Sapatos “made in” FEUP para paralisia cerebral
Alunos da Faculdade de Engenharia criam soluções ortopédicas com design
RITA , cujo sorriso dá nome a uma associação, contou um dia que tinha muita dificuldade em encontrar sapatos bonitos, confortáveis e adequados às suas necessidades. A confidência chegou aos ouvidos de Lígia Lopes, professora do mestrado de Design Industrial e de Produto da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que desafiou a turma a resolver o problema de Rita e de muitas outras pessoas com paralisia cerebral.
O projeto, que nasceu de uma conversa do acaso, teve o apoio imediato da cantora Rita Redshoes, convidada a apadrinhar o “cerebral palsy. design project 2015” porque o seu nome – o artístico e o apelido verdadeiro (Pereira) – tem tudo a ver com a Rita, o rosto da associação de solidariedade social Sorriso da Rita.
Os cerca de 20 alunos do curso de mestrado (parceria da FEUP e da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto) receberam ontem o desafio e até hoje à tarde têm de apresentar um conceito dos modelos a desenvolver. Para isso, vão contar com a experiência de alguns professores da área e com a ajuda de pessoas com deficiência. Depois, têm seis meses para des- envolver os sapatos que devem associar o design às soluções ortopédicas adequadas.
“Normalmente os produtos para a área da deficiência são feios, confortáveis mas feios. Há ideia de que as pessoas gostam de tudo preto para ser discreto, mas não é assim. A Rita tem uma cadeira de rodas vermelha e usa sapatos vermelhos”, exemplifica Lígia Lopes que espera ter, em novembro, cerca de 12 modelos de sapatos para apresentar. “Espero com isto também chamar a atenção para esta problemática”, acrescentou a docente.
A empresa de calçado Klaveness, marca norueguesa com fábrica em Vila Nova de Gaia, já manifestou disponibilidade para produzir os modelos criados pelos estudantes, adiantou Lígia Lopes.