“Palito” já violara duas vezes proibição de se chegar à ex-mulher
Peritos que controlavam pulseira eletrónica detetaram duplo desrespeito no mês do crime
NO MESMO MÊS em que cometeu os crimes, Manuel Baltazar, de 61 anos, conhecido por Palito, que era vigiado por pulseira eletrónica para manter uma distância de 400 metros para a ex-mulher, já tinha violado a medida duas vezes, testemunhou ontem, no tribunal de Viseu, Salomão Rodrigues, técnico da Direção-Geral de Reinserção Social e Serviços Prisionais.
“Palito” está acusado pelo Ministério Público de, a 17 de abril do ano passado, em Valongo dos Azeites, S. João da Pesqueira, ter disparado contra a tia da ex-mulher e a sogra, matando-as, e de ter ferido gravemente a ex-mulher e a filha.
Ontem, durante o julgamento, o técnico superior de reinserção social afirmou que depois de Baltazar ter sido condenado por um crime de violência doméstica, em finais de 2013, aproximou-se duas vezes da ex-mulher, dias antes dos crimes. A primeira a 3 de abril, às 23.20 horas. “Contactámos o arguido, que nos disse que estava perto da casa da ex-mulher porque ia tratar da transação de um trator. Dissemos que teria de se afastar e afastou-se”, explicou.
Dois dias depois, a 5 de abril, às 21.10 horas , “Palito” rein- cidiu na infração e voltou a dar a mesma justificação. Por causa destas violações, Manuel Baltazar ia ser ouvido no tribunal, a 17 de abril. “A audiência foi adiada porque o juiz queria ouvir-me, mas eu não tinha sido convocado para essa audiência”, testemunhou Salomão Rodrigues.
Este depoimento levou o advogado do alegado homicida, Manuel Rodrigues, a dizer aos jornalistas que, ontem, o seu cliente saiu “menos diabolizado”. Isto porque Angelina Félix, a ex-mulher, tem afirmado que “Palito”, a perseguia constantemente, depois de se terem separado, há cinco anos. Ontem, dois amigos de Baltazar afirmaram que este já havia desabafado que queria matar a ex-mulher, caso ela não voltasse para casa, e que também havia de matar a sogra e a tia.