Jornal de Notícias

“ROBIN DOS BOSQUES” DO BPN A UM PASSO DA CADEIA

Ministério Público pede entre um e quatro anos de prisão efetiva para gerente acusado de desfalque de três milhões

- Alexandre Panda policia@jn.pt mais critérios para escolher os seus dirigentes”, afirmou.

O procurador do Ministério Público pediu a condenação a pena efetiva de prisão do exgerente do BPN de Gandra, Paredes, que esta a ser julgado por ter desfalcado em três milhões o banco para beneficiar clientes. Chamou-lhe “Robin dos Bosques”.

Artur Alho, antigo gerente da agência do BPN de Gandra, está a ser julgado no tribunal de Penafiel por ter, alegadamen­te, criado um buraco de cerca de três milhões de euros nas contas do banco, para beneficiad­o clientes com juros acima dos praticados no mercado. Confessou grande parte dos crimes, mas sublinhou sempre que nunca ficou com um cêntimo do banco e que apenas quis que a agência mostrasse bons resultados.

“Todos os crimes ficaram provados. O arguido lesou o banco em quase três milhões de euros. Podia-se dizer que foi quase um ‘Robin dos Bosques’, que tirou do banco para dar aos pobres. Mas os prejuízos foram grandes e os créditos são impossívei­s de recuperar”, considerou o procurador, Abílio Campos.

Estas palavras até podiam indiciar alguma benevolênc­ia por parte do procurador, mas Abílio Campos não tem dúvidas de que, “apesar da confissão, se o tribunal condenar o arguido a uma pena efetiva de prisão de entre um e quatro anos, fará inteira justiça”.

Nas suas alegações finais, este magistrado também deixou uma recomendaç­ão aos bancos. “Deveriam talvez ter

“Exagero”, diz a defesa

Para o advogado que defende Artur Alho, a pena de prisão efetiva é um exagero, porque o arguido até colaborou com o banco na tentativa de recuperar os valores dos juros de depósitos pagos indevidame­nte.

“Não tirou benefícios próprios. Limitou-se a ajudar clientes em incumprime­ntos. Foi tirando de umas constas para colocar noutras, e tinha a esperança de que viessem a repor o dinheiro. Tem um arrependim­ento sério. Sabe que fez mal. Uma pena efetiva de prisão não nos parece adequado”, disse Nuno Barros, que também manifestou sérias dúvidas sobre o valor total do desfalque .

Artur Alho está acusado dos crimes de burla e de infidelida­de por ter pago, durante cerca de dez anos – período em que esteve à frente da agência do BPN de Gandra –, altas taxas de rendimento­s a alguns clientes, recorrendo a dinheiro retirado de contas de outros. A estes clientes, o banco, que se constituiu assistente no processo, teve de pagar os desfalques.

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ALEXANDRE PANDA Artur Alho diz que nunca ficou com um cêntimo do banco

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