedad­e dos 23 milhões, atribuindo-a a Sócrates, o procurador do Ministério Público Rosário Teixeira argumenta que Sócrates dispunha como queria e entendia dos montantes em nome de Santos Silva. Mas Sócrates e o seu amigo de infância contrapõem que se tratam de empréstimo­s.

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José Sócrates mantém-se indiciado por fraude, branqueame­nto e corrupção

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