Jornal de Notícias

Birdman brilha na noite dos Óscares

Filme de Alejandro González Iñárritu conquistou quatro prémios, tantos quantos “Grand Budapest Hotel” Apontado como grande favorito, “Boyhood” foi o principal derrotado, com apenas uma estatueta

- João Antunes cultura@jn.pt

Um vencedor (“Birdman”) e um grande derrotado (“Boyhood”) dominaram a edição deste ano dos Óscares, na qual “Grand Budapest Hotel” surpreende­u, ao conquistar um total de quatro estatuetas douradas.

Quando se esperava que a grande luta pela conquista dos Óscares se dirimisse entre “Grand Budapest Hotel” e “Boyhood: momentos de uma vida”, vencedores dos Globos de Ouro nas categorias de drama e comédia ou musical, a Academia premiou o filme do realizador mexica- no Alejandro González Iñárritu, que não só obteve o Óscar mais desejado, o de melhor filme do ano, como lhe juntou outras duas estatuetas das mais nobres, realização e argumento, além de fotografia.

Em “Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância”), um Michael Keaton renovado, mas sempre genial é um velho ator de filmes de ação caído no esquecimen­to que, para voltar à ribalta e recuperar família e amigos, tenta montar uma peça na Broadway. Mas o que pode correr mal vai mesmo correr mal.

Assim, às histórias de vida que dominavam este ano a lista dos candidatos, a Academia preferiu a fantasia e a loucura, premiando ao mais alto nível o trabalho de um dos mais importante­s autores do cinema contemporâ­neo, um mexicano que tem trabalhado dos dois lados da fronteira, assinando filmes notáveis como “Amor cão”, “21 gramas” ou “Babel”.

Após os habituais agradecime­ntos e com toda a equipa do filme no palco, Iñárritu dedicou o prémio a todos os mexicanos que vivem no seu país e sobretudo aos que, vivendo nos Estados Unidos, sofrem ainda de discrimina­ção, fazendo votos para que sejam tratados como os da primeira geração que partiu para, nas suas palavras, “criar este grande país de imigrantes”.

Por seu lado, o intérprete e compositor John Legend, vencedor do único Óscar para “Selma” (melhor canção), referiu que “Selma é agora, não há 50 anos. A luta pela justiça é agora. Vivemos no país mais encarcerad­o do Mundo. Há hoje mais negros em prisões e instituiçõ­es de correção do que havia escravos em 1850”.

Também o jovem Graham Moore, vencedor da única estatueta para “O jogo da imitação”, premiando o melhor argumento adaptado, aproveitou o tempo que lhe foi concedido para aumentar a moral de quem se sente diferente, confessand­o que aos 16 se tentara matar, “porque me sentia esquisito e diferente. E agora estou aqui”, disse. Dentro desta linha, não dei- xa de ser significat­ivo que o Óscar de melhor documentár­io tenha sido entregue a “Citizenfou­r” sobre o caso Snowden.

Sem grandes surpresas

Se “Birdman” foi o grande vencedor, “Grand Budapest Hotel” leva o prémio de consolação, conseguind­o também quatro estatuetas, embora nas categorias ditas técnicas. Nesse sentido, o outro grande triunfador foi “Whiplash – Nos limites” que, além do já esperado Óscar de melhor ator secundário, para J.K. Simmons, ganhou ainda na montagem e na mistura de som. “Sniper americano”, apesar do imenso sucesso de bilheteira, ficou-se pelo Óscar de montagem de som.

Sem grandes surpresas, Julianne Moore e Eddie Redmayne são os atores do ano, conquistan­do os únicos Óscares, respetivam­ente, para “O meu mome é Alice” e “A teoria de tudo”.

Neil Patrick Harris, novo apresentad­or da noite dos Óscares, até começou bem, com um excelente número de abertura, mas depois o que os guionistas de serviço da Academia lhe deram para fazer pouco mais foi do que anunciar as diversas personalid­ades munidas dos milagrosos envelopes, em tiradas antecedida­s por piadas nem sempre conseguida­s. Quando se tenta ter graça e a plateia não reage, é mau sinal. Em resumo, não fez esquecer Ellen DeGeneres.

Como sempre, um dos momentos mais emotivos foi a memória dos que partiram no último ano, apresentad­a por Meryl Streep. E, surpresa das surpresas, Lady Gaga cantou, e bem, alguns temas de “Música no coração”, que festejou o cinquenten­ário do seu triunfo nos Óscares, antes de chamar ao palco a lendária Julie Andrews.

Sem grandes rasgos, cumpriu-se a 87.ª edição da noite mais longa em Hollywood. A corrida para os Óscares número 88 já começou, no passado dia 1 de janeiro.

 ?? LUCY NICHOLSON / REUTERS ?? Julianne Moore conquistou finalmente a estatueta, depois de quatro outras nomeações
LUCY NICHOLSON / REUTERS Julianne Moore conquistou finalmente a estatueta, depois de quatro outras nomeações
 ?? MIKE BLAKE / REUTERS ?? Alejandro Gonzalez Iñárritu , melhor realizador
MIKE BLAKE / REUTERS Alejandro Gonzalez Iñárritu , melhor realizador
 ??  ?? Eddie Redmayne ficou
Eddie Redmayne ficou
 ??  ??
 ?? LUCY NICHOLSON / REUTERS ?? u incrédulo com a vitória
LUCY NICHOLSON / REUTERS u incrédulo com a vitória

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal