Jornal de Notícias

Jovem diz que não se apercebeu de atropelar mulher mortalment­e

Grupo seguia em dois carros e fugiu do local do acidente sem ajudar a vítima

- Salomé Filipe* policia@jn.pt * LUSA

“ESTAVA tudo escuro. Não me apercebi de nada. Só senti o estrondo”. João Paulo Maio, de 23 anos, justificou assim, ontem, em tribunal, o que aconteceu na madrugada de 11 de agosto de 2013, quando atropelou mortalment­e Paula Maria Santos, de 47 anos, em Taboeira, Aveiro.

Ao lado de João Paulo, seguia um amigo e, noutra viatura, mais dois. Nenhum dos quatro jovens, com idades entre os 20 e os 24 anos, prestou auxílio à vítima, que morreu após ser projetada cerca de 40 metros. No tribunal de Aveiro, respondem agora pelos crimes de condução perigosa de veículo rodoviário e omissão de auxílio. João Paulo responde, também, por homicídio por negligênci­a.

Os quatro amigos teriam passado a noite na zona de bares da Praça do Peixe, no centro da cidade e, depois, pelas 4.35 horas, decidiram ir a uma padaria, deslocando-se em duas viaturas. Jorge André Oliveira, que conduzia uma das viaturas, alega que ao passar junto ao armazém da JOM viu uma pessoa no meio da via e guinou o carro para se desviar, acabando por rodopiar e ficar virado ao contrário. “Fiz inversão de marcha e retomei o meu caminho”, afirmou em tribunal. Só terá parado alguns metros à frente, “depois de ouvir um estrondo”.

O “estrondo” ouvido terá sido provocado pelo embate do carro de João Paulo com o corpo de Paula Santos. João explicou aos juízes que, após sentir o embate, imobilizou o carro ao lado do de Jorge André, mas que antes do embate não tinha visto o carro do amigo a desviar-se.

“Entrámos em pânico”

Nenhum dos quatro jovens saiu do carro para ir ver o que tinha acontecido. “Naquele momento, começámos a meter as mãos à cabeça e a entrar em pânico”, adiantou, ainda, João Paulo Maio.

O responsáve­l pelo atropelame­nto só se entregou à PSP mais de cinco horas após o acidente, juntamente com dois dos amigos que seguiam em grupo. Assumiram que naquela noite tinham bebido.

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TONY DIAS / GLOBAL IMAGENS João Paulo Maio foi um dos arguidos que esconderam o rosto à saída da sala de audiências.

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